Essa é a ideia do metaverso. Como serão esses espaços (não haverá apenas um, mas vários, como as redes sociais) e como os acessaremos, ainda não sabemos, e isso deve ficar mais claro em breve. Portanto ainda é uma ideia em construção.
Direto ao ponto
Realidade distorcida
Em um artigo publicado no site Big Think, Louis Rosenberg, cientista da computação e desenvolvedor do primeiro sistema funcional de realidade aumentada, disse que não estamos preparados para passar tanto tempo em um ambiente 100% digital e que isso pode distorcer nossa noção de realidade.
Para ele, as redes sociais e os smartphones já representam uma distorção na realidade, mas são dispositivos que usamos às vezes. Não passamos 2 4 horas por dia conectados a eles e, ao tirarmos os olhos da tela, voltamos à realidade.
Com o metaverso, as coisas serão diferentes, porque provavelmente usaremos óculos de realidade aumentada para enxergar o universo digital. Por isso, não haverá esse efeito de tirar os olhos da tela e voltar à vida real, o que pode ser bastante perigoso para a noção de realidade.
Vida real sem graça
Se você pode estar em um universo onde pode viajar o mundo, se vestir como quiser e estar com quem quiser, como, quando e onde quiser, por que viver a vida real “sem graça”, em que uma viagem custa uma fortuna e não podemos estar próximos às pessoas que amamos, mas que moram longe?
Essa é outra questão que vai precisar ser respondida conforme as pessoas forem usando o metaverso, porque é natural que, conforme o tempo passe, a vida 100% digital pareça mais interessante do que as limitações da realidade.
Além disso, como será a questão financeira? Como pagar as contas da realidade e as do metaverso? Como se alimentar e pagar os custos de uma vida se a vontade vai ser passar o tempo todo nesse universo digital? Como as pessoas vão se relacionar com seus próprios corpos? As dúvidas são muitas…
Perpetuar preconceitos
Ainda segundo Rosenberg, a probabilidade de que preconceitos sejam perpetuados é grande também, porque, para a máquina, não somos pessoas, mas linhas de código com as chamadas tags, aquilo que nos identifica.
As tags incluem informações como branco, negro, rico, pobre, viciado nisso, inseguro quanto àquilo… tudo com base no que compartilhamos, postamos, falamos, compramos, e por aí vai. Então as chances de haver segregação e preconceito com base nesses estereótipos são grandes, de acordo com o cientista.
Ele ainda alerta quando aos perigos da criação de filtros e camadas monetários, que podem fazer com que a experiência das pessoas que não são ricas seja muito restrita e ainda mais angustiante do que na vida real, porque será uma exclusão dupla: na vida real e no metaverso.
Mundo cyberpunk
Cyberpunk é um conceito filosófico e estético que mistura conceitos do mundo real (o mundo antigo) com conceitos do mundo moderno e tecnológico (o novo mundo). Para Rosenberg, isso pode ficar ainda mais evidente no metaverso.
Poderemos ver, portanto, nas ruas pessoas que ainda vivem um mundo sem o metaverso e pessoas que andarão por aí com dispositivos, como óculos de realidade aumentada ou chips implantados, que distorcem a realidade.
Isso poderá fazer com que a pessoa que esteja meio no metaverso, meio no mundo real possa, por exemplo, alterar a arquitetura dos prédios, transformar um dia nublado num dia ensolarado (apenas graficamente) ou, ainda, escolher não enxergar nenhum ser humano nas ruas, “deletando” o gráfico de todas as outras pessoas.
As possibilidades parecem infinitas. Portanto Rosenberg prega cautela e se diz um tanto assustado em relação a quanto o metaverso vai modificar a vida que vivemos hoje ou até mesmo vai criar uma nova vida, como se nos colocasse num mundo como o da saga “Matrix”, em que não se sabe o que é real e o que é projetado.
Sem sigilo
Outro crítico do desenvolvimento do metaverso é o ex-agente da CIA Edward Snowden, que revelou esquemas de espionagem da NSA, agência de segurança nacional norte-americana. Segundo ele, entregaremos para os desenvolvedores dos metaversos não apenas nossos dados, como fazemos hoje, mas nossos “mapas mentais”.
A tecnologia que vai tornar possível o metaverso provavelmente permitirá que nosso cérebro seja “escaneado”, então empresas e desenvolvedores terão acesso à nossa personalidade, aos nossos gostos e desejos. Se você acha estranho receber publicidade bem específica hoje, espere para ver no metaverso…
E os benefícios?
Apesar dos malefícios e das dúvidas quanto a essa nova tecnologia, ela promete benefícios. Por exemplo: reunir pessoas de diversos lugares do mundo numa única sala, presentes com seus avatares.
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Permitirá também que possamos viver situações e estar em lugares com os quais provavelmente nunca teríamos contato no mundo real. Além disso, vai permitir a criação de novos modelos de entretenimento. Imagine assistir a um filme estando presente na cena e vendo cada detalhe dela!
Enfim, o metaverso ainda promete muita polêmica, mas uma coisa é certa: ele vai mudar completamente o modo como nos relacionamos com a internet e com a realidade. Por isso, precisamos estar bastante atentos, para entendermos se vai ser bom ou se, no fim das contas, será nocivo. Desde já, fortaleça o seu lado emocional e psicológico e aproveite para viver a realidade e o aqui e agora, porque não sabemos como será o mundo de amanhã em diante!