Dia Nacional da Leitura
Desde pequena, eu tive verdadeiro fascínio pelos livros. Sabe quando você olha para um livro com a cara de quem achou um tesouro? Pois é, era assim mesmo que eu ficava toda vez que um livro caia em minhas mãos.
Minha cartilha de primeiro ano chamava-se: “Onde está o patinho?”. Lembro que eu tinha o maior carinho e cuidado com ela. Adorava folhear, ler e reler. No ano seguinte ao meu primeiro ano na escola, a minha mãe emprestou a cartilha para a filha de uma vizinha que acabara de entrar na escola. Fiquei com um ciúme danado. Não queria me distanciar do meu livro, aquele que me iniciou nas aventuras da leitura. Quando ela me devolveu, ao final do ano, a capa estava rasgada, emendada com uma fita crepe. Imaginem a minha cara de alegria… Uma profanação! Bem, mas já superei esse trauma e louvo a atitude da minha mãe que permitiu à outra criança o acesso ao aprendizado. Parabéns, mamãe!
Ler é um prazer enorme para mim! Viajar em histórias e informações, personagens e casos, castelos, cidades e países. O cheiro do livro novo: o mistério, o desconhecido, a esperança de encontrar algo novo e inusitado! O cheiro de livro velho: o conhecimento, a tradição, a história e a ancestralidade. Seja como for, os livros são capazes de nos levar para lugares distantes, dentro ou fora de nós.
Novas tecnologias têm nos facilitado o acesso aos diversos conteúdos, seja por livros virtuais ou conteúdos da internet. A questão é que, na maioria das vezes, o acesso à leitura por meios tecnológicos traz fotos e imagens descritas no texto, minimizando a necessidade de uso de nossa capacidade de traduzir palavras em imagens mentais. Sim, eu sou um pouco romântica em relação a isso! Os celulares, as mensagens truncadas e os emoticons/emojis agilizam a comunicação, solicitando cada vez menos a capacidade da leitura e, por consequência, a escrita também é sacrificada. O segredo está no poder escolher, em fazer com que essas formas nos prestem um serviço, mas não nos limitem.
Cito aqui uma frase de Bill Gates sobre livros e leitura: “Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever, inclusive a sua própria história.”.
Por outro lado, compreendo e valorizo o fato de que essas novas possibilidades ajudam a disseminar conteúdos que antes eram restritos àqueles que podiam adquirir livros, revistas, jornais, etc.
Segundo uma pesquisa chamada Retratos da Leitura realizada em 2016 pelo Ibope, a pedido do Instituto Pró-Livro, 44% da população brasileira não lê e 30% nunca comprou um livro. Nem vou entrar na questão do analfabetismo funcional, da dificuldade financeira em adquirir um livro, do sistema educacional que enfrenta muitas dificuldades para estimular crianças e jovens à leitura. Esse é um assunto que custaria artigos e mais artigos.
Quero me ater ao prazer da leitura que deve ser despertado logo na infância. Além da oportunidade de estar mais perto dos pais, quando uma criança é estimulada com boa literatura desde a tenra idade, ela desenvolve a sua imaginação, cria um referencial e ainda tem a sua formação cultural enriquecida.
A leitura permite colocar em discurso quaisquer temas sob um olhar compassivo e empático. A criança descobre por meio de personagens e histórias aquilo que é diferente de seu contexto, outros hábitos e culturas. Toma conhecimento de mundos diversos ao seu e tem a chance de se tornar mais tolerante e compreensiva com realidades diversas à sua. E quer saber? Isso também serve para os adultos!
Independentemente da forma, ter acesso à leitura de bons conteúdos é fundamental para a formação da capacidade crítica e imaginativa dos indivíduos de uma sociedade. Como dizia Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros.”.
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