Gostamos de julgar os outros. Olhamos o mundo através de nosso prisma pessoal, classificando as pessoas como boas ou más, suas ações como sendo certas ou erradas. Qualquer palavra dita, qualquer deslize cometido, segundo os nossos valores, pode contaminar a nossa percepção sobre o conceito que temos em relação àqueles que nos cercam.
O mundo, as pessoas e, enfim, a realidade que está à nossa frente, são produto de nossas emoções e pensamentos interiores, aqueles que estão dentro de nossa alma. Tudo que está ao nosso redor é, na verdade, um espelho de nossos sentimentos e vibrações mentais. Nós construímos a nossa realidade e atraímos as pessoas e circunstâncias que criamos antecipadamente, em nosso interior. Assim sendo, quando julgamos os outros, estamos julgando, verdadeiramente, a nós mesmos.
Olhamos nos outros os defeitos que estão incrustrados dentro de nós, mas não temos capacidade de enxergar, quanto mais de reconhecer. Nossos buracos e sujeiras são muito feios para que “sejam nossos”.
Nossa parte negativa, aquela que nós não admitimos ter, só conseguimos apontar nos outros. Por isso, nosso semelhante aparece em nossa frente, para que possamos olhar nossos defeitos, de forma mais clara e perceptível. Assim, podemos apontar o dedo e dizer: “Eis aí o defeito”. Mas o que fazemos, até instintivamente, é apenas apontar e condenar o outro. Poucos têm a capacidade de reconhecer os seus próprios erros e fraquezas na pele de outras pessoas.
Pois então, paremos por um momento para refletir se ao menos parte daqueles defeitos que enxergamos no outro não faz parte de nós também. Fazendo assim, construiremos um mundo de paz e misericórdia, mais justo e humano, com base no perdão e na justiça. Grande parte da ruína e caos em que vivemos passa a ser desfeita quando passamos a agir com amor e respeito ao próximo, independentemente de suas ações passadas. Mesmo que alguém tenha cometido alguma falta, o julgamento torpe e desnecessário deve ser evitado, pois, na mesma medida que julgamos, seremos julgados. Não sabemos, enfim, as condições que levaram as pessoas a agirem da forma como agiram.
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Julgue os outros com benevolência, e a si mesmo com rigor. Essa é a forma de julgamento que livra o mundo do autoritarismo, das injustiças e dos conflitos.