Há alguns anos, no Caminho de Santiago, após muitos quilômetros e uma sessão de liberação miofascial energética, um peregrino estava muito maravilhado com as sensações que surgiam em seu corpo e com todas as descobertas que ele estava fazendo sobre si mesmo naquele período.
Caminhar um percurso tão longo abre uma porta para a escuta do corpo. É preciso prestar atenção em como estamos nos sentindo, onde estão as dores, como estão os pés e os sentimentos, como está a alimentação, se há energia para mais ou é hora de descansar. É fundamental cuidar-se, acolher-se. Caminhar também traz memórias, histórias, sentimentos… Observando e sentindo o corpo, podemos entrar em um estado de meditação profundo.
Sinto que precisamos, como coletivo, cada vez mais escutar e respeitar a sabedoria de nossos corpos; deixar de tratá-los como meros veículos ou poços de preocupações estéticas.
Vejo todos os dias, em meus atendimentos, como o corpo vai traçando estratégias para compensar desequilíbrios e fragilidades, como a forma que ele adquire é reflexo de nossa mente e de nossas emoções, como realmente somos a unidade entre corpo, mente e espírito.
Em nossa sociedade criou-se uma hierarquia entre a mente e o corpo; a ilusão de que a mente “controla”. Até mesmo a maneira como nossa linguagem está estruturada deixa ver essa dicotomia: quando digo “meu corpo”, por exemplo, deixo claro que “eu”, “sujeito/mente”, “possuo”, estou “acima”, “decido”.
Recentemente assisti ao belo documentário Professor Polvo, e me chamou a atenção o fato de que o polvo, com suas centenas de ventosas espalhadas pelo corpo invertebrado, é, segundo o documentarista, aquilo que mais se assemelha a uma inteligência alienígena em nosso planeta. Pareceu-me maravilhosa essa ideia de toda inteligência espalhada pelo corpo!
Acredito que, embora diferente do polvo, também temos uma inteligência muito especial em nosso corpo. Recentes pesquisas apontam a fáscia como nosso grande órgão de percepção, em comunicação direta com o cérebro; a todo momento a fáscia está gerando informações sobre nossas sensações, dores, posturas, além de nos informar sobre nossa relação com o espaço. A fáscia, esse tecido sem começo nem fim, vasto, fluido, mutável, ainda tão misterioso, nos dá a sensação do próprio infinito dentro de nós.
E aí voltamos a Paolo, o peregrino do começo de nosso artigo.
No dia seguinte à sessão, pela manhã, antes de sair, disse-me que se sentia muito bem, que havia descansado profundamente e que tinha sonhado muito. Um dos sonhos havia sido muito marcante. Nele, chamavam-no “investigador do infinito”.
Naquela manhã fresca, ele fez questão de compartilhar comigo esse sonho, porque era exatamente assim que se sentia: um “investigador do infinito”, do infinito dentro.
Fiquei muito tocada com a imagem, com o seu compartilhar e com o brilho que havia em seus olhos.
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O infinito é fora, mas também dentro.
Para dentro também é infinito, território de tantas, tantas paisagens!
Grazie, Paolo, que maravilha de viagem!
E você? Tem investigado seu infinito?