Mas o que é um médico de família? Que tipo de atendimento faz? É uma especialidade?
Médico de família é aquele que acompanha a família toda, atende desde crianças, gestantes, adultos e idosos. Conhece e valoriza a história da família, busca promover a saúde, pode resolver cerca de 90% das queixas e quando precisa encaminhar sabe qual especialidade mais indicada. A propósito, a medicina de família é uma especialidade das mais antigas que agora volta a ser valorizada pelos melhores hospitais, pois mostrou o seu valor.
A Medicina de Família é uma medicina centrada nas pessoas, voltada para o resgate da relação de confiança dos médicos com os seus pacientes com maior vínculo decorrente do estabelecimento de relações sólidas e duradouras entre médicos, pacientes, suas famílias e a sociedade.
As implicações na saúde, no bem-estar e na qualidade de vida decorrentes dessa forma de trabalho são marcantes. Ressalte-se que o respeito ao momento e à condição de vida de cada indivíduo, segundo os seus referenciais e a empatia com os pacientes. Isso porque, muitas vezes, as pessoas deparam-se com situações dramáticas e conflituosas, são o centro da atuação da Medicina de Família.
É necessário humanizar! Discursos dessa natureza são abundantes, mas a questão é que a prática é, muitas vezes, muito distante. A empatia deve preponderar aos “protocolos” que restringem a “arte” da medicina a alcançar a profundidade daquela determinada na vida de cada indivíduo com a sua singularidade e cada família.
O conhecimento técnico das ciências médicas deve se situar no mesmo patamar das habilidades afetivas e humanas.
Diante da complexidade dos conflitos pessoais, familiares, profissionais e econômicos são incrivelmente mais relevantes, causando impacto muito maior na saúde e bem-estar, ou na doença e nos sintomas. É fundamental manter uma visão positiva da saúde, afinal, é muito mais vantajoso usarmos o efeito placebo ao favor das pessoas do que o efeito contrário conhecido como Nocebo, em que uma apresentação pessimista da situação clínica ocasiona a piora dos sintomas e dificuldades na evolução ou adesão ao tratamento.
Em relação ao Conceito Positivo da Saúde, o foco dos cuidados deve ser a promoção do autocuidado e resiliência com ênfase na saúde. Princípio que vai muito além das recomendações para a mudança de hábitos. Propõe-se mudança de percepção, um olhar para a saúde em seu conceito mais amplo e outro olhar para a doença atribuindo-se um valor menor na vida daquela pessoa.
É muito importante que os profissionais incentivem uma postura com flexibilidade mental e aceitação de algumas situações, incentivando o crescimento pessoal e aquisições de novas habilidades fundamentais em qualquer fase da vida.
Muitos dos problemas de saúde estão relacionados à antecipação de situações, medos às vezes reais e outras vezes imaginárias, que precisam ser enfrentados com apoio da equipe, e também as preocupações ou “pré-ocupações”.
Lembro que, nessas situações de maior ansiedade, devemos refletir se existe algo a ser feito naquele determinado momento para aquela determinada situação. Se houver, façamos o que precisa ser feito. Caso não exista nada para ser feito naquele determinado momento, de nada adiantará a ansiedade que gera desgaste físico e mental, dificuldades adicionais, doenças e confusões que apenas pioram a situação.
Devemos lembrar que quanto mais graves as dificuldades, maior a necessidade de manter a calma para termos condições de enfrentar os desafios que a vida nos impõe. Pensar em Deus ajuda bastante, dialogar com amigos, pequenos passeios, boa música, boas leituras, atividade física, sair da rotina ou apenas encarar a rotina com resiliência.
Querer resolver os dramas das pessoas e famílias com remédios, sejam eles ansiolíticos, antidepressivos, analgésicos, anti-hipertensivos, hipoglicemiantes (para o diabetes), hipercolesterolêmicos (para o colesterol), soro para hidratar ou quaisquer outros, mesmo que sejam placebos, sem identificar e tratar as causas é pedir para se frustrar.
Desde os seus primórdios, a medicina reconhece a importância da alimentação sendo atribuída a Hipócrates (o Pai da Medicina) as frases:
“Que a alimentação seja o seu único remédio” e “Que o seu alimento seja o seu remédio, e o seu remédio, o seu alimento”.
É indiscutível que alimentação saudável é necessária, assim como atividade física regular.
Afinal, de quem é a responsabilidade?
A responsabilidade é de cada um de nós, de nada adianta culparmos políticos, a situação econômica, o trânsito, desconhecidos, amigos e familiares pela alimentação e estilo de vida que cada um escolhe. Tais medidas são efetivas, adotadas no momento oportuno e podem prevenir a ocorrência de grande parcela das doenças.
Muitos relacionam a alimentação saudável apenas à qualidade ou preparo dos alimentos, devemos nos lembrar que a quantidade de alimentos ingeridas define o benefício ou malefício de alimentação.
A questão da baixa ingesta de água causa graves problemas, sendo uma das principais causas de internação entre os idosos que em alguma fase da vida deixam de sentir sede.
Costumo perguntar para as pessoas que atendo se sabem qual a porcentagem de água em nosso corpo, 70 a 74% ou mais. É muita água! Por que precisamos de tanta água? Faço questão de explicar, levo cerca de 5 minutos para esclarecer que precisamos da água para a respiração, circulação sanguínea, funcionamento de cada uma das células, funcionamento dos rins, para engolir os alimentos, para o intestino funcionar, temos água na pele, nos olhos, na cabeça, na coluna e em cada articulação, como forma de evitar o desgaste dos ossos com os movimentos. O nosso corpo todo funciona à base de água.
A vida deve ser cultivada e cuidada!
A Drª. Hildegarda de Bingen, médica especialista em fitoterapia, dizia que:
“O doente não é visto como uma máquina a ser consertada, mas como uma planta. E o médico não é como um mecânico, mas como um jardineiro que cuida dele”.
Tenho buscado especializações diversas para o aperfeiçoamento dessa “Arte da Cura”, significado da palavra Medicina, que vai muito além da resolução de sintomas e doenças. Minha busca tem sido a de resgatar na prática alguns ensinamentos que andam afastados do dia a dia do consultório de forma que possa ser fiel a alguns princípios, como empatia, compaixão e o que existe de melhor em conhecimento científico-tecnológico.
Nesse sentido, a Reconnective Healing® que há décadas é praticada no mundo todo e que incorporei às minhas atividades profissionais como uma forma pragmática de promover equilíbrio físico e emocional aos meus pacientes, trata-se de uma prática integrativa revolucionária, deve ser utilizada em associação aos recursos da medicina.
Para mim, a medicina implica em tempo para ouvir, construir laços e cultivar relações duradouras entre médicos, pacientes e familiares, implica em praticar o autocuidado para saber cuidar e os tratamentos devem ser baseados na particularidade de cada indivíduo, valorizando a vida em todas as suas dimensões. É nisso que eu acredito.
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