Fidelidade intelectual ocorre quando se é humilde, simples e ético com o sacerdócio acadêmico. Honestidade intelectual é defender o texto original sem interferir com sua própria opinião particular, mas não é só isso e iremos trabalhar essa reflexão com o filósofo Nilo Deyson. Existe o princípio da caridade, eu tenho que entender o texto até melhor do que o autor tenta expressar e isso faz toda a diferença ao ler todo um livro ou texto sem atropelar, ou mudar o propósito dele por conta de sua forma de pensar diferente.
Para que eu seja fiel ao argumento do outro, eu preciso ler e interagir com o pensamento do autor sem o condenar ou corrigi-lo a cada vírgula que eu não concorde.
Para que a comunicação aconteça, eu não posso eliminar o pensamento do outro lado que está se comunicando segundo seu próprio mundo e condicionamento.
A falácia do espantalho é a estratégia argumentativa ou retórica, ao invés de responder ao argumento de fato; se faz um argumento piorado deste argumento e isso acontece muito em epistemologia quando alguém estuda isso e tem a verdade como correspondência. Mas precisamos de noções alternativas como verdade, isso é importante. Se alguém te faz uma argumentação e você acha que entendeu, cautela! Pergunte se ela quis realmente falar que a situação X, significa W e espere a resposta dela. Nunca se deve interpretar nada sem conhecimento da causa e intenção. Não deixe que alguém te tenha por coisa que você não é, logo, posso fazer uma palestra sobre um tema específico, mas não quer dizer que penso como aquele tema sugere.
Exemplo: Posso defender o pensamento de Marx, mas não quer dizer que sou marxista.
Posso defender o pensamento de Kierkegaard, mas não quer dizer que sou cristão. Posso defender o pensamento de Nietzsche, mas não quer dizer que sou ateu. Posso defender o pensamento de Schopenhauer, mas não quer dizer que sou pessimista. Posso defender o pensamento de Sêneca, mas não quer dizer que amo o destino que tenho. Posso defender Hegel e Kant, mas não quer dizer que sou uma incógnita.
Lugar de fala, por exemplo, é o relato que eu dou sobre a realidade que parte de algum lugar em mim. O relato que dou sobre a realidade é meu, mas não é o único que é possível de ser herdado. Isso implica seus valores, isso implica suas vivências e você tem um lugar de fala porque todo mundo tem um lugar de onde fala. Essas falas não saem de lugar nenhum, elas saem de lugares determinados e implica a cidade onde se nasce, implica a idade que se tem, implica no contexto contemporâneo da sociedade da qual se está inserido e suas crenças, implica experiência, implica o repertório que você construiu, implica os interesses que você luta para defender ou atacar. É neste lugar que fica o lugar de fala. Lembrando que não necessariamente precisa ter a experiência para se defender de um assunto específico.
Por exemplo: um branco pode defender causas de negros, inclusive pode escrever até um livro que faça todo o sentido. Não se invalida de onde saiu a defesa, ou seja, é possível não ter vivido a experiência, mas poder ter uma riquíssima orientação de investigação. Exemplo: Se uma pessoa que está sofrendo em um relacionamento, mas não consegue enxergar isso, e uma pessoa de fora consegue observar esse sofrimento de fora, logo, nem sempre quem está dentro da ilha enxerga toda a ilha, senão quem está fora dela. A experiência a contento, nem sempre a pessoa que passa pela experiência a contento saberá descrever ou terá noção da realidade por não poder ver em virtude de questões óbvias.
Não podemos ter a totalidade dos pontos de vista que há sobre o assunto, eu parto de um lugar, tenho um lugar de fala, sou imparcial, mas tenho uma posição definida, da qual só se coloca quando perguntado. A infidelidade intelectual também é se dizer ser totalmente imparcial sobre um tema específico, pois essa pessoa está com más intenções em conquistar a confiança da pessoa para benefícios próprios, logo todos possuem opiniões. Defendo a participação com equilíbrio, mesmo imparcial ou sem interesses, se tem uma postura, uma opinião.
Quais são as inclinações para as quais você se dirige? Quem é o desonesto intelectual? É quem se acha melhor do que o outro e se acha detentor da verdade, se acha o escolhido, o único que sabe tudo e que prefere não ser de direita nem de esquerda, nem criticar nada e ser amigo de todos; tudo para ganhar prestígio em seu ego e seu narcisismo em alardes de grande proporção.
O intelectual justo é aquele que não se acha maior do que ele é, pois, você não é tão erudito quanto você acha que é, nem tão inteligente como acha que é, logo, você se abre para humildade intelectual e a moral, ética e disciplina no sacerdócio acadêmico em desenvolvimento.
Os orgulhosos possuem uma imagem distorcida de si como sendo alguém tão superior que a humanidade não merece a própria presença dele entre pessoas tão superficiais, se achando o cara e sendo um frágil mortal. Você acaba de perder, assim, o princípio da filosofia que é se admirar por qualquer coisa e respeitar o outro como ele é.
Você também pode gostar
Qualquer conversa pode levar a uma conversa filosófica, qualquer conversa, se você for interessante, se você tiver humildade e experiência com a literatura filosófica com profundidade e souber conduzir e auxiliar a pessoa que chegou até você, na organização dos pensamentos sem tentar convertê-la, mas usar o poder intelectual para fazê-la enxergar pontos cegos infaláveis em que só a filosofia é capaz de enxergar e apontar reflexões de onde nascem soluções ou conclusões para uma nova pesquisa e sindicância.
Quantas vezes você se abriu para a possibilidade da honestidade intelectual?
Mude a partir daqui e fale só o que de fato for viável de tornar um diálogo em uma espécie de energia que muda e melhora a vida das pessoas neste caótico mundo.