Eu estava pensando em comprar um apartamento. Não, eu não teria condições de comprar algo agora, mas eu pensei no que eu ia querer se isso fosse possível agora. Depois de fazer um belo quadro na minha mente eu pensei: por que não? E decidi estabelecer isso, o apartamento dos sonhos, como uma meta.
Mas é incrível a dificuldade que eu estou em ver isso realizado. Não venho de uma família com mulheres bem-sucedidas, não pelo menos profissional, um ou outro caso pipoca, mas nem são as pessoas mais próximas. Temos poucos exemplos de mulheres que montaram o seu próprio castelo, assim pagando, e assim em um nível realmente alto, como a Elsa da Frozen. Vivemos ainda em uma sociedade na qual mulheres que têm muito são as casadas com milionários.
É óbvio que isso é uma coisa do passado. É claro que todos têm a capacidade de conseguir qualquer coisa que queira, mas uma coisa é a parte prática e outra é a mente. Tentar convencer a mente de algo que lhe parece muito distante é uma tarefa bem complicada.
Comecei a entender que sim, eu tenho o meu trabalho. Tenho talento, tenho força de vontade de trabalhar 12 ou 14 horas por dia se precisar. Não tenho filhos, só uma de quatro patas que não dá nenhum trabalho, então eu até tenho muito mais chances do que a maioria absoluta das mulheres no Brasil, mas a minha mente… oh, meu Deus, como é difícil convencê-la.
Entendi que isso é um ato de fé. Porque apesar de ter tudo isso, existe um lugar branco, vazio onde as coisas acontecem. Um espaço sob o qual eu não tenho o menor controle e nem ninguém tem. Aquela coisa de abrir uma loja, fazer um monte de propaganda e esperar que as pessoas entrem… quem vai fazer as pessoas entrarem e comprarem de fato, como isso vai acontecer, isso não está no nosso controle.
Queremos garantias e isso nos faz pensar sempre em um plano B “legal, se isso não der certo, faço aquilo”. Mas a verdade é que se você não acredita que a sua única alternativa é o seu plano A, nunca vai realmente se dedicar àquilo e nunca vai fazer acontecer de fato. E mesmo assim, ainda existe o fator “sorte” ou esse espaço em branco mesmo, que não sei em que momento vai agir.
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Então, o que fazer? Ter fé. Manter a fé. E fé é diferente de esperança. A esperança é sentar-se e esperar; a fé é agir e, aí sim, esperar, que é o que estou fazendo agora. Estou focando as minhas forças, tudo o que eu acho que precisa ser feito, para prosperar e comprar o meu apartamento dos sonhos — por exemplo. Mas uma parte espiritual da coisa não me responde nem que sim e nem que não. Uma parte espiritual talvez só esteja esperando que eu acredite nela a ponto de focar 100% o que eu sei fazer e depois sim aguardar os resultados. E ter essa fé é eliminar o fato de não ter exemplos próximos, da crise, dos problemas causados pela pandemia e mais um monte de empecilhos imaginados.
Então, fé não é só acreditar no invisível. É acreditar nele a ponto de mudar a sua vida.