Fotografar e testemunhar a existência daquele olhar… Quando falamos em fotografia, temos uma sensação de passado, mas fotografia é presente… que se preserva… fascina… que nos estaciona ao que foi, um dia, real… e salve o fotógrafo que inventou esta tão bela arte de eternizar!
Registros das vivências, que se tornaram passado rapidamente. Neles, estão a sensibilidade, os reflexos de instantes únicos. O presente é efêmero, e as memórias? Somos feitos de memórias, que vivemos ao longo da vida.
A minha mãe sempre buscou uma jeito de nos fotografar quando éramos ainda crianças, e foram muitas as nossas fotografias. Fotografias que eram compradas, após reveladas, e muitas delas enviadas por cartas para parentes distantes, para, de onde estavam, verem como cresciam bonitos e saudáveis seus rebentos. Para nós, família do interior de sertão nordestino, olhando hoje os retratos da época, simples, clássicos, como eram antigamente a maioria das fotografias, muito admiro a qualidade daquela arte hoje tão memorável e significativa para nós.
O meu mundo de experiência em fazer fotografia, por exemplo, foi considerado uma comédia. A gente, que era do interior, levava até quase dois meses para saber o resultado daquele filme de 24 ou 36 poses que mandava para Belo Horizonte ou São Paulo para serem reveladas. Os dias de retorno eram contados, buscar o envelope no correio, mais ansiedade, fotos cortadas, às vezes, sem cabeça, somente o chão… metade do bolo e aniversariantes que faltavam na foto… era trágico… mas as fotos que ficavam boas, que alegria, que emoção, que gratidão!
Lá pela minha adolescência, não gostava de fotografias. Eu me achava bem mais feia que hoje.
Era uma menina assim, desengonçada, sem graça mesmo, canelas finas, magrela, os joelhos eram enormes — os primeiros que destacavam nas fotos —, o cabelo crespo, muito afuazado (os primeiros cremes Rinse estavam chegando lá no nosso interiorzão). Então imagina, cabelo crespo, sem cremes, branquela, pele sapecada de sol, bocuda, como podia ser bonita na aparência?
E eu era feia mesmo — confesso hoje me acho até mais bonita, além de muito fotogênica —, acredito que eu não gostava muito de fotos, porque além da feiura, estava sempre muito séria, e as fotos mostravam sempre que eu vivia muito de cara fechada, brava, sei lá! A fotografia expressa os instantes exatamente como eles são, e talvez por isso, tinha um certo trauma com a câmera fotográfica, me sentia sem risos, sem brilho, sem belezura, exatamente feia, mesmo!
Com o tempo, comecei a me ver pelo resultado das fotos de uma forma mais bonita, talvez o sorriso nos olhos, uma expressão de felicidade que, antes, não existia, brotou dentro de mim, e percebi que havia beleza nas fotos, não em mim! E todos dizem: nossa como ela é fotogênica (até hoje é assim) — reflexo de que continuo feia, mas entre expressiva de alegria e fotogênica (bonita), me contento com a última opção…
Passei a gostar de fazer fotos, minha e também das pessoas. Tive máquinas simples, como a descartável Love, de fotos coloridas, máquina fotográfica comum com filmes de 24 e 36 poses, câmera digital, até chegar a atual era dos celulares…
Para mim, as fotografias sempre tiveram o sentido de ser a verdadeira máquina do tempo: que nos levam de volta a algum momento feliz da vida. A fotografia será eternamente a máquina do tempo. Não só congelamos os instantes, mas quando revelamos as fotografias e abrimos os álbuns para olhar, percebemos o valor das memórias ali encontradas e preservadas em cada acontecimento, a conexão cheia de explicação… contar história olhando as fotografias é muito gratificante…
Uma viagem no tempo, porque foi o momento real vivido! Ou, até mesmo, quando encontramos fotos antigas de parentes ou de nossa infância reveladas em papéis coloridos, ou a maioria delas, que eram preto e branco, ou nos binóculos. Que enorme contentamento!
São momentos únicos, que a história nos mostra exatamente o que vivemos, e como mudamos na aparência, nos diversos modelos que vestimos, os cortes de cabelos de época e as viagens inesquecíveis…
As fotos instantâneas de hoje pouco terão memórias, elas se vão como as redes sociais, e o que iremos guardar de uma época de tantos retratos? Dos encontros de nossas famílias, de nossos netos, bisnetos, se não tivermos o cuidado de fazermos em papel tamanhas memórias?
E hoje, você não precisa se achar feio ou feiinha como eu me sentia, são tantos os meios de fazer as fotos ficarem perfeitas e bonitas, bem assim, instantaneamente.
Sabemos que as gerações futuras serão mais de álbuns virtuais, e já como eles, fazemos um turbilhão de imagens virtuais (diferente do nosso tempo, que o filme tinha, no máximo, 36 fotos, e muitas delas, a gente perdia).
Essa avalanche de imagens que lotam nossos celulares e as redes sociais dos nossos momentos, do bebê crescendo, das viagens, das festas especiais, estão perdendo materialidade, deixando que os instantes não sejam eternizados como preservação da memória revelados para, um dia, as histórias e estes momentos serem contados.
Ah! Um fotógrafo e sua arte em fazer fotografia!
O que seria dos casamentos, dos nascimentos, dos batizados, dos 15 anos, das festas de formaturas, dos cem anos, sem a presença de um deles! Porque fotografia é, acima de tudo, saber enxergar e eternizar os momentos que não se vão como apenas entretenimentos. Muitas vezes dizemos, não precisa contratar um fotógrafo profissional, todos nós sabemos fotografar.
Sim, todos nós registramos momentos belíssimos, com olhares e ângulos especiais, se a intenção é brincar com diversas versões espontâneas, é ótimo, você pode até criar novos traços, fazer biquinhos etc.
Mas o fotógrafo enxerga e eterniza de uma forma diferenciada, com aquela câmera impetuosa, parece chegar à essência das pessoas, transmitindo as emoções e expressões, ali espelhadas no clique, como se fizesse uma pintura!
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Fotografar são repousos eternos que vão se transformando em poesias, memórias e história a contar… histórias da fotografia. REVELE seus momentos — “porque memórias bonitas são memórias impressas”. Fotografia é mais que uma pintura de arte! Fotografia é vida real. Viva a arte de ser fotógrafo! Viva a realidade de saber fazer fotografia!
