Assim como eu, muitas pessoas não se identificam como criativas quando o assunto é arte com as mãos. Mas ninguém precisa ter talento artístico para começar. E ainda bem que não sabemos fazer tudo, porque sempre há algo novo para aprender, começar e aperfeiçoar.
As habilidades vão surgindo com o treino. Não usei o dom do criar, busquei me entreter com ideias prontas nas redes sociais. Em pouco tempo, já estava vendo minha arte comercializar…
Foi preciso buscar um jeitinho pra colorir o tempo confinada por conta da pandemia, pois como todo o mundo, me vi impedida de sair e fazer minhas tão amadas fotografias, viajar, etc. Ansiosa, um medo pelo que estava vivendo, sentimentos de incerteza do que seria daqui para a frente… o isolamento social limitou… trouxe uma insegurança… eu não queria me contaminar psicologicamente.
Busquei entreter as horas vagas dentro de casa para um libertar-se dos programas de TV que só tinha um assunto: pandemia da Covid-19, fragilizando nosso emocional, mesmo tendo horas de teletrabalho, os afazeres de casa, brincadeiras com o neto que estava com apenas 7 meses, mas havia sim tempo livre.
A vida ficou de certa forma livre em casa, sem horários para nada. Por uns tempos perdi a noção de que o almoço era ao meio-dia, jantar às 20h… Mas aos poucos senti necessidade de me reinventar com algo diferente que realmente podia entreter e ocupar os dias, que pareciam enormes.
O inimigo invisível estava sem pressa. Com o passar dos meses, cansaços de sofá, TV, filmes, confinamento e vendo minha irmã começando a fazer pinturas (posso titulá-la como excelente artesã com as mãos), resolvi distrair a mente com essa incrível terapia, buscando alternativa para aliviar o estresse e ansiedade que os meses do confinamento já carregavam, equilibrando assim um diferencial na existência desse viver confinada.
Eu não tinha qualquer experiência com os saberes e sucessos já praticadas pela minha avó materna Tonha e também por minha mainha com seu ateliê Dorarts. E o que estava para começar era uma arte simples. Usando pedrinhas de rio, passei a pintar e prossegui nesse desafio. Trabalhar a mente com os coloridos das tintas foi gratificante, desviou o foco de pensar que estou num isolamento social.
Passei a imaginar a alegria das pessoas que vão receber de presente numa plantinha aqueles insetos pintados à mão com pedras tão pequenas. E surgiu mesmo até oportunidade para comercializar… Confesso que no início não era nem sonho isso… e hoje já é algo real, o que me trouxe um novo olhar e estímulo da atividade.
Administrar o tempo para sobrar tempo tornou-se essencial. Acordar mais cedo, refeições no horário normal, tudo contribuiu para diminuir a ansiedade, porque estava ali me dedicando a criar, pensando no novo, ampliando novas oportunidades e me proporcionando equilíbrio diante da realidade que estamos atravessando pela Covid-19.
Os tempos prosseguem, novo isolamento nos limitou mais uma vez, sem muitas expectativas sobre o que virá, devemos renovar a nossa fé para não deixar esse mal invisível tomar conta da nossa saúde física e psicológica, e assim buscar desafios dentro de nós que proporcionem prazer, ocupação da mente e ajudem a passar o tempo. Nós temos esperança de que um dia vai passar. Como não sabemos quando, o tempo de reinventar é agora mesmo. Colorir aquelas pedrinhas que estamos acostumados a encontrar pelos caminhos numa nova perspectiva, porque o resultado final faz colorir a alma.
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O meu netinho está com 1 ano e 7 meses e também já começou a pintar junto com a vovó. Fez sua primeira tela — arte com suas mãozinhas ¬— e tem encomendas para entregar, princípios do caminhar.
Vivemos uma tristeza diante do que acontece no mundo, mas diariamente, neste silêncio que toma conta do meu ser, elevo oração a Deus pela cura da humanidade e preencho com pingos de tinta a alegria para viver assim um tempo de confinamento mais suportável, avivando a vida, desconectando das dores, tristezas, buscando conectar a um viver cheio de cores, com mais expressões e sorrisos ao olhar de quem minhas artes vai encontrar.