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Ilusão e desprezo: a frieza por trás do encanto

Mulher de cabelos lisos e loiros cabisbaixa segurando e rasgando com as duas mãos um coração de papel vermelho. Ela veste uma camisa azul clara, apoia os cotovelos em uma mesa marrom e o fundo da imagem é branco.
Billion Photos / Canva Pro
Escrito por Giselli Duarte

Nem toda história de amor é duradoura. Algumas mulheres se veem com parceiros encantadores, mas que escondem frieza, manipulação e ignoram as necessidades emocionais da parceira. É crucial reconhecer sinais de alerta e valorizar o autocuidado, buscando relações baseadas em respeito e carinho genuíno.

Nem toda história de amor é para durar “para sempre” e algumas podem, inclusive, acabar de forma infeliz. Algumas mulheres encontram parceiros que parecem encantadores no início – atenciosos, amorosos e dispostos a fazer tudo para conquistá-las. Mas, por trás dessa fachada, pode existir uma personalidade fria e calculista, alguém que, na verdade, nunca teve sentimentos genuínos. Esses homens entram em relacionamentos sem um compromisso real, apenas para manipular, controlar e se beneficiar. É fundamental estar atenta e reconhecer os sinais de alerta desde cedo.

Em relações tóxicas onde não há ciúme, por exemplo, o controle ainda pode existir, mas de forma mais disfarçada e estratégica. Ele não demonstra ciúmes, porque o vínculo com a parceira não é baseado no afeto, e sim em uma necessidade de exercer poder ou garantir algum benefício pessoal. Muitas vezes, ele age de maneira indiferente, sem dar sinais óbvios de possessividade, o que pode fazer com que a mulher acredite que encontrou um homem “maduro” ou “desapegado”. Essa aparente calma pode esconder uma frieza emocional bem profunda, onde a ausência de ciúmes é, na verdade, indiferença.

Um dos sinais mais evidentes desse tipo de relação é a falta de empatia. O parceiro pode ser atencioso em público, mas, em momentos privados, ele é emocionalmente distante. Ele não se importa verdadeiramente com os sentimentos da mulher, e qualquer demonstração de afeto ou preocupação é calculada para atingir um objetivo. Pode ser para manter a imagem de um bom parceiro, evitar questionamentos, ou até garantir que a mulher permaneça ao lado dele, servindo aos seus interesses.

Outro comportamento característico é o constante desprezo pelas necessidades emocionais da parceira. Ele se recusa a discutir o relacionamento, evita conversar sobre sentimentos e reage com frieza sempre que algo foge ao seu controle. Para ele, as necessidades emocionais da mulher são vistas como um incômodo, algo que atrapalha sua própria conveniência. Em vez de acolher e apoiar, ele ignora, faz com que ela se sinta exagerada, dramática ou insuficiente por desejar proximidade e carinho.

A manipulação é outra ferramenta que esses homens utilizam de forma habilidosa. Não há ciúmes envolvidos, mas há um desejo contínuo de manter a parceira sob controle. Ele pode manipular com elogios vazios, fazendo a mulher acreditar que é especial, que ele vê algo nela que ninguém mais vê. Esses elogios são seguidos por ações que contradizem completamente suas palavras, mas que, no entanto, deixam a mulher confusa e desejando provar seu valor.

O desprezo velado é uma das armas mais eficazes em seu arsenal. Ao contrário de um homem ciumento que demonstra abertamente desconforto, ele age com superioridade, tratando a parceira como alguém inferior. Ele não precisa vigiar seus passos, porque sabe que já criou um ambiente em que ela duvida de si mesma e se esforça continuamente para agradá-lo. E, muitas vezes, quando ela questiona sua atitude ou tenta estabelecer limites, ele a desqualifica, tratando suas preocupações como infundadas ou sem importância.

Um casal composto por um homem e uma mulher estão sentados em um sofá cinza. A mulher está em destaque na imagem com a mão na cabeça e a feição do rosto aflita. O homem está ao lado da mulher na imagem, desfocado e olhando para frente.
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Esse comportamento calculado e frio é extremamente prejudicial porque mina lentamente a autoestima da mulher. Ao não mostrar afeto, ao tratar cada momento com uma distância emocional assustadora, ele faz com que ela se sinta invisível, como se não merecesse ser amada verdadeiramente. A mulher começa a questionar seu próprio valor e, aos poucos, perde a confiança em si. Isso pode fazer com que ela acredite que precisa se esforçar mais para receber a atenção que ele, intencionalmente, nega.

Um dos aspectos mais cruéis desse tipo de relacionamento é a capacidade do homem de alternar momentos de aparente carinho com longos períodos de desinteresse. Ele sabe exatamente como manter a parceira ao seu lado, oferecendo pequenas doses de afeto apenas quando sente que ela está prestes a se afastar. Ele a faz acreditar que há esperança, que talvez ele esteja passando por um “momento difícil” e que as coisas vão melhorar. Mas, na verdade, esses momentos de atenção são calculados, são apenas um meio para mantê-la presa, esperando por algo que nunca virá.

É fundamental que a mulher aprenda a reconhecer e confiar em seus próprios instintos. Muitas vezes, os sinais estão ali – aquele desconforto que não se explica, a sensação de que algo está errado, mesmo quando, na superfície, tudo parece bem. Se algo não parece certo, provavelmente não está. É importante lembrar que um relacionamento saudável é baseado em reciprocidade, respeito e cuidado mútuo. Um parceiro que verdadeiramente se importa não faz joguinhos emocionais, não mantém distância intencional para controlar, e não trata a parceira como uma opção descartável.

Além disso, é essencial compreender que ninguém tem a responsabilidade de mudar ou salvar outra pessoa. Muitas mulheres acreditam que, com paciência e amor, poderão “alcançar” o parceiro emocionalmente distante, que conseguirão derreter a frieza dele e criar uma conexão verdadeira. Mas a realidade é que ninguém deve se sacrificar para conquistar o mínimo de afeto. Cada pessoa é responsável por sua própria capacidade de se relacionar de forma saudável, e insistir em permanecer em uma relação tóxica, esperando que o outro mude, raramente resulta em algo positivo.

Imagem com três mulheres se abraçando, sorrindo, olhando para baixo e demonstrando apoio à mulher que está no meio das outras duas localizadas nas extremidades.
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É por isso que o autocuidado é uma prática essencial. Mulheres que estão em relacionamentos com parceiros frios e calculistas muitas vezes esquecem de si mesmas, na tentativa de agradar e receber algum tipo de validação. É fundamental recuperar o amor-próprio, reconhecer seu valor e entender que você merece ser tratada com respeito, consideração e carinho. O autocuidado não é apenas sobre pequenos prazeres, mas sobre se colocar em primeiro lugar, escolher seu bem-estar emocional e recusar qualquer forma de relacionamento que não contribua positivamente para sua vida.

Buscar apoio é igualmente importante. Conversar com amigas, familiares ou profissionais pode oferecer a perspectiva necessária para enxergar a situação com mais clareza. É comum que, em relacionamentos tóxicos, a mulher acabe se isolando, tanto por vergonha quanto por medo de não ser compreendida. Todavia, compartilhar suas experiências é uma forma poderosa de se libertar da manipulação e recuperar a clareza. Ter pessoas ao seu lado, que lhe ofereçam apoio e amor genuíno, pode ser a força de que você precisa para dar o próximo passo.

Se você está em um relacionamento em que se sente invisível, constantemente desvalorizada e emocionalmente esgotada, é hora de parar e refletir. Pergunte-se se esse relacionamento está realmente lhe fazendo bem, se ele está contribuindo para o seu crescimento ou se está apenas minando seu espírito. A resposta sincera pode ser dolorosa, mas também pode ser o primeiro passo para a libertação.

É importante lembrar que há vida além de um relacionamento ruim. Pode ser desafiador imaginar um futuro diferente quando se está presa a alguém que é emocionalmente distante e frio, mas a liberdade que vem ao se afastar de uma relação com um narcisista é libertadora. Recuperar sua independência emocional e reencontrar a si mesma é um processo de grande autodescoberta que vale cada esforço.

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Você merece mais do que palavras controladoras e afeto calculado. Você merece ser amada por quem você é, de forma genuína e incondicional. Nunca se contente com menos do que respeito, consideração e carinho verdadeiro. Abra os olhos e cuide do seu coração – ele é precioso demais para ser entregue a alguém que não sabe valorizá-lo. Um relacionamento deve ser um lugar de segurança, de crescimento e de apoio mútuo. Nunca aceite menos do que isso.

Embora o foco inicial deste texto tenha sido mulheres, a verdade é que qualquer pessoa pode acabar em um relacionamento tóxico, independentemente de gênero ou orientação. Comportamentos manipuladores e insensíveis não têm limites. O mais importante é perceber quando uma relação deixa de ser um ambiente seguro e se torna uma fonte de sofrimento e desgaste. Todos têm o direito ao respeito, ao cuidado e ao amor genuíno. Um relacionamento saudável deve ser um lugar de apoio mútuo e crescimento, nunca de controle ou manipulação. Cuide do seu coração e não aceite menos do que você merece.

Sobre o autor

Giselli Duarte

Eu sempre fui uma pessoa curiosa. Já me aventurei em diversas áreas, desde uma carreira corporativa até um curso de DJ. Sempre gostei de aprender, independentemente de o curso estar relacionado ao meu mercado de trabalho ou não. Afinal, é assim que os melhores insights são gerados, não é mesmo?

Sempre tive uma veia empreendedora, graças aos meus pais. Iniciei no mercado de trabalho como jovem aprendiz aos 14 anos e nunca mais parei de aprender e trabalhar. A partir dos 18 anos, comecei a empreender de fato, legalizando meu primeiro negócio com um CNPJ, e desde sempre trabalhei em projetos empreendedores, sejam eles tradicionais ou com uma intenção em virar uma startup, em paralelo ao meu emprego ou a trabalhos em forma de projetos.

Sempre trabalhei arduamente e nunca hesitei em colocar a mão na massa, além de desenvolver estratégias. Na verdade, foi exatamente por isso que gradualmente direcionei meu foco para a saúde mental e para compartilhar esse conhecimento com as pessoas. Já enfrentei o burnout duas vezes e, a partir da primeira experiência, busquei tratamentos complementares, como o Yoga e a meditação, aliados à medicina tradicional.

Essa busca pelo autoconhecimento me levou a uma formação em Hatha Yoga. Essa experiência não apenas aprimorou minha compreensão sobre equilíbrio e bem-estar, mas também me permitiu explorar terapias naturais, culminando em uma especialização em outras terapias.

Atualmente, como professora de meditação e podcaster no Insight Timer e Aura Health, encontrei plataformas para compartilhar técnicas que promovem paz interior e equilíbrio diante das demandas diárias.

O ápice de minha jornada foi a publicação do livro "No Caminho do Autoconhecimento", onde compartilho insights e aprendizados acumulados ao longo do caminho. Além disso, contribuí como co-autora em antologias poéticas.

Minha missão é inspirar outros a trilharem o caminho do autoconhecimento e crescimento pessoal, fornecendo as ferramentas necessárias para uma vida mais plena e significativa.

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