Eles tentaram, bem que tentaram, mas eu só posso ser vencido por mim mesmo.
Abriram imensas covas sob meus pés e me cobriram com terra. Eles só não sabiam que eu faria amizade com as formigas, aprenderia com elas o trabalho em equipe que transforma barreiras em atalhos, além de aprofundar minhas raízes em mim mesmo.
E, então, decepcionados com meu sucesso, eles resolveram me atirar no mar, para que eu sucumbisse. Foi perda de tempo. Nas profundezas, contemplei a beleza e a liberdade dos peixes, que me ensinaram que um naufrágio pode ser o início de muitas coisas. E dos tubarões eu ganhei o respeito, além de importantes lições de persistência e determinação.
Não satisfeitos ao perceberem que eu continuava, lançaram-me ao fogo. E as chamas implacáveis tentaram me arder, mas fui eu quem as consumi. Não demorou para que eu aprendesse que quanto maior o calor, mais forte é o aço. Também aprendi que só o fogo mais intenso seria capaz de purificar o ouro de minha alma.
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Foi então que eles tiveram a ideia de me aprisionar na escuridão. No começo, confesso que tive medo, mas depois percebi que nem a treva mais densa poderia apagar meu brilho. Foi necessário que eu caminhasse na mais turva escuridão para que pudesse perceber a beleza de minha luz.
Já em desespero, eles quiseram me trancafiar num cemitério, imaginando que sepultariam minha vontade de lutar, de viver, meu anseio de existir e de vencer. Aprendi entre as muitas histórias das lápides que nenhum sonho deveria ser sepultado, porque é diante da morte que aprendemos o valor da vida.
Por fim, já cansados de tentarem acabar comigo, lançaram-me ao espaço sideral, para que a solidão do universo dilacerasse minhas forças e envenenasse minha esperança. E lá se foi outra tentativa vã, pois foi fácil aprender a brilhar com as estrelas e iluminar como o sol que a todos aquece, ou ainda ser a inspiração de tantos, como a lua.
E caminhando no firmamento, aprendi a mais valiosa lição: o que faz uma mesma distância ser longa demais ou muito próxima é o tamanho do seu mundo.