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Meu jeitinho para colorir o primeiro ano da pandemia

Obra abstrata, cenário de cores se misturando.
Michal Bednarek / 123RF
Escrito por Lande Bomfim

Assim como eu, muitas pessoas não se identificam como criativas quando o assunto é arte com as mãos. Mas ninguém precisa ter talento artístico para começar. E ainda bem que não sabemos fazer tudo, porque sempre há algo novo para aprender, começar e aperfeiçoar.

As habilidades vão surgindo com o treino. Não usei o dom do criar, busquei me entreter com ideias prontas nas redes sociais. Em pouco tempo, já estava vendo minha arte comercializar…

Foi preciso buscar um jeitinho pra colorir o tempo confinada por conta da pandemia, pois como todo o mundo, me vi impedida de sair e fazer minhas tão amadas fotografias, viajar, etc. Ansiosa, um medo pelo que estava vivendo, sentimentos de incerteza do que seria daqui para a frente… o isolamento social limitou… trouxe uma insegurança… eu não queria me contaminar psicologicamente.

Busquei entreter as horas vagas dentro de casa para um libertar-se dos programas de TV que só tinha um assunto: pandemia da Covid-19, fragilizando nosso emocional, mesmo tendo horas de teletrabalho, os afazeres de casa, brincadeiras com o neto que estava com apenas 7 meses, mas havia sim tempo livre.

A vida ficou de certa forma livre em casa, sem horários para nada. Por uns tempos perdi a noção de que o almoço era ao meio-dia, jantar às 20h… Mas aos poucos senti necessidade de me reinventar com algo diferente que realmente podia entreter e ocupar os dias, que pareciam enormes.

O inimigo invisível estava sem pressa. Com o passar dos meses, cansaços de sofá, TV, filmes, confinamento e vendo minha irmã começando a fazer pinturas (posso titulá-la como excelente artesã com as mãos), resolvi distrair a mente com essa incrível terapia, buscando alternativa para aliviar o estresse e ansiedade que os meses do confinamento já carregavam, equilibrando assim um diferencial na existência desse viver confinada.

Pedras pintadas como joaninhas, elas estão sobre um tecido sujo de tinta. Ao lado delas, pote de tinta branca.
Arquivo pessoal / Lande Bomfim

Eu não tinha qualquer experiência com os saberes e sucessos já praticadas pela minha avó materna Tonha e também por minha mainha com seu ateliê Dorarts. E o que estava para começar era uma arte simples. Usando pedrinhas de rio, passei a pintar e prossegui nesse desafio. Trabalhar a mente com os coloridos das tintas foi gratificante, desviou o foco de pensar que estou num isolamento social.

Passei a imaginar a alegria das pessoas que vão receber de presente numa plantinha aqueles insetos pintados à mão com pedras tão pequenas. E surgiu mesmo até oportunidade para comercializar… Confesso que no início não era nem sonho isso… e hoje já é algo real, o que me trouxe um novo olhar e estímulo da atividade.

Administrar o tempo para sobrar tempo tornou-se essencial. Acordar mais cedo, refeições no horário normal, tudo contribuiu para diminuir a ansiedade, porque estava ali me dedicando a criar, pensando no novo, ampliando novas oportunidades e me proporcionando equilíbrio diante da realidade que estamos atravessando pela Covid-19.

Os tempos prosseguem, novo isolamento nos limitou mais uma vez, sem muitas expectativas sobre o que virá, devemos renovar a nossa fé para não deixar esse mal invisível tomar conta da nossa saúde física e psicológica, e assim buscar desafios dentro de nós que proporcionem prazer, ocupação da mente e ajudem a passar o tempo. Nós temos esperança de que um dia vai passar. Como não sabemos quando, o tempo de reinventar é agora mesmo. Colorir aquelas pedrinhas que estamos acostumados a encontrar pelos caminhos numa nova perspectiva, porque o resultado final faz colorir a alma.

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O meu netinho está com 1 ano e 7 meses e também já começou a pintar junto com a vovó. Fez sua primeira tela — arte com suas mãozinhas ¬— e tem encomendas para entregar, princípios do caminhar.

Criança segura tela pintada. Ela está em um cenário externo.
Arquivo pessoal / Lande Bomfim

Vivemos uma tristeza diante do que acontece no mundo, mas diariamente, neste silêncio que toma conta do meu ser, elevo oração a Deus pela cura da humanidade e preencho com pingos de tinta a alegria para viver assim um tempo de confinamento mais suportável, avivando a vida, desconectando das dores, tristezas, buscando conectar a um viver cheio de cores, com mais expressões e sorrisos ao olhar de quem minhas artes vai encontrar.

Sobre o autor

Lande Bomfim

Sou blogueira, adoro café, sou uma pessoa sensível, sorriso espontâneo, apaixonada pela vida, escrevo poesias desde a adolescência. Hoje além de escrever poesias e crônicas também faço fotografias da natureza. Escrever e fotografar são formas de expressar os sentimentos. Recentemente tive o privilégio de publicar o primeiro livro de poesias e fotografias “Pincel dos Acontecimentos”, a necessidade fez o sonho realidade. O livro foi vendido para adquirir um aparelho auditivo, sou deficiente auditiva. Ainda tenho exemplares, envio pelos correios a quem tiver interesse. Amo viajar e o maior sonho hoje é conhecer o mundo.

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