Não se fala em outra coisa. De manhã, à tarde e à noite. Nos telejornais, mídia impressa, rádio e internet. Nos elevadores, no transporte público e nos consultórios. Só dá o Aedes Aegypti, mosquito que transmite a dengue. Mas, a doença também é transmitida pelo mosquito Aedes albopictus. O mosquito é nativo do Egito.
O Aedes Aegypti tem menos de um centímetro. É preto ou cor de café e tem listras brancas no corpo. Os mosquitos podem atacar à sombra. Há indícios que piquem durante à noite. Quem pica é a fêmea. O ciclo da transmissão é homem-Aedes/aegypti-homem. Ela deixa o vírus em sua saliva e retransmite. Ninguém pega dengue pelo ar ou pelo contato com um infectado.
Linha do tempo
Não é de hoje que o Brasil enfrenta epidemia de dengue. Em 1846, São Paulo e Rio de Janeiro enfrentaram surtos. Existem registros de 1865 em Recife. A epidemia de 1872 em Salvador com 2000 mortos. No começo do século 20, o Aedes aegypti era problema, mas por conta da febre amarela. E, 1955 o mosquito foi erradicado, porém, em 1960 as políticas de combate foram negligenciadas e o mosquito voltou à ativa.
Sintomas
Os sintomas começam após o tempo de incubação. A incubação é o período entre a picada e a manifestação da doença. Os sintomas aparecem três dias após a picada. Veja quais são os sintomas:
Dengue clássica
- Febre alta e repentina
- Dor de cabeça forte
- Manchas e erupções no tórax e braços parecidas com sarampo
- Perda do paladar e apetite
- Dor atrás dos olhos
- Cansaço
- Dor nos ossos e articulações
- Tonturas
- Náuseas e vômitos
Dengue hemorrágica
A primeira epidemia de dengue hemorrágica nas Américas foi em Cuba. Até o ano 2000 esse tipo era raro no Brasil. Os sintomas são os mesmos da dengue comum. Se não tratada, a dengue hemorrágica mata em 24 horas. O Ministério da Saúde estima que 5% dos doentes morrem. Confira os diferenciais:
- Sangramento no nariz, boca e gengiva
- Manchas vermelhas na pele
- Dificuldade para respirar
- Pele pálida, fria e úmida
- Dor abdominal forte e contínua
- Vômito persistente
- Boca seca e sede excessiva
- Sonolência
- Pulso rápido e fraco
- Agitação e confusão mental
- Perda de consciência
Diagnóstico
O diagnóstico é feito a partir do quarto dia de contágio. Primeiramente é feito um exame clínico para afastar suspeitas de outras doenças. O hematócrito (exame que conta os glóbulos vermelhos) e a contagem de plaquetas são feitos após o exame clínico. Entretanto, o resultado pode ser afetado devido outras doenças. Somente a sorologia, exame que identifica a presença de anticorpos é capaz de confirmar a dengue.
A dengue hemorrágica pode ser identificada de três maneiras. Prova do laço, contagem dos glóbulos vermelhos e contagem de plaquetas. A prova do laço é feita no consultório, o médico prende a circulação do braço utilizando uma borrachinha. Pele com pontos vermelhos é um forte indício. Os outros exames são feitos por meio de coleta de sangue em laboratório.
Tratamento
- NÃO usar remédios à base de ácido acetil salicílico. O efeito anticoagulante estimula sangramentos.
- Antitérmicos receitados pelo médico.
- Repouso e ingestão de líquidos (água, sucos naturais e chá).
Os sinais de melhora acontecem quatro dias depois dos primeiros sintomas, que duram até dez dias
Áreas de risco
A prefeitura de São Paulo fez um mapa da dengue. O material foi produzido em 2012. O mapa segue três parâmetros:
- Quantidade de habitantes: quanto mais pessoas, maior as chances de contaminação.
- Temperatura: quanto mais quente, mais rápido o mosquito se reproduz.
- Descarte irregular de lixo: terrenos baldios e demais pontos de descarte irregular.
As classificações de risco são: baixíssimo, baixo, médio, alto e altíssimo. O mapa aponta as zonas central e leste com risco alto e altíssimo. Os bairros Cachoeirinha e Freguesia do Ó (zona norte) são localidades muito perigosas. Confira as subprefeituras com maior número de casos:
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Os transmissores gostam de água limpa. A gente cria cenários perfeitos para eles. Pratos de vasos são uns dos criadouros. A crise hídrica também colaborou. Caixa d’água e tonéis destampados atraem os mosquitos. O lixo na rua é outro problema. Copinhos plásticos e pneus são criadouros. Obras públicas paradas acumulam água. O perigo está em todo lugar. A prefeitura de São Paulo estima que 42 dos 96 bairros paulistas têm alto ou altíssimo risco de epidemia. Este pode ser o pior surto da história, com 250 mil doentes. A dengue está em todo o Brasil. A prevenção é o melhor remédio. Ainda não sabe ainda como prevenir? A gente explica.
- Coloque areia nos vasos de plantas.
- Troque semanalmente a água dos vasos de plantas aquáticas e lave-o com escova.
- Garrafas sempre de cabeça para baixo.
- Deixe caixa d’água e recipientes de armazenamento sempre tampados.
- Tire galhos, folhas, pedras e tudo que bloqueie as calhas.
- Remova água da chuva na laje.
- Limpar semanalmente com escova o interior de recipientes para armazenamento de água.
- Guarde pneus em área coberta ou entregue em postos de coleta.
- Jamais jogue lixo em terrenos baldios. Amarre bem os sacos de lixo e deixe a lixeira sempre fechada.
Eliminar os criadouros de Aedes Aegypti e usar repelentes. Essas são as armas contra a dengue. Acabar com os focos dos mosquitos é fácil. Mas, encontrar os repelentes… A procura aumentou tanto que há lista de espera nas farmácias. O que tem Icaridina é o mais difícil de encontrar. Ele é considerado o melhor. O tempo de ação é de doze horas. Paira uma suspeita sobre o DEET (o mais popular). Leonardo Abrucio Neto, dermatologista do Hospital Beneficência Portuguesa, afirma que o mosquito da dengue pode criar imunidade à substância. Abrucio confirma a eficácia do DEET para outras espécies de mosquitos e também para pulgas. O tempo de ação é de quatro horas.
Os bebês podem usar repelentes? Sim, mas à base de IR 3535. Com tempo de ação de até quatro horas, este é o recomendado para bebês acima de seis meses. Sempre consulte o pediatra antes de aplicar repelentes. O produto é proibido em crianças abaixo de seis meses. Usar um mosquiteiro é o ideal.
Métodos naturais contra o Aedes Aegypti
Não são poucos. Alimentos e ervas ajudam nessa luta. Quer saber quais são os métodos naturais? Papel e caneta na mão.
Alimentos com vitamina B1
- Flocos de cereais
- Castanha-do-pará, amendoim e semente de girassol
- Gérmen de trigo e levedura de cerveja
- Lombo de porco cozido, presunto e carne de porco assada.
Óleos essenciais
Aplicação a cada três ou quatro horas. Os mais comuns são de citronela, andiroba e copaíba. Veja como usá-los:
- Óleo de citronela: misturar com óleo de amêndoa, uva ou camomila e aplicar na pele. Reaplicar após sudorese e sair da praia ou piscina. Você ainda pode colocar seis ou oito gotas na banheira.
- Óleo de andiroba: passar na pele até sua completa absorção. Reaplicar após sudorese e sair da praia ou piscina.
- Óleo de copaíba: misturar seis gotas do óleo e duas colheres de sopa de óleo de calêndula. Aplique diretamente na pele. Reaplicar após sudorese e sair da praia ou piscina.
Repelentes caseiros
Existem várias receitas. Vamos ensinar dois. Uma com citronela e capim-limão. Antes, é preciso fazer a tintura de capim-limão. A outra é com cravo-da-índia.
Tintura de capim-limão
Como fazer? Deixar o capim-limão e o álcool no frasco tampado por 15 dias. Guarde o recipiente em um local sem luz. Agitar o frasco todos os dias. Filtre a tintura com o pano. Repelente
Como fazer? Misture os ingredientes até ficar homogêneo. Coloque em frascos para hidratante corporal. Aplique diretamente na pele. Usar a cada três ou quatro horas. Reaplicar após sudorese e sair da praia ou piscina. Repente de cravo e álcool
Como fazer? Coloque o álcool e o cravo em um frasco tampado. Deixe o frasco em local sem luz por quatro dias. Agite o recipiente pela manhã e à noite. Coe, acrescente o óleo e agite bem. Coloque a mistura em um frasco com válvula para spray. Aplique diretamente na pele. Reaplicar após sudorese e sair da praia ou piscina. |
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Velas
Elas iluminam e decoram. Algumas podem repelir o mosquito. A de citronela é muito procurada. Dá para fazer em casa. Confira os materiais e o modo de preparo da vela de citronela, andiroba e copaíba:
Vela de citronela
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Vela de andiroba Opção 1:
Como fazer?
Opção 2:
Como fazer?
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Método natural é o que não falta. Mas, eles não substituem medidas de higiene. Eles também não substituem o tratamento prescrito pelo médico.
- Escrito por Sumaia Santana da Equipe Eu Sem Fronteiras.