“Só tenho valor se eu agradar, as minhas emoções não importam, não posso ter sentimentos próprios”. Todas as vítimas possuem um medo subterrâneo de qualquer anuncio que possa significar uma possível rejeição, são portadoras da doença do “medo de cara feia”.
Pessoas que nascem dentro de sistemas abusivos parentais, desde muito cedo são doutrinadas a cuidar dos conflitos emocionais de seus cuidadores, num pacto inconsciente em nome de se garantirem em alguma segurança afetiva. Essa realidade não permite que crianças sejam crianças, sendo que os pais as castigam com toda sorte de humilhações, quando estas não cumprem com o papel à elas destinado. Como resultado e sem alternativas possíveis, muito antes do tempo, tais crianças vão se tornando pequenos adultos perdendo grande parte de suas espontaneidades.
Na medida em que as infâncias vão sendo roubadas, em primeiro aprendem a ficar atônitas e atentas aos humores dos pais, e na sequência, das pessoas com que vão se relacionando. Medo, vergonha e inibição são notas fortes dentro deste esquema.
Ao longo da vida, as vítimas não têm coragem de falar a verdade do que sentem ou percebem por medo de serem rejeitadas e de não receberem o carinho almejado. Como esse medo é avassalador, muitas desenvolvem-se na arte da sedução, sendo especialistas em detectar os sentimentos e desejos alheios. Sempre no intuito de serem vistos com benevolência, fazem o impossível para servirem a todos. Guiados pelo subterrâneo pavor de se sentirem isolados e desamparados, respondem ao mundo com forte tendência a submissão.
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A causa destes comportamentos vem da época de em que foram doutrinados e modelados a viverem em função das demandas parentais em meio a ameaças, de castigos como os pais ficarem por dias os ignorando, num tratamento de silêncio e de negligencia que evidenciava o quanto eles eram o problema. Estes pais jamais reconheceram um erro se quer de conduta por parte deles, jamais admitindo qualquer tipo culpa. Nessa macabra dinâmica abusiva, crianças se veem obrigadas a fazer toda sorte de demandas e nunca sabiam o que poderiam estar fazendo de errado e que frequentemente resultava em infinitas formas de retaliações. Como trauma de vida, o terror que se iniciou desde muito cedo, perpetua-se e o medo é como se o fim do mundo fosse acontecer novamente.
A dinâmica emocional recorrente é a da falência dos sentidos emocionais e das forças, o período de recuperação e a ilusão de que se pudesse ficar em paz, porém com o medo do retorno deste imenso mal-estar. A crença subliminar inconsciente, entre outras, é a de que “sou frágil, não posso suportar, não sou digno de ser amado, não sou uma pessoa boa e por isso cedo a tudo”.
A diferença entre vítimas e abusadores perversos está na consciência que podem ter sobre as manipulações em geral e também sobre o que as movem, bem como a capacidade de se sentirem culpadas e também poderem fazer importantes reflexões a ponto de se libertarem abandono que as vítimas e também seduz o outro manipulando, só que de forma totalmente diferente. Ele no principio também adula, faz tudo o que o outro quer, além de elogiar e de parecer ser um igual, mas quando percebe que o vínculo foi instalado, quando ele percebe que já conquistou, para não perder o tal vínculo, ameaça a sua escolha afetiva de abandono, que é o que ele e a sua vítima mais temem. Um jogo de poder e sedução. Quem será que ganha para não perder o vínculo? Aquele que manipula se submetendo ou aquele que manipula para que o outro sinta que precisa dele? Ambas variáveis pertencem ao mesmo tema. São dois lados da mesma moeda. Dois reféns da mesmíssima dor emocional. Um, de tanto terror que deve ter passado e, por não aguentar o medo do abandono, está totalmente dissociado destes primeiros e terríveis sentimentos; o outro, também está adoecido, só que não perdeu a consciência da sua dor e tem todas as chances para se recuperar.
Relações desta ordem, se iniciam com a assombração do efeito sobra, onde fatalmente em algum momento o abandono acontecerá. Um aprendizado excepcional para quem quiser desvendar e se libertar dessas redes ilusórias impedidoras de uma vida com mais qualidade. Todos podem pegar essa onda do despertar e com ajuda terapêutica eficiente surfar em sua própria cura emocional. Quanto mais despertos, melhor!