Maturidade, em geral, é entendida como aquilo que define se uma pessoa está preparada para lidar com os desafios que a vida pode oferecer. Ainda que exista uma crença de que somente a vida adulta traz dificuldades, a infância e a adolescência também podem ser momentos difíceis.
Seria adequado dizer que a maturidade se desenvolve em meio a uma dificuldade, em qualquer fase da vida? Será que maturidade é o nível de responsabilidade de uma pessoa pelas ações que pratica? Quais são as diferenças entre uma pessoa madura e uma pessoa imatura?
A seguir, você será convidada(o) a refletir sobre essa questão, compreendendo como a maturidade se desenvolve, como ela é entendida pela sociedade e como ela pode ser identificada em uma pessoa. Tire todas as suas dúvidas!
O desenvolvimento da maturidade
Os primeiros traços de maturidade se desenvolvem quando uma pessoa passa a compreender as próprias ações. Uma criança que tenta colocar o dedo na tomada, por exemplo, é levada pela curiosidade, sem consciência do que ela está, de fato, fazendo. Por outro lado, uma criança que vai até o banheiro para fazer as suas necessidades, já reconhece o que está fazendo.
Sendo assim, o primeiro sinal de desenvolvimento da maturidade é a consciência sobre um ato. O segundo sinal é o controle desse ato. Para tal, é preciso que haja um grau de discernimento entre certo e errado, por exemplo. Um adolescente pode sentir vontade de ingerir uma bebida alcoólica, mas, se ele for maduro, saberá que não deve fazer isso, por ser contra a lei.
Tendo consciência sobre as próprias ações e sendo capaz de controlá-las, uma pessoa já demonstra que ela adquiriu uma maturidade que era ausente na infância. O último estágio do desenvolvimento da maturidade é a responsabilização pelos atos. Uma vez que a pessoa compreende e controla o que faz, cabe a ela assumir a responsabilidade por isso, sabendo lidar com as consequências de atitudes corretas e incorretas.
Dessa forma, a maturidade se define pela conscientização, pelo controle e pela responsabilização. No entanto, esse processo de desenvolvimento da maturidade não tem uma data biológica para acontecer. Uma criança pode saber discernir o certo do errado e um adolescente pode assumir a responsabilidade pelo que faz, enquanto um adulto pode não fazer nem um nem outro.
Compreende-se, a partir disso, que a maturidade é uma forma de desenvolvimento pessoal para cada pessoa. Existem fatores que influenciam ativamente nesse processo: educação, cultura, socialização e identificação de alguma deficiência mental ou física.
Essas questões influenciam não só no desenvolvimento da maturidade mas também moldam o caráter de um indivíduo. É por isso que é difícil definir um padrão etário para o desenvolvimento da maturidade, ainda que haja alguns padrões que a sociedade define para isso.
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Maturidade perante a lei
A maioridade penal é o que define a partir de qual idade uma pessoa pode ser responsabilizada pelos seus atos. Ou seja, é o que define quando uma pessoa atingiu o ápice da maturidade e já pode responder por si mesma, de forma independente.
No Brasil, a maioridade penal é aos 18 anos de idade. Desde os 12 anos, uma pessoa que está em desacordo com a lei pode ser submetida a medidas socioeducativas ou ser inserida em um regime de reclusão da sociedade, ainda que não seja propriamente um presídio.
A partir disso, poderia se definir que aos 18 anos de idade uma pessoa já é madura o suficiente. Porém, em outros países do mundo, a maioridade penal é determinada para outras idades. No Japão, por exemplo, a maioridade penal é aos 21 anos. Nos Estados Unidos da América, aos 12. No Canadá, aos 14.
Essa discrepância de fases da vida durante as quais um indivíduo pode assumir a responsabilidade sobre o que pratica determina que a maturidade não é padronizada. Não existe um padrão etário, nem mesmo um padrão mundial que defina quando uma pessoa atinge o ápice da maturidade.
Maturidade e patriarcado
Quantas vezes você já ouviu que um homem agiu de determinada maneira porque ele ainda é um menino? Quantas vezes você já ouviu que uma mulher agiu de determinada maneira porque ela ainda é uma menina?
É provável que você já tenha ouvido inúmeras vezes que os homens não são responsáveis pelas próprias ações, que ainda são imaturos, que agem por vontade. Mas é pouco provável que você tenha ouvido as mesmas coisas sobre as mulheres.
Em uma sociedade patriarcal, a maturidade aparece para as mulheres de forma controversa. Uma mulher sempre será responsabilizada por suas atitudes e pelo que fazem contra ela, independentemente de quantos anos ela tenha.
Essa narrativa ganha força até mesmo em casos de pedofilia, quando um homem alega que uma menina o provocou sexualmente. O homem, que raramente é responsabilizado pelo que faz, tem mais chances de ser defendido pela população.
Isso também acontece com mulheres adultas, quando são vítimas de violência de gênero. Um homem pode agredir uma mulher de inúmeras formas, e em todos os casos ela será culpabilizada pela violência que sofreu.
Esse é um sinal de que a maturidade não é exigida dos homens, enquanto é exigida desde cedo das mulheres. Pense no que significam as expressões “mulher madura” e “homem maduro”.
Em primeiro lugar, “homem maduro” está mais associado à mente de um homem e menos ao seu corpo. Um homem maduro é exaltado, entendido como alguém que firmou sua posição na sociedade, que tem poder, que mantém a virilidade, mesmo sendo idoso.
No caso de uma mulher madura, entretanto, a questão é sobre a aparência dela. É sobre uma mulher que está envelhecendo e não atende ao padrão de jovialidade imposto pelo padrão de beleza. Raramente uma mulher madura será exaltada de forma não sexualizada.
Essas questões permeiam a definição de maturidade para cada um dos gêneros. As mulheres não amadurecem mais cedo que os homens. O que acontece é que elas são responsabilizadas por seus atos mais cedo.
Ao reforçar a ideia de que um homem desenvolve a maturidade quando está com a idade mais avançada, cria-se a impressão de que ele não precisa se responsabilizar pelas próprias atitudes até que a sociedade diga que ele errou (o que raramente acontece).
Maturidade e experiências ruins
Para outras pessoas, se a maturidade não se define pela idade ou pelo gênero, ela pode ser definida pela quantidade de experiências ruins que alguém já viveu. Esse pensamento é comum porque as pessoas acreditam que é esse tipo de experiência que faz uma pessoa adquirir uma nova postura sobre a vida ou repensar quem ela é.
A verdade é que nem sempre é isso que acontece. Uma pessoa pode acumular traumas profundos e ainda assim não ter maturidade para lidar com os novos problemas que surgem. Uma pessoa pode viver sem traumas e se responsabilizar pelos próprios erros, ouvindo conselhos e mudando a forma de pensar.
Experiências ruins não deveriam ser entendidas como necessárias para uma pessoa evoluir ou melhorar o próprio caráter. Experiências ruins são traumas que devem ser evitados e, quando inevitáveis, devem ser tratados.
O que define a maturidade de uma pessoa são os laços que ela constrói com familiares e com amigos, a capacidade que ela tem de discernir o certo do errado, as atitudes sobre as quais ela se responsabiliza, os desafios que ela assume e até a forma como se organiza. Sofrer não faz parte desse processo, nem é essencial para ele.
Como identificar uma pessoa imatura
Tendo reconhecido o que define a maturidade, é possível identificar comportamentos típicos de uma pessoa imatura. A seguir, você irá conferir quais são esses comportamentos e como é possível melhorá-los, caso você se identifique com algum.
1) Incapacidade de se responsabilizar pelas próprias atitudes
Uma pessoa que não assume os erros que comete é imatura. Para melhorar isso, ela deve compreender que todas as nossas ações trarão consequências, positivas ou negativas. Quando as consequências são negativas, é nosso dever reparar os danos, visto que foram causados por nós.
2) Dificuldade para lidar com diferentes pontos de vista
Lidar com diferentes ideias e pensamentos é o que permite o desenvolvimento da maturidade, visto que assim entramos em contato com mais de um conceito sobre o que é certo e errado, nos tornando capazes de julgar melhor uma situação. Uma pessoa que não respeita isso é imatura. Para amadurecer, ela deve se abrir para a diferença e respeitar as pessoas que não são como ela.
3) Recusa do controle sobre as próprias ações
É comum que uma pessoa imatura se recuse a seguir as atitudes que seriam as mais corretas em determinadas situações. Ela acredita que pode agir sem senso crítico e que nada de ruim irá acontecer com ela ou com outras pessoas. Uma pessoa madura é capaz de assumir o controle sobre o que faz e agir sempre de acordo com o que trará as melhores consequências.
4) Dependência exacerbada de outras pessoas
Nesse caso, é preciso considerar que, em algumas fases da vida, a dependência é inevitável. Depois de obter a independência financeira e de construir uma nova vida, por exemplo, espera-se que uma pessoa não dependa essencialmente de outras para resolver problemas simples. Uma pessoa com a maturidade desenvolvida deve ser capaz de lidar com desafios sem recorrer ao auxílio constante de terceiros.
5) Utiliza estratégias inadequadas para conseguir o que quer
Uma pessoa imatura, que não tem poder sobre as próprias ações e que não se responsabiliza por elas, busca em outra pessoa a realização de seus projetos. Quando ouve um “não”, lança mão de chantagem emocional, por exemplo, por não ter capacidade de defender o que acredita. A maturidade permite que uma pessoa seja capaz de dialogar com outra sem fazer uso de recursos agressivos.