“Quando fevereiro chegar, saudade já não mata a gente, a chama continua no ar.
O fogo vai deixar semente. A gente ri, a gente chora, fazendo a noite parecer um dia. Depois, faz acordar cantando, pra fazer e acontecer verdades e mentiras”.
Este trecho da bela canção “Quando Fevereiro Chegar”, de autoria do grande Mestre Geraldo Azevedo, retrata bem o período percorrido pelo mês de fevereiro. Quando falo de período, não trato de um simples correr de dias, estou dizendo que fevereiro, apesar de ser justamente o mês mais curto ano, pode ser considerado uma época. Época de carnaval, de quaresma, de exageros, de liberar o que verdadeiramente existe dentro de nós, tanto do aspecto mais terreno como do espiritual.
São tantas as peculiaridades que fevereiro carrega que até se confundem em si mesmas. Vou citar algumas delas: o único que tem menor número de dias e muda esse quantitativo a cada quatro anos; é conhecido como o mês do carnaval, embora nem sempre o carnaval aconteça nele; é tratado como período carnal, mas é muito comum a quaresma pascal iniciar nele; é o mês do amor, mas do amor que faz cometer loucuras.
Ou seja, é o mês que vai da euforia da carne ao início da contemplação espiritual, do amor para a loucura, das verdades e das mentiras. Assim se configura esse maravilhoso mês que, com seus contrastes, se porta como um anjo caído, é divino e é humano.
Recebeu esse nome devido às Februas, festas de purificação que aconteciam em Roma todos os anos. Período em que eram realizadas diversas cerimônias com oferendas e sacrifícios para acalmar os mortos.
Veja que já na origem da palavra, carrega a relação carnal/espiritual que, num paralelo com a energia do Tarot, podemos comparar o mês de fevereiro com o arcano o Diabo, que hibridamente se comporta como humano e como divino, usando habilidosamente as capacidades e potencialidades próprias de cada face.
Muito embora, no inconsciente coletivo da humanidade, o Diabo tenha sido associado ao mal, ele é uma parte de nós, que atua como um jogador extremamente virtuoso no caminho da sabedoria para nos conduzir a regeneração espiritual. Assim, fevereiro, com sua energia até certo ponto contraditória, é capaz de promover a união entre extremos como a de sublevação humana durante o carnaval para, logo em seguida, já na quarta-feira de cinzas, entrar num momento de profunda reflexão e conexão espiritual e de preparação para conexão com Deus.
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Fevereiro, como o Arcano do Diabo, é um mês de grande força e poder e suas manifestações nas situações geralmente são muito intensas, tanto no lado bom como no ruim. Situações que podem parecer ou até mesmo gerar conflitos, mas para sermos verdadeiramente livres, é preciso encarar com coragem, consciência e responsabilidade os aspectos contraditórios de nossa vida, sempre com atenção e muita disciplina, para que possamos, nos erros e acertos, avançar na nossa trajetória evolutiva.
Então, fevereiro chegou e com ele a oportunidade de experimentar a vida, e, assim, alimentando sonhos e desejos, poder polir a joia de nosso eu perdido.
Fevereiro diz, mostra e convida: vamos, sempre em frente, viver a vida que tem que ser vivida!