Lá no início da Bíblia, somos apresentados a Adão e Eva. A mulher de Adão, tentada pela serpente, teria comido o fruto proibido e condenado toda a humanidade. Como castigo, tornou-se um demônio chamado Lilith, o qual persegue homens imprudentes.
Para muitos, essa é só uma história. Para alguns, é a origem de um medo absurdo de mulheres – a ginofobia.
Ficou curioso? Continue lendo para entender o que é essa fobia e como identificá-la.
Saiba o que é a ginofobia e quais são as suas causas
Definição: o que é ginofobia?
De acordo com os dicionários, a ginofobia ou ginecofobia é uma aversão ou medo irracional de mulheres. Ginofóbicos ficam aterrorizados com a presença feminina no ambiente ou com a simples ideia de tocá-las.
Ainda que envolva também um certo ódio contra as mulheres, a ginofobia não deve ser confundida com a misoginia. Esta, por sua vez, é disseminada por homens que desprezam a população feminina e acreditam serem superiores.
Ginofóbicos não necessariamente creem que sejam melhores, mas têm pavor do contato com as mulheres.
Timidez ou medo delas: como identificar?
Não é difícil encontrar homens, principalmente os mais jovens, que sintam medo da rejeição das mulheres e, por isso, evitam o contato com elas. É importante esclarecer que isso não tem a ver com a ginofobia, pois pode ser simplesmente timidez.
A timidez pode estar presente na vida de qualquer um. Ela traz a sensação de acanhamento frente a situações em que a pessoa tem que se expor ao desconhecido, como quando vai flertar com alguém, por exemplo. Em geral, ela não causa problemas graves e pode ser facilmente resolvida trabalhando-se a maturidade e a autoconfiança.
A ginofobia, por sua vez, causa impactos diretos no rendimento familiar, profissional e social do paciente. Em nível de gravidade, ela se assemelha muito menos à timidez e muito mais a um quadro de ansiedade ou ataque de pânico.
Alguns dos sinais são:
- Medo intenso e irracional ao ver ou pensar em mulheres.
- O entendimento de que esse medo não faz sentido, mas sem a capacidade de controlá-lo.
- Crises de ansiedade ao ter que fazer contato com mulheres, com sintomas como sudorese, diarreia, enjoos, taquicardia e até desmaios.
- Dificuldade de se relacionar socialmente com mulheres.
- Pavor de ter uma relação sexual com mulheres.
- Ódio ou má vontade com as mulheres da família – como mãe e irmãs – ou do trabalho.
- Adiamento do casamento.
- Na infância, birra, choro ou recusa em ficar com a mãe.
Mas de onde vem tamanha aversão? É o que veremos a seguir.
Causas
Além das mitologias que colocam a mulher em um papel maléfico, como no caso de Adão e Eva, existem algumas explicações mais práticas do que pode provocar a ginofobia.
De forma geral, as fobias são assim categorizadas justamente pelo medo não ter bases lógicas. Na maioria das vezes, as crises de pânico não precisam de um perigo real para acontecerem.
Por isso, é difícil dizer exatamente o que causa essa ideia de que a mulher é uma ameaça física ou emocional.
Por enquanto, o que os especialistas têm são suspeitas. Veja:
- Experiências traumáticas com mulheres: passar por situações de abuso mental, físico ou emocional, negligência materna, agressão física ou estupro cometido por mulheres.
- Fatores ambientais: estar cercado de elementos culturais machistas aprendidos com os pais ou pessoas ao redor.
- Fatores genéticos: ter pais ou parentes próximos com a mesma condição.
- Fatores neurobiológicos: ter passado por alterações no funcionamento do cérebro durante o processo de desenvolvimento.
Muitas vezes, quadros de ginofobia tendem a se resolver espontaneamente ainda na infância, mas alguns podem permanecer até a vida adulta. Quando surge depois, está normalmente relacionado com experiências ruins com mulheres, o que tende a levar a um ciclo de ódio que persiste pela vida toda.
Fatores de risco
Logicamente as pessoas mais sujeitas a sofrerem de ginofobia são os homens. É comum que a condição apareça em torno dos 10 anos de idade ou ao longo da juventude.
Pessoas que têm histórico na família de outras fobias ou de transtornos de ansiedade também estão mais suscetíveis. Diagnóstico de esquizofrenia ou depressão bipolar também contribuem.
Mas o que fazer caso desconfie de estar desenvolvendo ginofobia? Saiba a seguir.
Como tratar?
Assim como as demais fobias, para tratar o medo de mulheres, é preciso encontrar a raiz do problema, tirar esses sentimentos e tratá-los.
Para isso, não há um caminho das pedras. O recomendado é procurar um psicólogo ou psiquiatra, explicar o que está sentindo e seguir as orientações dadas pelo especialista de acordo com o seu caso. Entre as alternativas utilizadas, estão:
- Terapia cognitivo-comportamental.
- Medicamentos específicos.
- Hipnoterpia.
- Aconselhamento.
- Terapia de exposição gradual.
- Programação neurolinguística (PNL).
Ginofobia não é desculpa para o machismo!
Com a ascensão dos movimentos feministas nas últimas décadas, as mulheres têm tomado cada vez mais espaço na vida pública e privada. Os homens passaram a perder privilégios históricos, como a posição de chefia dentro da casa e de poder nas empresas. Eles estão sendo cobrados em todas as áreas da vida para serem mais sensíveis, justos, compreensivos e igualitários.
Por isso, muitos veem com desprezo as recentes conquistas femininas. Com medo de serem rejeitados, substituídos ou deixados para trás, alguns homens mantêm atitudes machistas, misóginas e extremamente arcaicas.
Dessa forma, se você, mulher, está lendo este artigo, saiba que, ainda que a aversão de um homem ao seu redor seja caracterizada como uma fobia, ele não tem o direito de te tratar mal. Se realmente for diagnosticado com ginofobia, ele deve buscar ajuda e tratar os seus traumas consigo mesmo – jamais despejando nas mulheres o que aflige o seu íntimo.
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Portanto não permita que o machismo seja disfarçado por trás de uma condição psicológica. E, se conhecer alguém que possa ter ginofobia, envie este artigo a essa pessoa! As mulheres não precisam de terror, elas precisam de respeito.