Recebi um questionamento de um leitor sobre jejum intermitente e escrevi esse artigo para esclarecer alguns pontos importantes sobre o assunto.
Os processos metabólicos para o emagrecimento são complexos e individualizados. A dieta do jejum intermitente, por definição, é uma estratégia que envolve a restrição total ou parcial do consumo de energia (restrição que varia de 50% a 100%) em 1 a 3 dias por semana.
De acordo com estudos, ao realizar essa restrição poderá até ocorrer uma perda de peso substancial (5% a 10% do peso corporal inicial). No entanto, já foi comprovado que dietas da moda com menos de 1200 calorias/dia, em geral, não emagrecem de forma contínua e permanente, ou seja, comendo muito pouco, o indivíduo pode até ganhar peso.
Para uma vida saudável e manutenção do peso, a ingestão alimentar de um indivíduo deve obedecer à necessidade calórica diária estabelecida de acordo com suas características fisiológicas, pois o organismo necessita de calorias suficientes para as suas funções vitais e suas atividades, conforme citado no artigo “O mal da fome: o que nosso corpo está pedindo?”.
Desta forma, não é aconselhável seguir dietas com calorias inferiores ao seu gasto energético basal (GEB), pois este depletará a energia acumulada, e o sistema nervoso trabalhará como poupador de energia (situação de defesa). Quando o indivíduo voltar a consumir calorias normais, o organismo passará a armazená-las com maior facilidade, fazendo com que ganhe peso mais rapidamente, o que chamamos de síndrome da privação.
Talvez este mecanismo justifique porque tantas pessoas, após dietas restritivas, recuperam o peso perdido. Vale ressaltar ainda que um estudo realizado na Universidade de São Paulo em 2014, em animais, demonstrou que o jejum intermitente foi capaz de prevenir o ganho de peso, mas pode causar alterações metabólicas como a desregulação dos mecanismos cerebrais de controle do apetite.
Nos dias liberados para alimentação poderia ocorrer uma ingestão excessiva, uma vez que não ocorre a saciedade. Sendo assim, o jejum intermitente (e outras alternativas de restrição de tempo de alimentação) por tratar-se de uma estratégia restritiva e perigosa, além da falta de estudos de longo prazo comprovando a sua eficácia e seus riscos, deve ser encarada com cautela.
As recomendações atuais para o emagrecimento envolvem a alimentação saudável e a prática de atividades físicas. Elas ressaltam ainda a importância para o fracionamento individualizado das refeições, evitando, assim, alimentar-se com muita fome para não exceder o volume adequado.
No entanto, ainda não está claro também se essa recomendação é válida para todos de uma maneira generalizada. Portanto, sugere-se a busca de um profissional nutricionista para realizar as adequações ao seu plano alimentar e estilo de vida que possa garantir um emagrecimento saudável e sustentável.
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