Você já algum dia parou para imaginar como vai ser quando envelhecer? É costumeiro que levantemos esse questionamento quando ainda somos muito jovens e queremos especular sobre os efeitos da transitoriedade e finitude da vida. Contudo, é de extrema importância levarmos nosso envelhecimento em consideração para nos planejarmos para o futuro. Logicamente esse planejamento não é pautado em especular que tipo de idoso você vai ser na vizinhança ou muito menos como você pretende desfrutar do descanso concedido pela sua aposentadoria (se é que você vai conseguir se aposentar um dia).
Brincadeiras à parte, não é muito fácil ser velho no Brasil. Um país onde a longevidade saudável da sua vida depende não só de você e das suas práticas rotineiras em prol da saúde, que inclusive são praticamente impossíveis de serem adequadas à rotina exaustiva de trabalho a que a maioria precisa se sujeitar. Mas também depende muito do lugar onde você nasceu, do nível de instrução que você possui e inclusive da sua cor.
A desigualdade brasileira impacta diretamente na qualidade de vida que você terá quando envelhecer.
Alguns dizem que cabeça é como vinho, melhora ao longo dos anos, mas não é bem isso que a ciência diz. Basicamente, sua capacidade funcional e cognitiva é deteriorada com o passar do tempo. Assim, realizar atividades básicas do dia a dia se torna uma tarefa muito mais difícil, e segundo análises, se você não teve acesso a uma educação de qualidade e não buscou maneiras de exercitar seu cérebro na sua vida adulta, você sofrerá muito mais com os riscos. Além disso, um estudo realizado desde 1997 com uma população de velhos em Bambuí (MG) comprovou que a carga genética dos antepassados pode influir na inclinação para o desenvolvimento de doenças. Ou seja, se o leitor é branco, mais uma vez se mostrou privilegiado na sociedade, pois sua ancestralidade genômica muito provavelmente não apresenta casos de desfavorecimento em âmbitos de saúde, diferentemente das pessoas que têm ascendência africana, que por normalmente possuírem menos recursos sofrem com piores condições de saúde.
É preciso mais sensibilidade social para lidar com o público idoso brasileiro.
Por mais incrível que pareça, a expectativa de vida no Brasil vem crescendo, e cada vez mais teremos pessoas lidando com o revés do passar do tempo por aqui. Por todos os motivos anteriormente citados e mais inúmeros que não cabem em um só texto, precisamos impulsionar a educação para formar melhores cabeças que se exercitarão com frequência no futuro, diminuindo os riscos de deterioração cerebral que a velhice traz. É fundamental realinhar sistemas de saúde e promover, inclusive nos cursos de medicina, maior atenção aos problemas do envelhecimento e seus diversos tipos de tratamento.
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Bertrand Russel já antes nos advertiu com sua pena pelo sofrimento humano: “Velhos desprotegidos – odiosa carga para seus filhos – e o mundo inteiro de solidão, pobreza e dor transformaram em arremedo o que a vida humana poderia ser”.
Não podemos deixar que o futuro dos mais velhos, que um dia foram sinônimo de sabedoria e símbolo de respeito em muitas sociedades, se torne algo parecido com um estorvo em nosso país. Muito precisa ser feito para lidar com os nossos idosos, e é fundamental nos atentarmos às incontáveis adversidades que o tempo pode trazer para assim conseguirmos pautar e coordenar nossa vida em prol de envelhecer tranquilamente.
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