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Iemanjá me ensina a navegar

Imagem de Iemanjá.
Renata Angerami / Getty Images / Canva Pro
Escrito por Nina Veiga

Nas religiões de matriz africana, Iemanjá é um orixá feminino conhecido como a Rainha do Mar. No dia 2 de fevereiro, a divindade é homenageada no Brasil. Então você pode aproveitar a data para celebrar essa força da natureza, conectando-se a ela. Inspire-se a partir do artigo de Nina Veiga, a seguir.

“Iemanjá, me ensina a navegar, como um peixinho dourado, nos seus braços quero estar. Brincando com areia, sou uma sereia, no balanço das águas para sempre quero estar. Iemanjá, com seu brilho cristalino, eu quero brilhar.”

Dois de fevereiro, dia de Iemanjá, Nossa Senhora dos Navegantes, sincretismo brasileiro desde os tempos que aqui atracaram as naus portuguesas. Este ano, o azul de Iemanjá, com suas águas translúcidas, se espalha por meus projetos. Oxalá, sua proteção me acolha nos mares que pretendo navegar.

Um tempo azul. Um tempo mar. Uma nau portuguesa se prepara para zarpar. Do continente avista-se o encontro dos elementos: mar e céu. Um escrivão a bordo e seus relatos. O corpo ao balanço se entrega. Letra movente. Ensaio em ondas de escrita e sal. Um fidalgo, capitão-mor. Pensares históricos. Expedições ao desconhecido. Mar outro. Falares, pensares, fazeres. Cartografias moventes de um fazer ancestral: navegar. Um tempo azul. Um tempo mar. Uma entidade-força emerge entre as ondas. Intensidade azul, perfumada e mulher. Braços abertos, mãos dedicadas a fazer espumas. Do mar avista-se o encontro dos elementos: céu e terra. Um tempo mar. Mergulhar.

As águas conservam a memória dos idos fazeres: fiar. Uma fiação portuguesa se abre ao cartografar. Um escritor andarilho e suas sombras. O corpo aos encontros se entrega. Afetos moventes. Ensaios em estares de lã e terra. Um artífice, oficineiro-mor. Fazeres históricos. Expedições ao desconhecido. Mundo outro. Falares, pensares, fazeres. Cartografias moventes de um fazer ancestral: fiar. Um tempo mar. Um tempo azul. Um tempo entre o céu e o mar. Uma aventura prepara-se para começar: navegar-fiar. Na proteção do manto azul do céu e da força de Iemanjá.

Pessoas carregando barco com oferendas para Iemanjá, em praia.
Brunomartinsimagens / Getty Images / Canva Pro

Uma entidade-força mergulha e apazigua o movimento das ondas. A lã cardada faz-se fio. Um fazer calmo e sereno. Preciso. A precisão artífice de um fiar. Uma entidade-força emerge e intensifica o movimento das ondas. Navegar. Cruzar as águas além-mar. Um fazer corajoso e potente. Arriscado. O risco artífice de um navegar. Marinheiro-artista, aventureiro-artesão. Fazeres oficineiros além-mar. Presença em contato com os elementos: terra, céu e mar. Presença em contato com pensares históricos. Expedições culturais. Fazeres milenares no intensivo do tempo. Pensares imanentes no intempestivo da ação. Um tempo azul. Um tempo estar. Navegar. Figura de proa cruzando o mar. Fiar. Escriturar. Relatos de um estar ao encontro do mar, do céu, em terra a fiar. Feitura antiga, encontro com o novo. Uma entidade-força aberta aos encontros. Mar, céu, terra, fiar. Entidade-força aberta à aventura do navegar.

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Sobre o autor

Nina Veiga

A artemanualista e ativista delicada Nina Veiga é doutora em educação, escritora, conferencista. Sua pesquisa habita o território da casa e suas artes, na perspectiva da antroposofia da imanência. É idealizadora e coordenadora do coletivo Ativismo Delicado e das pós-graduações: Artes-Manuais para Educação, Artes-Manuais para Terapias e Artes-Manuais para o Brincar. Desenvolve trabalhos de formação de artífices e escritores. Suas oficinas associam o saber teórico-conceitual às artes-manuais como modo de existir e à escrita como produção de si e do mundo.

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