Em meu consultório, tenho inúmeros relatos de filhos que, não poucas vezes, sofreram riscos reais de vida por conta da negligência de pais narcisistas perversos, que estão apenas a serviço de si mesmos. As histórias vão desde esquecimento em festinhas, escola e reunião de pais, até o fato de não levarem a sério quando eles passam por algum mal-estar físico ou emocional, desqualificando e desacreditando-os ao ponto de poderem deixá-los sob intenso sofrimento, alegando que tudo é manha.
Quando os filhos vão se tornando adultos, esses pais continuam a fazer de tudo para se perpetuarem em suas alucinadas percepções de autoengrandecimento. Muitos acabam denegrindo a imagem dos próprios filhos para os seus parceiros, em suas vidas sociais, trabalho e outros. Quando estes têm filhos, rivalizam querendo a todo custo mostrar aos netos que são melhores com eles do que os próprios pais. Um verdadeiro inferno que, muitas vezes, se faz necessário um afastamento emocional severo ou até mesmo físico, quando não há contenção possível desse adoecimento do psíquico parental.
Em algumas circunstâncias, quando em terapia, os filhos conseguem se desidentificar de tal modo dessa trama, que não mais se sentem afetados por quaisquer artimanhas manipulativas provocadas por esses pais.
Por mais terrível que essas situações de vida possam ser, em algum momento é importante que as vítimas tenham consciência de que os seus pais, por mais difíceis que sejam, também são frutos de histórias emocionais e familiares que os fizeram ser e agirem desse modo.
Um bom processo terapêutico, além de ajudar no reprocessamento dos traumas, tem grande valia no auxílio do resgate de uma identidade bastante diferente de tudo o que foi imposto. Existem ferramentas eficientes para se trabalhar com esses temas nas abordagens de EMDR e Brainspotting.
Quanto mais despertos, melhor!
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