Todos sabem e têm a ciência de que o combate ao racismo deveria ser uma luta de todos. Mas, infelizmente, todos também sabem que as coisas não funcionam assim. No decorrer dos anos, muitas pessoas se conscientizaram e se tornaram mais humanas e, a partir disso, o número de pessoas que atuam no combate ao ódio e à discriminação racial foi aumentando a cada dia – e assim permanece nos dias atuais.
Se você não é um conhecedor da causa, saiba que há muito tempo existiram pessoas que se tornaram grandes símbolos quando o assunto é o combate ao racismo. Essas pessoas que lutaram sem medir esforços por um mundo igual e digno lutaram com todas as forças para que todos fossem respeitados igualmente e tivessem os seus direitos garantidos, independentemente de raça ou de qualquer outra coisa. Essa luta é refletida atualmente e serve de inspiração para permanecer firme diante da desigualdade ainda existente.
Conheça alguns grandes nomes que fizeram história na luta pelo combate ao racismo:
Zumbi dos Palmares
Durante a fase do Brasil Colonial, Zumbi dos Palmares foi um dos mais fortes representantes da resistência negra sobre a escravidão. Nascido em Alagoas, foi líder em uma comunidade chamada Quilombo dos Palmares, onde os negros viviam totalmente livres e produziam os alimentos necessários para viver. Essa comunidade ainda era formada pelos escravos que fugiam das fazendas.
Esse líder nasceu livre, mas foi pego quando tinha cerca de sete anos de idade. Mais tarde, em 1675, quando tinha 20 anos, foi um grande guerreiro em uma batalha com soldados portugueses, fazendo com que eles fossem embora para Recife. Em 1678, negou um acordo proposto pelo governador de Pernambuco e enfatizou o seu posicionamento defensor dos negros e a sua resistência à escravidão.
Sempre na luta pela libertação do seu povo, Zumbi sofreu um ataque em 1694, conseguiu fugir, mas foi traído e entregue às tropas do bandeirante. Foi degolado aos 40 anos de idade, mas permanece vivo na incessante luta do Movimento Negro.
Zumbi tem grande importância no Brasil e, no dia 10 de novembro de 2011, a presidenta Dilma Rousseff instituiu o “Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra no Brasil”.
Dandara Palmares
Essa forte mulher foi esposa de Zumbi palmares e esteve a todo momento ao lado do seu marido lutando contra a escravidão no Brasil. Com três filhos, Dandara foi uma mulher persistente na luta contra o racismo e a favor da liberdade dos negros que eram aprisionados e escravizados.
Até hoje ela é um grande símbolo da força feminina, pois, além de fazer os serviços domésticos, Dandara plantava, trabalhava na produção de mandioca e farinha, caçava e liderava tropas femininas do exército negro de Palmares. Considerada como prova de que mulher não é sexo frágil, Dandara sempre persistiu na busca pela liberdade. Ela desconhecia limites quando o assunto era proteger o quilombo e vencer o inimigo e resistia às propostas medíocres do governo da época.
Em 1694, foi presa e suicidou-se para não ser escravizada novamente.
Aqualtune
Aqualtune foi a mãe de Ganga Zumba e avó de Zumbi dos Palmares. Princesa africana, liderou em 1655 uma tropa de mais de dez mil homens em uma batalha entre Congo e Portugal, sendo capturada após a derrota congolesa. Aprisionada, mas não calada, foi trazida para a cidade de Recife no Brasil e, em seguida, vendida como escrava reprodutora – era obrigada a manter relações sexuais para gerar crianças que também seriam escravizadas. Na sua primeira gravidez, foi vendida para Porto Calvo, onde conheceu a comunidade Quilombo dos Palmares.
Nos últimos meses de gestação, Aqualtune fez um plano e organizou uma fuga para a comunidade. Com os seus conhecimentos políticos, foi uma mulher fundamental para que o Estado Negro fosse consolidado.
No ano de 1677, a aldeia dessa mulher forte e guerreira, que já tinha maior idade, foi carbonizada pelas expedições coloniais. Não se sabe a data exata da morte de Aqualtune, mas os quilombolas lutaram com garra até serem derrotados no ano de 1695 pela bandeira de Domingos Jorge Velho – um dos comandantes da guerra criada para destruir o quilombo dos Palmares.
Nelson Mandela
Chamado também de “Madiba” pelo povo, Mandela nasceu em um vilarejo em Transkei – um dos lugares considerados “guetos”, criado por um governo racista a fim de separar totalmente os negros dos brancos – e, desde a sua infância, percebeu a maldade do sistema racista e da forte necessidade da união do povo no combate ao regime que excluía os negros de direitos políticos, econômicos e sociais (regime chamado de “Apartheid”).
Durante a sua vida acadêmica, Mandela se envolveu em um grupo que lutava contra algumas políticas segregacionistas da Universidade. No ano de 1942, uniu-se ao CNA (Congresso Nacional Africano), em Johanesburgo, para defender as liberdades civis dos negros e lutar contra as penas injustas que eram usadas contra a população negra na época. Em 1962, sendo um dos principais líderes do CNA, foi preso e recebeu a sentença de 5 anos de prisão. Em 1964, foi condenado à prisão perpétua. Nelson Mandela ficou preso por 27 anos e, durante esse tempo, se tornou símbolo de oposição ao Apartheid, em que os seus companheiros clamavam pela sua libertação.
Em 1990, com 72 anos de idade, depois de muito tempo de pressão interna e externa para que fosse libertado, Mandela foi solto. Quatro anos depois, tornou-se o primeiro homem negro a ser presidente da África do Sul. Morreu em 2013, mas a sua luta contra o sistema Apartheid moveu o mundo inteiro e serve até hoje como inspiração.
Martin Luther King
Pastor de igreja batista, Martin Luther King foi um líder de grande influência na luta contra o racismo nos EUA. Também ativista político, Martin lutava por salários dignos, igualdade e mais oportunidades de trabalho para os negros – ainda se opôs à Guerra do Vietnã e defendeu com garra os direitos das mulheres.
Martin liderou em 1955 o boicote aos ônibus de uma cidade chamada Montgomery. Esse boicote foi um protesto que teve início por causa de uma mulher negra chamada Rosa Parks, que foi presa por não ceder o seu assento no ônibus a um homem branco. Esse protesto teve duração de 382 dias e foi um sucesso, pois a Suprema Corte Americana tornou ilegal qualquer tipo de discriminação racial em todos os transportes públicos.
Depois de sofrer vários atentados e ainda assim permanecer forte na luta pela igualdade, Martin foi morto em 1968 quando se arrumava para ir a uma marcha civil.
Panteras negras
Grande partido político originado nos Estados Unidos em 1960, os Panteras Negras lutavam pelos direitos civis da população negra. O partido foi criado a partir de um movimento que combatia a violência policial contra todos os negros dos EUA. Esse movimento se tornou tão importante que logo em seguida tornou-se um projeto totalmente revolucionário na luta afro-americana.
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É válido lembrar que os Panteras Negras defendiam a questão da autodefesa armada, para que fosse viável lutar contra a violência que o Estado praticava contra os negros, e defendiam também que a comunidade afro-americana deveria se autogovernar. Com o passar dos anos, o partido criou formas de beneficiar diversas comunidades carentes, mesmo sendo perseguido constantemente pelo FBI – o que acabou ocasionando o fim do partido nos anos oitenta.