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Manual Básico da Criança – Fase Oral (Texto 2/6)

Criança brincando com brinquedos no cadeirão
Oksana Kuzmina / Shutterstock.com

Dando continuidade no assunto de como se dá o desenvolvimento da criança do ponto de vista psicosexual e sua personalidade, começaremos falando da Fase Oral e do que uma criança precisa para desenvolver-se de forma saudável.

O texto introdutório ao assunto está aqui explicando que uma personalidade sadia é constituída a partir de uma boa estruturação das fases de desenvolvimento, e que a inadequação em alguma delas pode produzir desarmonias tanto no desenvolvimento sexual como no relacionamento psicossocial, podendo ocasionar desajustes comportamentais e orgânicos.

Bebê colocando bexiga de aniversário na boca

A Fase Oral é aquela que vai do nascimento do bebê até aproximadamente os 2 anos de idade e foi chamada de Fase Sádico Oral por Melanie Klein, de Fase Oral ou Canibalesca por Freud e dividida entre Fase Oral e Fase Sádico Oral por Abraham.

Esses termos Sádico, Canibalesca vêm de estudos mais profundos sobre a criança sentir prazer e ter o desejo de sucção x desejo de morder o seio da mãe na fase da dentição, e também quanto ao desejo de esvaziar o seio, “destruir o objeto”, mas essa abordagem é bem mais psicanalítica e poderemos aprofundar em outro momento, já que a proposta desta série é ser algo bem prático.

A Fase Oral é a primeira fase da evolução da libido, que é a nossa energia de vida, e neste período está sob o primado da boca, daí o nome Fase Oral.

O cérebro do bebe, nesta fase, entende todo prazer pela boca.

Além da boca, vale considerar  aqui também, a pele e o trato intestinal.

Todo seu prazer se dá pela boca, então ela chora, mama, chupa o dedo, leva todos os objetos à boca..

A boca é seu contato com o mundo!

Essa é a fase da formação da segurança física, psicológica e dos seus modelos e isso acontece por meio do seu contato com a mãe.

É a época da estruturação emocional, em que o toque, os cuidados, o contato físico com a mãe ou cuidador e a proteção recebida são fundamentais para seu desenvolvimento. Apesar de nessa fase a criança ser puro instinto e totalmente dependente, aqui já começa a formação da sua personalidade.

Homem em frente a um bebê colocando uma bolinha de brinquedo na boca

O primeiro objeto de prazer dessa criança é o seio da mãe, e a mamada é considerada sua primeira vivência de satisfação neste mundo, o que já ensina a ela o que é desejo.

O bebê passa a desejar o seio da mamãe pra mamar.

Nessa época, por meio da amamentação, inicia o aprendizado de carinho, de proteção, do toque, que lhe trarão segurança física e psíquica, e assim estabelecera a relação com os objetos como Agradável ou Desagradável, conforme for sua experiência na amamentação, seja ela no peito ou na mamadeira.

O prazer oral do bebê está relacionado à incorporação, quando suga e digere o leite.

É muito importante e seria o ideal que o bebê, nessa fase, fosse cuidado sempre pelo mesmo adulto, de preferência a mãe, porque ele está no que chamamos de Fase do Espelho, e pelas células espelho a criança aprende a fazer o reconhecimento de sua identidade e a criar vínculos com outras pessoas.

Infelizmente, nos dias modernos, nem sempre isso é possível, porque as mães precisam ou querem trabalhar e esta exigência nos fez condicionar nossos filhos a outras pessoas. O menos pior seria que a troca do cuidador fosse a menor possível.

Uma fase oral bem feita ou mal feita influenciará significativamente em sua personalidade.

Mulher segurando bebê ao lado de coqueiros

Vou explicar de forma simples e muito abreviada o que seria considerada uma boa fase e uma má fase:

Boa fase:

O bebê recebe bons cuidados dos pais, recebe contato fisico e sempre é pego no colo, recebe beijo, abraço, carinho e é atendido quando chora, enfim, recebe a segurança física de que necessita e sua necessidade de sugar e incorporar também é atendida nas mamadas.

Como consequência esta pessoa tenderá a repetir esta boa relação no futuro, lidando inclusive melhor com as perdas, angústias, ansiedade e, provavelmente, não terá problemas de dependência emocional.

Má fase:

Aqui o bebê não recebeu todas estas provisões de que necessita conforme citadas acima, ou as recebeu em excesso e, neste caso, provavelmente, ficará fixado nesta fase, lhe trazendo prejuízos como tornar-se uma pessoa abandonica, numa busca patológica constante por elogios, beijos, abraços, carinho e por ser amado.

E o que chamamos de “Magro de Provisão”. A criança pode ficar fixada nesta fase devido à falta do que não teve e poderá perceber em sua vida adulta pessoas e objetos como seus “provedores de alimento.”

Esse indivíduo pode ter as características de comer muito, falar muito e de forma ansiosa, apresentar dependência emocional, já que sentirá constante sensação de abandono. Poderá ser  considerada adicta, sempre em busca de provisões externas e exigirá sempre muito das pessoas e das situações para sentir-se segura.

No outro extremo poderão apresentar dificuldade de contato físico como beijar e abraçar. Poderão  ter também angústia acentuada, tendência à asma e bronquite e até ao Transtorno Bipolar e Esquizofrenia, caso tenha o componente genético.

Se por alguma situação a criança achou-se mal cuidada, mesmo que não tenha sido, as consequências serão as mesmas.

Homem segurando bebê

Nessa fase, portanto, a criança precisa de um adulto que cuide dela, de preferência a mãe, para evoluir bem e tornar-se um adulto lúcido e saudável.

Resumindo…em condições normais de saúde e desenvolvimento o ideal seria sempre atender ao bebê.

E vale lembrar  que bebe chora mesmo, dá trabalho, sim, requer bastante cuidado, dedicação e paciência. Não existe essa coisa de torcer para ter um bebê bonzinho. Se ele for normal, vai chorar, vai acordar várias vezes durante a noite para mamar mesmo…

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Particularmente, eu tenho horror as técnicas de deixar o bebê chorar no berço para aprender a dormir sozinho, pois o pequeno ainda não tem condições de entender o que pretendem lhe dar como lição e passa por sensação de morte, de aniquilamento e isso é muito cruel.

Porém, já maiorzinho, com algum entendimento, e ja consiga acompanhar a mãe com o olhar para  saber que ela está por perto, seja prudente esperar até que o bebê chore ou resmungue pedindo pelo leite ou que aguarde alguns momentos curtos para que seja atendido, de forma a que ele aprenda  a esperar um pouquinho e saber que a mãe, o leite e o atendimento virão, e que tudo bem esperar um pouco, faz parte do aprendizado. Um pouco, é pouco mesmo tá gente? Alguns poucos minutos…é uma questao de bom senso, o tempo entre o resmungo e o choro de fato…as mães saberão dosar.

Esperar a criança pedir pelo que necessita e não dar o leite apenas pelo controle de horário é bastante saudável e evita muitos problemas futuros.

Mulher sorrindo ao lado de um homem que está segundo um bebê

Cuidado amoroso é do que a criança precisa nessa fase para aprender sobre segurança.

No próximo texto, falaremos sobre a Fase Anal.

Até lá!

Continue acompanhando o Manual Básico da Criança:

Sobre o autor

Monica Marchese Damini

Psicanalista Clínica e Editora do Eu Sem Fronteiras

Em certa altura da vida, senti o chamado para descobrir o que havia além da rotina, da vida material, do físico. Foram muitos os caminhos trilhados, muito estudo, muitas vivências e descobertas, muitos desafios, vários mestres. Gratidão a cada um deles.

Autoconhecimento, espiritualidade, física quântica, o universo, yoga, budismo, doutrinas, meditação, retiros, silêncio, corpo, mente, alma, o Ser, o Amor Maior.

Ser livre do mundo externo, do sofrimento de Maya, a ilusão.

Torna-se co-criador da própria realidade.

Colocar em prática o Dharma, o dom e recursos recebidos em prol da sociedade, privilegiar o Todo, trabalhar, estudar, compartilhar, amar, evoluir, sem apego ou aversão.

Despertar para o Divino em cada um de nós. Aprender a enxergar o Ego e deixar que ele apenas trabalhe a favor dos propósitos do Todo, aprender a praticar o desapego e a aceitação… tem que buscar, tem que querer, e eu quero!

Assim como eu, muitos estão nessa jornada, e com este propósito de nos juntar, criamos o Eu Sem Fronteiras, projeto amoroso de compartilhamento e ponte entre quem quer dar e quem busca receber todo tipo de informação e conhecimento, livre de dogmas, julgamentos e crenças, para que cada leitor aproveite o que desejar em cada momento de sua vida.

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