Nos dias atuais, questionamo-nos que importância podem ter em nossa vida as histórias narradas há muito tempo. Esse é um interessante fenômeno. O assunto sempre suscita grande interesse. Isso pode significar que há algo além da própria história sobre deuses e heróis. Eles falam de algo inerente à condição humana, atemporal e profunda.
Para o psicólogo suíço Carl G. Jung, “os mitos são principalmente fenômenos psíquicos que revelam a própria natureza da psique”. O mito pode ser visto como a condensação de experiências vividas repetidamente durante milênios pelos seres humanos. Assim, temas idênticos podem ser encontrados em lugares distantes entre si, variando apenas alguns elementos, segundo a época e a cultura que os produzem.
O mito encarna o ideal de todo ser humano: a conquista da própria individualidade. A luta pela vitória da consciência é o combate eterno de toda pessoa.
Os personagens principais dos mitos são geralmente deuses, semideuses (descendentes da união entre deuses e humanos) e heróis. Os mitos normalmente referem-se a uma época mítica, indefinida e intemporal – e alguns estudiosos pensam que pode haver um fundo de verdade em algumas narrativas.
Os mitos procuram explicar e demonstrar, por meio da ação e do modo de ser das personagens, a origem das coisas, do mundo (os seres humanos, animais, doenças, nascimento e morte, relações interpessoais, emoções e sentimentos, etc.). Assim, os mitos serviam como guias e modelos para a compreensão do mundo e do papel que desempenhamos nele.
As religiões das antigas Grécia e Roma desapareceram, mas o legado de seus mitos e heróis continua presente em nossas culturas até hoje, tendo influenciado a literatura, as artes, a psicologia, etc.
As ideias sobre a estrutura do universo aceitas pelos gregos passaram para os romanos, que, por sua vez, as disseminaram entre outros povos. Por exemplo, para os gregos a Terra era redonda e chata e seu país ocupava o centro da Terra, cuja referência era o monte Olimpo. Tão grande era essa crença, que até mesmo os deuses tinham suas moradas nas alturas desse monte, que domina a região da Tessália. Ao redor da Terra corria um rio chamado Oceano e todos os rios e mares recebiam dele suas águas.
Do lado ocidental da Terra ficavam os Campos Elísios, para onde iam alguns mortais favorecidos pelos deuses, onde adquiriam a imortalidade. Interessante observar que a direção do ocidente, em outras culturas (como a cultura celta, por exemplo), era considerada uma terra de bem-aventurança, reservada aos escolhidos.
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A imaginação dos gregos povoava as extensões para além de seu conhecimento com uma enorme quantidade de figuras exóticas, tais como povos estranhos, gigantes, monstros e feiticeiras. Suas histórias incluíam um grande número de deuses e deusas, que tinham formas semelhantes às dos humanos, porém dotados de grande perfeição e beleza.
Apesar dos poderes sobrenaturais, os deuses agiam, sentiam e pensavam como os próprios humanos. Suas ações eram guiadas muitas vezes por ciúme, ódio, ganância, inveja, vingança, luxúria, etc.
Era muito comum os deuses e deusas se envolverem nos assuntos humanos, descendo do Olimpo e interagindo com as pessoas como mentores, amantes, aliados ou inimigos.
A mitologia grega foi originada da união entre as mitologias micênica e dórica, sendo que seu desenvolvimento ocorreu aproximadamente em 700 a. C. O panteão dos antigos deuses gregos (“panteão”: do grego “pan”, todo; e “theoi”, deuses) consiste em doze principais deidades, além de outras menos importantes e semideuses.
Principais deuses/deusas:
Zeus – o principal deus do panteão grego, protegia a justiça e a ordem social, reinando sobre todos os deuses e todos os reinos.
Hera – esposa de Zeus, era a rainha dos deuses, protegia o casamento, a família e os nascimentos.
Afrodite – deusa do amor e da beleza, filha de Zeus.
Eros – filho de Afrodite, deus do amor. Desfechava as setas do desejo no coração dos deuses e dos humanos.
Ares – deus da guerra.
Atena – deusa da sabedoria. Saiu da cabeça de seu pai, Zeus, completamente armada para a guerra.
Hermes – o mensageiro dos deuses, patrono dos mercadores, viajantes e dos ladrões.
Deméter – deusa da agricultura.
Hefesto – deus dos ferreiros, do fogo e dos vulcões.
Héstia – velava pelas lareiras das casas. Em seu templo, ardia constantemente um fogo sagrado, sob a guarda de sacerdotisas.
Poseidon – deus dos mares.
Ártemis – deusa da caça e protetora dos animais selvagens.
Apolo – deus do Sol, das artes e da medicina.
Hades – deus do inframundo.
Perséfone – filha de Deméter, deusa do inframundo, casada com Hades.
Baco – deus do vinho.