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Homossexualidade: a concepção de Michel Foucault em contraponto ao conhecimento neurofisiológico do século 21

Bonequinhos de papel
Leeser / Canva
Escrito por Sandra Magrini

Sendo um dos filósofos mais importantes do século XX, Foucault tem uma concepção atual, ainda nos dias de hoje, sobre a homossexualidade. Ele defendia que para compreender essa condição o ser humano deve ser visto além da expressão de sua sexualidade. O que mais forma as pessoas? De que são feitos os relacionamentos? Quais questões a inclinação sexual envolve? Essas e outras perguntas são as que baseiam seus estudos.

A médica húngara Karoly Maria Benkert foi a primeira a usar o termo homossexualidade, o ano era 1869 e a condição foi classificada como doença. Ela deixou de ser vista como tal em 1993, quando a 10ª edição do CID (Classificação Internacional de Doenças) retirou a orientação de seu catálogo, seguido pelo Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, em 1995.

O interesse pelo assunto chegou à filosofia. Para o francês Michel Foucault, a homossexualidade não deve ser vista apenas como uma expressão da sexualidade, pois o ser humano é global e formado por sonhos, desejos e planos, dessa forma, os estudos precisam debruçar-se muito mais sobre as escolhas, orientações e motivações em relação aos outros aspectos da vida.

Foucault, que abordou a relação entre poder e conhecimento e seu uso para manipular as pessoas, associou isso não apenas à homossexualidade, mas à sexualidade como um todo. Nos estudos sobre comportamento sexual, ele sugere que o interesse pelo comportamento sexual demonstrado pela Igreja iniciado no século 18 é uma maneira de conhecer as preferências das pessoas, a fim de moldar o estereótipo do “casal legítimo”, homem e mulher casados que fazem sexo apenas para reprodução.

A inclinação sexual por pessoas do mesmo sexo também envolve questões fisiológicas. Os feromônios, substâncias químicas que permitem o reconhecimento mútuo e sexual entre seres da mesma espécie, estão associadas à questão. Homens e mulheres atraídos por mulheres reconhecem o feromônio EST, já os homens e mulheres que preferem homens reconhecem o feromônio AND.

Parada LGBT
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Voltando para filosofia, Foucault diz que os movimentos gays não representam as reais mudanças desejadas pelos homossexuais, porque as conquistas alcançadas, como a união civil e a possibilidade de adotar crianças, não matam o pensamento homofóbico. O filósofo ainda fala que “não basta tolerar o ato de fazer amor com alguém do mesmo sexo, mas também suas opções, valores e sonhos”.

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A visão de Foucault em relação à homossexualidade é atual, visto que ainda há instituições religiosas que enxergam o assunto como doença e também porque, antes de tentarmos entender a complexidade sobre as formas de obtenção de prazer, temos que buscar a compreensão acerca do que vem antes da sexualidade, os sonhos, planos, medos e tudo que envolve o ser humano.


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Sobre o autor

Sandra Magrini

Escreve sobre áreas da Psiquiatria, Psicologia, Psicanálise, doenças mentais, medicações, Teologia, Psicopatologia, abuso sexual infantil e questões relacionadas à homossexualidade.

E-mail: magrinisandra8@gmail.com

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