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Mitos sobre feminismo que precisam ser desconstruídos

Três mulheres uma ao lado da outra sorrindo
Radomir Jordanovic/Pexels
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Assunto atual e muito discutido, o feminismo é ainda motivo de dúvida para muitos. Alguns o entendem como a luta das mulheres, outros como embate aos homens, outros não entendem e ainda há os se confundem. O que é isso, afinal?

O feminismo é um movimento social que defende a igualdade de direitos entre homens e mulheres, isto é, combate a desigualdade de gênero que está presente na sociedade. As concepções se ramificam em inúmeras vertentes, como o feminismo negro, o feminismo radical, o feminismo liberal, o feminismo interseccional, entre outros de igual importância.

As mulheres feministas buscam vencer os padrões e as imposições que vêm da história da humanidade e que as colocam numa posição inferior à do homem, perpetuando a ideia de que devem ser submissas, passivas, obedientes aos desejos dos homens e criadas para as funções de esposa e mãe.

Esclarecimentos

Mulher de cabelo preso usando blazer sorrindo
Moose Photos/Pexels

Quando falamos sobre feminismo, algumas confusões são comuns. Isso se deve ao fato de o feminismo ser uma luta que questiona a tradição e os costumes, ameaçando, dessa forma, os homens que se privilegiam desses pilares. Como a maior parte da sociedade ainda é conservadora, os movimentos que buscam mudanças radicais no sistema são marginalizados.

Nesse sentido, muitos de nós ainda não compreendemos muito bem do que se trata o feminismo e acabamos nos deixando levar pelas visões superficiais que a população constrói sobre esse movimento e sobre as mulheres que fazem parte dele.

Para que você não se contamine com os estereótipos e com as imagens distorcidas sobre o feminismo, entenda que esse movimento busca essencialmente igualdade de gênero e liberdade para as mulheres. Alcançar esses dois princípios depende de diálogo, de novas leis e de uma mudança na mentalidade da sociedade.

Outros pontos que são estudados e defendidos pelo feminismo são o empoderamento feminino e a sororidade. Em uma sociedade patriarcal, o poder é sempre dos homens e as mulheres devem competir umas com as outras para que tenham uma posição melhor nela.

Com o empoderamento feminino, as mulheres reconhecem o próprio valor e, com a sororidade, reconhecem o valor que existe nas outras mulheres. É uma forma de se fortalecer e de fortalecer suas semelhantes, principalmente aquelas que são menos privilegiadas do que você!

Não há nesse processo qualquer objetivo de minimizar os homens ou torná-los inferiores às mulheres. No entanto, é preciso analisar como a desigualdade de gênero se manifesta na sociedade e qual é a melhor forma de combatê-la. Assim, muitos homens e instituições podem se sentir incomodados ao se darem conta de que estão agindo de forma desrespeitosa com as mulheres. Observe:

Mulher segurando uma flor
Kristina Paukshtite/Pexels

– Desrespeito à vestimenta da mulher, impondo limites às suas parceiras em relação às suas roupas ou desrespeitando verbalmente e/ou fisicamente mulheres desconhecidas nas ruas ou nos transportes públicos.

– Empresas que mantêm o padrão salarial masculino maior e que dão preferência para a contratação de homens, sob a justificativa de que as mulheres irão engravidar e trazer prejuízo para a empresa.

– Destrato verbal e/ou físico, seja no ambiente do lar, seja em locais públicos, sendo a mulher conhecida ou não.

– Ausência de mulheres, sobretudo de mulheres pretas, em cargos maiores e/ou na política nacional, por exemplo.

– Pressão da família e da sociedade para que as mulheres sejam mães, se casem com homens e fiquem responsáveis por cuidar do lar e dos filhos sempre.

– Ações para submeter mulheres à obediência masculina, seja do pai seja do companheiro.

– Designação de quaisquer tipos de tarefas domésticas apenas para as mulheres da casa.

– Mito do orgasmo exclusivamente masculino e o entendimento de que o prazer da mulher é um pecado ou uma maculação da pureza atrelada ao gênero feminino.

Essas são algumas questões que o feminismo combate. Ao contrário do que se pensa, a luta não é uma agressão direta aos homens, pois o feminismo não prega nenhum tipo de violência ou desvalorização do sexo masculino. Pelo contrário, prega que os gêneros sejam considerados de forma igualitária e consciente, sem agressão por nenhum dos lados.

Mito da caverna em relação ao feminismo

Mulher no meio da rua olhando para frente
Samantha Garrote/Pexels

A ideia de que o feminismo é um movimento que só vai prejudicar a sociedade e separar ainda mais os homens das mulheres pode ser comparada ao mito da caverna, narrado pelo filósofo Platão na obra “A República”.

Segundo o mito, prisioneiros estão dentro de uma caverna, desde o momento em que nasceram, com as mãos presas a uma parede. Assim eles só conseguem observar as sombras do mundo exterior que se formam no fundo da caverna.

Para esses prisioneiros, as sombras eram a visão total sobre o mundo, isto é, representavam tudo aquilo que eles conheciam. Porém, quando um deles consegue se libertar, ele caminha em direção à saída da caverna e depara com as cores e com a luz do mundo exterior, em um estado de choque e de assombro.

Ao sair da caverna, o prisioneiro teve acesso ao mundo como ele realmente é, mas, se contasse isso para os que continuavam lá dentro, poderia ser interpretado como louco. Afinal, o mundo que os prisioneiros conheciam era muito diferente do mundo original.

A desigualdade de gênero e a opressão das mulheres podem ser entendidas como as sombras da caverna, enquanto o feminismo é o mundo exterior. Quando as pessoas que viveram toda a existência conhecendo apenas a desigualdade e a opressão deparam com um movimento que as libertará disso, parece loucura.

O feminismo é um movimento social que ainda precisa ser muito discutido e estudado pelas pessoas, mas que trará benefícios para todas elas. É preciso abrir a sua mente e abandonar a ideia negativa que foi construída em relação a essa luta, para que você comece a enxergar além das sombras da caverna.

O comportamento

Mulher sorrindo.
lascot studio / Pexels

O comportamento das mulheres feministas se mostra diferenciado por, em alguns casos, não adotar os padrões históricos impostos a elas, como a depilação dos pelos do corpo ou o uso de sutiã.

Como uma forma de se libertar de tais padrões sociais, algumas feministas optam por abdicar de tais “exigências”, pregando que estas não devem ser feitas a nenhum dos gêneros; outras, quando não conseguem abrir mão das imposições que lhes são feitas, refletem sobre esse jugo e entendem de onde ele vem.

Movimentos feministas no Brasil

Mulher em protesto segurando cartazes
ammentorp/ 123RF

Os movimentos feministas no Brasil e no mundo ocorrem para propagar os princípios do feminismo e a luta contra determinadas formas de opressão. Um exemplo disso é a Marcha das Vadias, que começou em 2011 no Canadá e chegou ao Brasil em 2012.

Em muitos estados brasileiros, a Marcha das Vadias aconteceu como um protesto contra a sexualização e a objetificação do corpo feminino, utilizando a palavra “vadia” em um sentido subversivo, a partir do qual esse xingamento não teria a força de uma ofensa.

Até 2016 a Marcha das Vadias foi realizada inúmeras vezes, e no último ano as mulheres também protestavam contra o atual presidente do país naquele momento, Michel Temer.

Movimentos anteriores a essa manifestação merecem destaque, como a luta pelo voto feminino em 1930, a união ao comunismo para questionar o papel da mulher na sociedade em 1960 e a luta feminista contra a ditadura em 1970. Cada um desses movimentos foi importante para que as mulheres conquistassem direitos que antes nem sequer eram passíveis de ser estendidos a elas.

Mesmo com a censura da Era Vargas e da ditadura militar, as mulheres feministas se manifestaram para que pudessem ser mais do que esposas e mães. Elas sempre quiseram um papel ativo na sociedade de maneira a eleger seus representantes, atuar na política e viver de acordo com as próprias regras.

Livro “Mitos do feminismo”

Capa do livro "Los Nuevos Mitos del Feminismo"
Eu Sem Fronteiras/Canva

Se você quer se aprofundar nos mitos sobre o feminismo e também nos mitos que a sociedade constrói para que as mulheres acreditem que são inferiores e que devem obedecer aos homens em quaisquer circunstâncias, existem alguns livros que você pode procurar.

O primeiro deles é o livro “Mitos do feminismo” ou, no idioma original, “Los nuevos mitos del feminismo”, de Lidia Falcon, publicado em 2001. A autora faz uma análise aprofundada da teoria feminista com o objetivo de combater as interpretações distorcidas sobre o movimento.

Outro livro importante para compreender o movimento feminista é “A potência feminista ou o desejo de transformar tudo”, de Verónica Gago, do ano de 2020. Atual e didático, o livro aborda a importância do feminismo para a sociedade moderna, explorando cada âmbito da desigualdade de gênero e da opressão da mulher.

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Por fim, um livro que não pode faltar nos seus estudos é “O mito da beleza: como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres”, de Naomi Wolf, do ano de 2018. A partir da obra é possível refletir sobre os padrões estéticos que são impostos às mulheres e como eles podem ser prejudiciais a elas.

Posicionamento

Mulher segurando ramos de flores perto do rosto
Anna Shvets/Pexels

Ser contra o feminismo ou ser a favor dele exige aprofundamento no tema. Não adianta dizer que a luta é exagerada e incabível sem conhecer de perto seus preceitos, e nem mesmo adianta se dizer feminista e lutadora sem saber as causas pelas quais clama.

Antes de julgar é importante compreender e formar a sua própria opinião. Embora haja quase um consenso de que a posição da mulher se diferencia da do homem na sociedade, as provas em contrário são evidentes. Vale então avaliar seus fins e meios para que a luta seja justa e benéfica para uma vida entre homens e mulheres mais harmoniosa, equilibrada e feliz.

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