Devido à pandemia causada pela Covid-19, já estamos em quarentena há quase seis meses, e, para quem tem filhos, significa que estamos com as crianças todo esse período em casa. Tenho gêmeos de 5 anos, e estes dias estava me recuperando de uma sinusite, e nestes momentos é bem pesado seguir essa rotina com duas crianças e um cachorro, em que os afazeres domésticos são quase infinitos (comida, louça, roupa, limpeza de casa, comida de novo etc.).
Esse foi exatamente um dia que poderia ser bem “pesado”, que chamamos de um dia “daqueles”! Eu estava sem energia, mas quem é mãe sabe que não existe opção de descanso! (rsrs) Então resolvi (mesmo sem forças físicas) não deixar isso afetar minha mente, e enquanto fazia os serviços resolvi ouvir muitas músicas sobre GRATIDÃO! Gratidão pela vida, gratidão pelo sustento e força nos momentos difíceis, dar graças pelos milagres e beleza da vida! Graças! Comecei a agradecer por pessoas que se curaram, agradecer por minha família, pelos meus problemas, sim, pelos problemas! porque eles são “um convite” a mudanças e aprendizado. Ouvi músicas em português, inglês e espanhol com este tema “Gratidão”, e assim segui fazendo o almoço, e quando menos percebi já estava inundada por esse sentimento e a “energia” do dia já estava bem melhor! Claro que não é linear… claro que não fiquei zen de repente. Sim, em meio às músicas de gratidão foram muitos: mãe, me ajuda a cortar esse sulfite, mãe me ajuda a desenhar pecinhas de “tetris (jogo), mãeeee, fulano pulou em mim, pegou meu brinquedo, até que a mãe disse: chegaaaaaa! Parem de discutir! É um mix de sentimentos (cansaço, vontade de ficar no silêncio e de apenas descansar), mas nós que decidimos se vamos entrar nesse “furacão”
e deixá-lo nos dominar o dia todo e arrancar toda nossa energia ou se vamos, apesar das dificuldades, respirar e escolher mudar a rota para que as coisas saiam da melhor forma possível!… Nestes dias, não podemos dar nosso 100%, e está tudo bem, tudo certo! Acho que essa é a primeira coisa de que devemos tomar consciência. Vejo como se fosse um “cabo de guerra”, você puxa um pouco mais para o lado positivo, e mesmo que entre no “looping” do cansaço e negativismo, logo consegue voltar “para seu centro”, para um reequilíbrio, e não ficar o dia todo (ou a vida toda) nesse turbilhão caótico. Senão acaba virando hábito reclamar, ver o meio copo vazio sempre! Não é fácil! Tem dias que nosso “melhor possível” é apenas ouvir músicas e agradecer para não entrar no tsunami. E está tudo ok!
Quis dividir com você, leitor, essa estratégia tão simples de agradecer, mas que é tão poderosa! Mudou meu dia! Pode mudar uma vida toda, não é!? A escolha é minha, a escolha é sua 😉
Mude o foco
Neste mesmo dia, no período da tarde fui fazer caminhada com meus filhos em uma trilha aqui perto de casa, e o Murilo queria uma semente para plantar, mas não havíamos levado nenhuma, e então plantaram uma pétala cor-de-rosa que estava caída no chão. Coletaram dente-de-leão e sopraram ao vento e me presentearam com uma florzinha linda! E o combinado foi que amanhã retornaremos devidamente equipados para o plantio com sementes de maçã, pera e goiaba e nosso kit de jardinagem. A partir daí, vários pensamentos começaram a surgir, e fiquei pensando sobre os FRUTOS, sobre os ciclos da vida, da natureza, sobre o encantamento de cada detalhe do Universo, e assim voltei reflexiva todo o caminho, com o coração agradecido. Tirei meus sapatos e caminhei um pouco de pés descalços, do jeito que amo, na terra, e tirei as seguintes fotos:
Cheguei em casa, já em cima da hora para uma reunião via computador com mulheres de um grupo de voluntariado de que participo. Houve tanta sincronicidade que meu coração se sentiu mais agradecido ainda! Todas querendo fazer a diferença, ajudar pessoas mais humildes a se empoderarem e a se sentirem pertencentes e úteis dentro da cooperativa de resíduos recicláveis em que trabalham. Como podemos ajudar esses colaboradores a aumentarem sua autoestima, a se sentirem valorizados!? Surgiram várias ideias! Meu coração se encheu de gratidão por encontrar cada dia mais pessoas que têm esse sonho (que para muita gente é utopia), mas que para nós não é utopia! Esse “sonho”, que se chama amor incondicional, que se chama gentileza, empatia, esperança etc.!
À noite, já tomada por esse sentimento de gratidão e envolta numa atmosfera de boas energias, veio ao meu coração o versículo bíblico (Romanos 12.2), “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Creio que essa passagem é exatamente isso! Não se conformar é querer fazer a diferença, mas como fazer a diferença?! Por meio da renovação da nossa mente! Saindo da caixinha, saindo do “inconsciente coletivo”, que nos leva às crenças limitantes e religiosidade.
Renovação da mente, para mim, é seguir o caminho do autoconhecimento. Entender que tudo ocorre “dentro” e necessita de análise, e tudo que vejo fora é reflexo do que há dentro de mim, como diz o princípio da projeção de Carl Jung, o qual já citei em diversos textos.
A partir desse momento, em que há consciência de todos os processos internos da mente, corpo e espírito, então podemos começar a trilhar nossa jornada de maturidade pessoal, profissional e espiritual.
Dentro deste contexto, voltei a refletir sobre os FRUTOS! Frutos que meus filhos quiseram plantar nesta caminhada, mas depois de todos os pensamentos sobre meu dia que citei acima, ao final, fiquei refletindo sobre nossos “frutos” pessoais, os quais produzimos dentro de nós!
Você observa que tipo de “fruto” está produzindo?
Existem várias frases que são “ditados populares” tão usados que ninguém mais presta atenção na sua essência e significado: “O que você planta, você colhe”; “Pelo fruto, conhecereis a árvore”. Aí refleti muito! Porque em essência temos como humanidade vários princípios e valores, independentemente de religião ou até de país ou cultura em que vivemos, temos como características universais, talvez intrínsecas à raça humana, sentimentos e conceitos muito parecidos, sobre o significado de quais são os “bons frutos” que podemos produzir durante nossa vida!
As grandes religiões e escolas filosóficas são embasadas em princípios de AMOR, domínio próprio, alegria, bondade, gentileza etc.
Budismo
“O amor, a compaixão, a alegria e a equanimidade são a própria natureza de uma pessoa iluminada. São os quatro aspectos do amor verdadeiro dentro de nós mesmos e dentro de todos e de tudo.” – Thich Nhat Hanh
“Pratiquem a bondade, não criem sofrimento, dirijam a própria mente. Essa é a essência do budismo.” – Buda Krishna
Quatro são as qualidades necessárias para a Senda:
I. Discernimento;
II. Ausência de desejos (desapego, abnegação);
III. Boa conduta;
IV. Amor;
Jiddu Krishnamurti
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Cristianismo
“Mas o fruto do espírito produz: amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio.” (Gálatas 5:22-23)
Analisando esses trechos acima, vemos que independentemente da religião, se olharmos para as características, todos falam do “FRUTO” ou das qualidades que devemos desenvolver!
Esse versículo de Gálatas é um dos que, para mim, melhor resumem as características de quem entendeu o que é “estar na Presença do Criador”. E se prestar atenção diz “O FRUTO”, e não “os frutos”, no plural. Isso faz toda a diferença! Quer dizer que o fruto do espírito tem por si só todas essas características! É tão maravilhoso quando se entende isso! E ao mesmo tempo é tão difícil, na prática, conseguir viver “gerando” esse fruto no nosso dia a dia!
Assim, volto ao início do texto, e penso como uma sinusite pode ser o gatilho para “tirar” nossa atenção da produção desses frutos! Mas nesse dia em específico minha “desculpa” para produzir atitudes e sentimentos ruins era uma doença. Quantas outras desculpas e gatilhos temos todos os dias para produzir “maus” frutos, não é mesmo?! Se seguirmos essa linha de pensamento, temos em escala infinita razões para gerarmos frutos ruins, que podem ser traduzidos em um grito, um gesto, um palavrão, e às vezes, mesmo que não seja expresso, produzimos internamente raiva, culpa, vergonha, medo etc.
Manejo do jardim interno
Que tal começar o manejo do seu próprio jardim? Em geral, passamos a vida toda sem prestar atenção no nosso jardim interno. Não analisamos os tipos de frutos (emoções/sentimentos/ações) que produzimos diariamente e normalmente reclamamos dos resultados, culpamos a vida e os outros pelos frutos gerados por nós! Isso é vitimismo!
“Eu não sou o que me aconteceu. Eu sou o que ESCOLHO me tornar.” (Carl Jung)
Tome as rédeas da sua vida! Assuma os resultados gerados por suas atitudes! Seja humilde para reconhecer que produziu frutos tóxicos e acima de tudo tenha muita gratidão pela coragem e consciência de assumir suas vulnerabilidades, porque quando assumimos nossa vulnerabilidade, é um grande indicador de que nos tornamos responsáveis pelas “ervas daninhas” produzidas por nós mesmos! (somos todos falhos e está tudo bem). A partir daí, enxergamos as “raízes e árvores” que precisam ser tratadas dentro de nós! Assim, começa o manejo consciente do nosso lindo jardim interno e nosso processo de cura!
Te convido a observar seu jardim, regá-lo com amor incondicional do Criador, com autoperdão e autoaceitação, e tenho certeza de que em breve produzirá maravilhosos frutos! Claro, sempre haverá um ou outro fruto “ruim”, ok, está tudo certo! Também faz parte do manejo a paciência com acertos e erros 😉. O importante é que, na média, a maior parte da safra seja de “bons frutos”!
Boa colheita!