Se mantivermos a tendência de nos acharmos sempre ocupados demais para termos tempo destinado a retornar as mensagens recebidas em nossas redes sociais, não demora chegará o tempo em que nós veremos desocupados demais para trocar mensagens, mas não teremos com quem. Triste e cortante verdade, mas é um fato de que não estamos dando conta e mais terrível ainda pela contradição que lhe envolve, como dolorosa e cinzenta mortalha: quando mais temos meios de comunicação ágil e quase sem custo, optamos por afivelar no rosto as feições de um inexplicável mal humor crônico.
Desde pequeno, e lá se vão umas boas sete décadas, sou daqueles que considera um afago no rosto ter sido lembrado por alguém que nos manda desde um cumprimento tipo bom dia, boa noite, bom finde e vai por aí até um vídeo bonito , falando de motivos para glorificar a Vida, ou deliciosos versos que nos fazem recordar amores de memoráveis passagens ou suspiros por vindouros… Um doce e duradouro afago, mesmo porque pode ficar salvo nas entranhas da memória eletrônica do nosso fiel Smartphone ou onipresente notebook…pode ser visto e revisto tantas vezes quantas quisermos, como aquele chiclete que mesmo reposto na boca, sacado de volta dos mais estranhos lugares, ainda tem leve sabor doce.
E melhor que receber uma mensagem de quem nem sabíamos que nos tinha em estima, é remeter a mensagem de volta, caprichada em conteúdos e simbolismos, mesmo que seja um preguiçoso joinha (aquele polegar levantado…). Uma beleza mesmo! Mas seu cruel contrário é quase a negação da nossa existência: sermos ignorados por ocupados destinatários ou não vermos motivo algum em ter que retornar para pessoas que insistem em suas migalhas de atenção, as esparsas vezes em que se dignam ao preguiçoso joinha…pelo menos.
Melhor mesmo é reduzir nossa lista de contatos àqueles seres que gostaríamos estivesse do nosso lado sempre, nem que seja pequenina lista, daquelas que podemos até guardar de memória mas, nem que despenquem tempestades de interferências eletromagnéticas em nossos canais de comunicação ou que nos ameacem pavorosos buracos negros do tipo daqueles que se alimentam com os sabores dos vácuos entre as pessoas: para essa listinha nós sempre retornaremos nem que seja um código do tipo SMMEODAPJQNDATR (sinto muito mas estou ocupado demais agora porém juro que não demoro a te retornar).
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Sei não, mas só quem viveu sem Linkedln, WhatsApp, Facebook, Instagram, Telegram e demais do gênero é que sabe como é bom mandar e receber mensagens mesmo que para elas, tenhamos que subtrair tempo das coisas menos mundanas da vida, como ganhar dinheiro e correr muito, a ponto de perder a paisagem e várias vezes passar pela linha de chegada sem dela nos termos dado conta.