Que saudade da minha infância. Dos meus primeiros meses de vida. De quando balbuciei as primeiras palavrinhas. Engatinhei com dificuldade. Aprontei pela casa dos meus pais, avós e tios. Escondia-me nas cobertas da minha avó e brincava de esconde-esconde na hora em que ela dormiria. Das zoeiras que fazia com os meus vizinhos. De quando eu tinha quatro anos de idade e o meu pai desenhava nos meus caderninhos – além de assistir desenhos comigo.
Eu passava horas brincando de bicicleta no parquinho aqui do lado. Quando mamãe brincava de contar historinhas para mim antes de eu dormir. Eu brincava no quarto e imaginava diferentes amigos imaginários. Irritava as minhas irmãs – e de quando brincávamos e passeávamos em família.
Eu acordava cedinho durante a semana, esperava as minhas irmãs irem para a escola e ficava assistindo desenho. Abria a porta e sentia a luz do sol. Dançava seguindo os ritmos dos pingos da chuva. Pisava no chão e sentia-me forte. Enxergava somente a inocência das pessoas. Olhava o céu por horas antes de dormir. Não tinha preocupações com nada – além do brincar. Dormia à tarde.
Espalhava brinquedos pela casa. Bagunçava os cômodos – e trocava tudo de lugar no quarto. Quando. Tudo parecia ser tão mais fácil e a palavra obstáculo não existia – para uma criança sonhadora.
É tão clichê dizer que as crianças têm tanto a aprender com os adultos, mas ninguém menciona que, na verdade, somos nós quem temos que aprender com esses pequenos seres de luz. Fico fascinada com a naturalidade que as crianças têm – sem se importar com os outros. É engraçado como o tempo passa e a gente esquece que existe uma criança aqui dentro de nós – e que precisa de acolhimento tanto como qualquer outra.
É tão perceptível que ainda somos crianças – e temos tanto a aprender. Dia desses, parei para analisar como seria a minha vida hoje se eu não tivesse persistido lá no início – nas fases em que comecei a ter dificuldades ao balbuciar, engatinhar, brincar etc. e quanta bagagem eu perderia se tivesse desistido logo de cara. Percebi o quanto já fui influenciada socialmente ao ponto de ter machucado e camuflado essa parte tão pura que existe aqui dentro de mim – não existindo mais aquela criança tão sonhadora.
Hoje, já adulta, e após tanta bagagem de experiência, eu me questiono: onde é que está essa criança interior? E a resposta me parece tão óbvia que decidi vir compartilhar alguns tópicos essenciais para entrar em contato com essa parte tão pura e linda que existe dentro de nós.
Estar presente é o primeiro passo – e é tão notório. Crianças só se preocupam com o presente. Elas não ficam remoendo e revivendo o passado e muito menos são ansiosas com o futuro. Muito diferentemente de nós, adultos, que ficamos estacionados no presente – cheios de preocupações com o que já passou ou o que está por vir. Quando foi a última vez que você aproveitou as pequenas coisas da vida como, por exemplo: a comida gostosa feita por alguém de que gosta? Ler um trecho do livro de que mais gosta? Sentir a brisa do vento no rosto? Mantenha o foco no presente e poupe preocupações desnecessárias.
Não enxergar dificuldades – e sempre acreditar ser possível realizar seus sonhos. Limite é uma palavra desconhecida quando se trata dos pequeninos. É fascinante como as crianças não sentem medo de tentar, explorar e experimentar algo novo. Nem de errar, pois sabem tirar proveito desse aprendizado. Diferentemente de nós, adultos, que temos medo do desconhecido e de sairmos da nossa zona de conforto.
Não culpar o outro – embora seja sempre mais fácil culpar o outro do que enxergarmos que a realidade é causada por nós mesmos. Crianças têm sua luz própria e não ficam criando expectativas alheias.
Questionar sempre – e sem medos. Você se lembra de quando foi a última vez que se questionou sobre algo? Crianças adoram perguntar e não se importam com o que vão pensar. Diferente de nós, adultos, que temos medo de determinadas respostas – e, se duvidar, de perguntas.
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Usar a imaginação – a seu favor. Crianças estão sempre usando a imaginação em todos os momentos – seja em um desenho, brincando com argila, areia ou o que for. Não importa qual seja a sua faixa etária, sempre vá à busca daquilo de que você gosta e acredita ter potencial para tal. Explore e use toda a imaginação ao seu favor.
Vá em busca daquilo que te faz feliz e esteja sempre conectado com a criança que existe em você.
“Todas as pessoas grandes foram um dia crianças, mas poucas se lembram disso.”
Antoine de Saint-Exupery
Com carinho! Um beijo no coração e feliz dia das crianças.