Hoje eu gostaria de falar sobre um tema que tem trazido muitas oportunidades de reflexão. E, como já falamos anteriormente, a reflexão pode trazer mudanças e amadurecimento, significa percorrer o caminho do autoconhecimento para nos tornarmos cada vez mais inteiros ou “self”, como diz Jung.
Qual o significado da palavra família? Entende-se por família um grupo de pessoas vivendo em uma mesma casa e com uma ancestralidade comum.
Nessa simples definição começamos a perceber que “viver em uma mesma casa” tem um tempo determinado em diferentes culturas. Famílias brasileiras, em sua grande maioria, querem seus filhos sob o mesmo teto pelo máximo de tempo possível. Já em famílias americanas, os filhos costumam sair de casa entre os 16 e 18 anos de idade.
Exatamente nesse ponto, podemos começar a nossa reflexão. As famílias que querem seus filhos por mais tempo morando juntos, “família canguru”, fazendo uma referência aos filhotes que vivem na bolsa da mãe, amam seus filhos mais do que aquelas que permitem que eles saiam mais cedo de casa?
Quando pergunto isso, a primeira coisa que me vem à mente é: “quem sou eu para julgar”? Cada família sabe o que funciona melhor em seu núcleo. No entanto, é importante ressaltar que o amor não está relacionado ao fato de um filho morar com a família ou sozinho.
O amor está relacionado ao fato de permitirmos que o outro seja livre e responsável pelas suas escolhas, assim como ao fato de estarmos disponíveis para os momentos de necessidade. É importante enxergarmos no outro uma individualidade que busca se aperfeiçoar, compreendermos que cada ser é único e que a evolução é individual, mas que tudo que nos rodeia é ferramenta importante para essa evolução. Inclusive a família, porque ela não é nossa, no sentido possessivo da palavra.
O fato de nos apegarmos exageradamente aos nossos familiares pode gerar desequilíbrios internos grandes e a insegurança é um desses problemas. Muitas vezes, os pais acabam resolvendo e suprindo as necessidades de seus filhos, às vezes até mesmo antes que a necessidade surja e isso elimina qualquer tentativa de amadurecimento emocional. Essa superproteção acaba gerando uma baixa tolerância à frustração, retardando o processo evolutivo.
É importante pensarmos que cada um de nós tem um tempo para fazer as coisas e aprender com as próprias experiências é bastante eficaz. As relações familiares mais bem-sucedidas envolvem confiança, segurança, bem-estar, respeito às diferenças. Sentir-se “dono” das melhores escolhas para o outro, indica controle e superioridade, podendo gerar no outro insegurança e inferioridade.
Crianças que foram educadas dessa maneira, dificilmente conseguem tomar decisões na vida adulta, pelo simples fato de ainda não terem se tornado adultos. Faz-se necessário lembrar que a vida cobra certas posturas e quanto mais libertos formos, mais fácil responderemos todas as cobranças da vida.
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Portanto, cuidado exagerado e atenção excessiva não são sinônimos de amor. O equilíbrio e o caminho do meio tornam-se as melhores escolhas. O desapego familiar é sinal de respeito e amor verdadeiro. Permitir que cada um faça suas escolhas e não esperar que os filhos preencham as expectativas criadas pelos pais, é sinal de amor.
Encerro com uma fala do livro “Amar também se aprende”:
“As crianças que seguem suas escolhas retornarão sempre para os seus progenitores e serão agradecidas por tudo que receberam deles. Os dois maiores presentes que podemos dar aos filhos são raízes éticas e asas de liberdade”.