Olá! Recentemente, ganhei mais um presente maravilhoso, uma netinha que é uma benção e a alegria de nossa família.
A Marina, atualmente com oito meses de idade…
De fato, o papel de avó é tão doce e adorável como sempre ouvi que seria…
Inevitavelmente, desde a gestação, começaram em casa as conversas deliciosas sobre o bebê, os cuidados, o que fazer, o que não fazer de forma nenhuma para que a gente consiga criar pessoas saudáveis e sadias emocionalmente, procurando organizar um básico manual de instruções, já que o pacotinho não vem com um.
E seguindo a proposta do site, vou partilhar os conhecimentos aqui da forma como faço com meus filhos, que não estão em busca de informações técnicas ou conceituais, mas que querem saber o que fazer para criar uma pessoa sadia sob todos os aspectos e preparada para sobreviver às frustrações que a vida nos oferece sem que sucumbam a elas.
De uma forma divertida, intitulei esta série de artigos sobre o desenvolvimento da criança de “Manual Básico da Criança”, numa clara alusão ao desejo de todas as mães, pais e cuidadores de que o pacotinho viesse acompanhado de um deles….
Apesar da linguagem simples, todas as informações aqui passadas têm base nos estudos de grandes médicos, psicanalistas especialistas em desenvolvimento infantil como Melanie Klein, Donald Wood Winnicott, Karl Abraham e, claro, Sigmund Freud, o pai da psicanálise.
Conhecendo a importância dos cuidados e afetos que nós adultos, pais, avós, precisamos ter com nossas crianças, estaremos colaborando para o seu desenvolvimento sadio sob todos os aspectos, sendo suficientemente bons e estando suficientemente preparados para essa tarefa.
O nosso desenvolvimento cerebral inicia-se na segunda semana da gestação e termina por volta dos 25 anos, quando se completa a formação do córtex pré-frontal. As experiências que vivemos moldam de forma funcional os nossos neurônios e nossos circuitos cerebrais, adaptando-se às necessidades exigidas pelo meio. Chamamos esta capacidade de Plasticidade Neuronal, que é extremamente maleável na infância.
Nas fases da infância a criança está muito sensível às influências do ambiente e isso interfere de forma significativa no seu desenvolvimento, por isso proteger a infância é essencial! Até os 7 anos a criança é uma esponja e absorve tudo o que lhe é passado por suas fontes tidas como seguras, como pais, avós, escola, familiares e amigos próximos em quem ela confia, já que não tem condições de julgamento e avaliação.
Então, muito cuidado para não dizer coisas negativas para suas crianças, pois o que você disser será uma verdade para ela, e quando negativo pode virar uma crença limitante que a acompanhará, boicotando sua vida de forma inconsciente pelo resto dos anos, até que algum dia ela atente-se às más experiências que se repetem e vá buscar ajuda. Se for.
Falaremos nessa série de textos sobre as fases pré-genitais, que é o termo que usamos na psicanálise para qualificar as pulsões que transitam pelo nosso sistema neurológico antes da consolidação sexual do ser humano. Chamamos de pulsão o transporte de energia pelo nosso sistema neurológico.
As fases pré-genitais tratam-se da evolução da libido, energia de vida que todos temos, onde as pulsões são parciais, ou seja, o prazer é de órgão, e nesta época o desenvolvimento não se restringe à sexualidade da criança, mas também à sua personalidade.
As fases pré-genitais são divididas por idades, aproximadamente, desta forma:
- Fase Oral, dos 0 a 2 anos de idade.
- Fase Anal, dos 2 aos 4 anos de idade.
- Fase Fálica, dos 4 aos 6 anos de idade.
- Período de Latência, dos 6 aos 11 anos de idade.
- Fase Genital, dos 11 aos 25 anos, aproximadamente.
Vale explicar que as fases não são estanques, elas se sobrepõem, e uma personalidade sadia é constituída a partir de uma boa estruturação dessas fases. Uma após a outra… Tanto a falta, excesso ou algum trauma ocorrido podem deixar lacunas e incorrer em uma fase mal feita.
Chamaremos de fase mal feita ou fase ruim aquela em que os objetivos do desenvolvimento não foram atingidos e, portanto, a criança poderá passar para a próxima fase de forma comprometida, assim como ser promovido para o segundo ano sem ter aprendido o que precisava no primeiro.
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Pode faltar base para todo o resto que virá e, assim, consecutivamente, fase após fase. A inadequação em alguma das fases pode causar o que chamamos de fixação nela, e isso sempre será patológico, ou seja, adoentado….
Fixação é quando a pessoa fica presa emocionalmente a alguma época da vida por algum motivo que a tenha marcado e regride emocionalmente frente a determinadas situações na vida adulta, como se não conseguisse passar de fase em um jogo e segue buscando o que não teve ou não conseguiu.
Acho interessante falar também sobre Imago.
Imago é uma realidade psíquica que a criança cria em sua mente. É como se ela tivesse visto ou vivido alguma situação da qual teve impressão ou sensação, sem que isso de fato tivesse ocorrido.
Traumatiza da mesma forma, uma vez que o que vale e, portanto, o que trabalhamos em terapia é a realidade do paciente, e isso pode ser um pouco mais trabalhoso para os pais, já que o fato não existiu e eles não imaginam o que se passa na cabecinha e no coração da criança, que muitas vezes reage a isso, causando aos pais estranheza, e não compreendem a hostilidade, raiva ou indiferença da criança.
É importantíssimo também saber que temos um sistema límbico, que é a unidade do nosso sistema nervoso responsável por nossos sentimentos e comportamento social e fica localizado na parte mediana do nosso cérebro. É onde elaboramos nossas emoções durante toda a vida. Temos um texto sobre o sistema límbico que pode esclarecer muita coisa.
Isso tudo esclarecido, começarei a primeira fase no próximo texto, lembrando que estarei tratando de desenvolvimento psicosexual e da personalidade, posto que a importância das necessidades básicas estruturais para que uma criança seja bem tratada envolvendo cuidados com segurança, alimentação e saúde é óbvia e está em primeiro lugar na escala das necessidades do ser humano.
Continue acompanhando o Manual Básico da Criança: