A palavra “limites” tem sua raiz no latim limes, que significa “fronteira” ou “divisa”. Desde sua origem, essa palavra define o que separa, o que marca o final de um território — algo que pertence a um e não ao outro. Com o passar do tempo, esse conceito se expandiu para muito além de territórios físicos, invadindo as esferas mais íntimas e subjetivas de nossas vidas: as relações, os sentimentos, e o que permitimos ou não em nosso espaço pessoal.
Nós somos nosso próprio território. Somos a casa onde moramos, a terra que cultivamos. Assim como uma propriedade precisa de muros que protejam o que está dentro, nosso corpo, nossa mente e nossas emoções também precisam de fronteiras claras. O que pertence a nós é sagrado, e o que pertence ao outro deve ser respeitado. No entanto, muitas vezes, falhamos em demarcar esses limites, permitindo que as pessoas avancem e invadam o que nos é mais precioso.
Imagine uma casa sem portão: qualquer um entra e sai. O mesmo acontece quando não mostramos ao outro até onde ele pode ir, seja no contato físico, nas palavras, ou na maneira como nos tratam. Se uma pessoa te desrespeita uma vez e você não reage, não estabelece de imediato que houve uma violação, o desrespeito se tornará recorrente. E assim, o limite, que deveria ser claro, desaparece na confusão.
Colocar limites é um ato de cuidado consigo mesma. Significa dizer “não” quando o “sim” custa a sua paz. Significa também ter a coragem de se afastar quando a presença do outro ultrapassa o suportável. Não é fácil, mas é necessário, porque sem essa capacidade de dizer “basta”, arriscamos perder o controle sobre o que é nosso. E não me refiro apenas a objetos ou espaços físicos, mas à nossa dignidade, ao nosso valor e à nossa tranquilidade.
Como fazer isso? Como encontrar a força para erguer esses muros invisíveis, porém essenciais? A resposta está no autoconhecimento. E uma das formas mais simples e poderosas de iniciar esse processo é através da escrita. Pegue um caderno e escreva sobre tudo o que te incomoda, sobre aquelas pequenas e grandes invasões que você permitiu ao longo do tempo. Pergunte-se: por que as pessoas agem assim? E mais importante: por que você tem permitido que isso aconteça?
A escrita pode ser sua aliada nesse processo de transformação. Reflita sobre como gostaria que as coisas fossem diferentes. O que você gostaria de aceitar e o que é inaceitável para você? Quando você delimita seus limites com clareza, algo mágico acontece: você se conhece melhor, sabe o que te faz bem e começa a atrair relações e situações que respeitam esse novo território.
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Assim como um terreno precisa ser medido para definir suas divisas, nós também precisamos nos medir — não para nos limitar, mas para nos proteger e honrar o que é nosso. E lembre-se: quem define o que é aceitável ou não na sua vida é você. Cuidar dos seus limites é cuidar de si mesma, é respeitar o seu espaço e exigir que os outros também o façam.
Porque, no fim das contas, a paz que você constroi dentro dos seus limites é o bem mais precioso que você pode preservar.