Não padece dúvidas que elegemos personagens para modelos de comportamento durante o nosso existir em sociedade.
Desde o berço somos influenciados, a começar pelos pais, e a medida em que nos desenvolvemos vamos elegendo “figuras” para nos espelharmos, sejam reais, sejam fictícias, e as fixamos em nosso imaginário, por mais ou menos tempo, e com maior ou menor intensidade.
Quem de nós nunca se imaginou, no período infantil, travestido de um super-herói qualquer, possuindo seus poderes exclusivos e infalíveis?
Tais influências ocorrem também na idade adulta como referência comportamental para o dia a dia, nas suas mais variadas expressões.
Assim, copia-se desses modelos comportamentos e opiniões, cortes de cabelos e modos de se vestir, o que calçar e o que comer, o que comprar e o que parecer aos olhos da sociedade na qual estamos inseridos.
Permitimo-nos, com muita facilidade, uma alienação tal que passamos a ser cópias ambulantes, nos mais variados níveis de perfectibilidade, daqueles que se identificam com os nossos anseios íntimos, e esta alienação também nos leva ao consumo comercial sem reflexão.
Ao se utilizarem de figuras humanas populares que atingiram as culminâncias do que se entende por sucesso, para veicular propagandas de quaisquer tipos de produtos ou serviços, o fazem no sentido de aguçar as nossas consciências para nos igualarmos a elas, e nos transformarmos também em portadores do sentimento de sucesso alcançado pelo simples fato da aquisição do produto anunciado.
Mas o que é sucesso?
Posições sociais e econômicas mais altas são tidas como expressões de sucesso. Da mesma forma a exposição midiática constante, como também habilidades profissionais, principalmente artistas e atletas de alto nível.
No entanto, com uma observação um pouco mais acurada, percebe-se que muitas dessas figuras têm em suas vidas particulares, apesar do sucesso que ostentam, comportamentos moralmente duvidosos, dificuldades para se relacionarem com o próximo, com a família e com si mesmas, e acabam por se tornarem personagens exóticas e/ou infelizes diante do panorama humano.
A questão se torna mais complexa quando personagens com alto poder de persuasão estabelecem seus modos de pensar e passam a manobrar uma grande massa popular, em que os resultados são imprevisíveis e quase sempre desastrosos. Vemos isso em movimentos sociais e religiosos ao longo da história humana, e exemplos não faltam ainda nos dias de hoje.
A Doutrina Espírita também trabalha esse tema. Em “O Livro dos Espíritos”, o grande educador francês Allan Kardec questiona os Espíritos Superiores:
Qual é o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo?
Obtendo uma resposta monossilábica: Jesus.
Os Benfeitores Espirituais se referem ao Nosso Senhor Jesus Cristo, ao que Allan Kardec comenta:
“Jesus é, para o homem, o exemplo da perfeição moral a que pode pretender a humanidade na Terra. Deus nos oferece Jesus como o mais perfeito modelo, e a doutrina que ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque era o próprio Espírito Divino e foi o ser mais puro que apareceu na Terra. Se alguns daqueles que pretenderam instruir o homem na lei de Deus algumas vezes o desviaram, ensinando-lhe falsos princípios, foi por se deixarem dominar por sentimentos muito materiais e por ter confundido as leis que regem as condições da vida da alma com as do corpo. Muitos anunciaram como leis divinas o que eram apenas leis humanas criadas para servir às paixões e dominar os homens”.
A respeito dos modelos de comportamento e dos pretensos guias comportamentais, Nosso Senhor Jesus Cristo orienta:
“A árvore que produz maus frutos não é boa, e a árvore que produz bons frutos não é má, porque se conhece cada árvore por seu próprio fruto”.
Assim, é pelo comportamento moral que se pode identificar a condição de um verdadeiro guia ou modelo a ser assumido como tal por quem quer que seja.
Jesus ainda nos aponta o resultado final quando nos deixamos levar por modelos inadequados:
“Eles são guias cegos guiando cegos. Se um cego conduzir outro cego, ambos cairão no buraco”.
A expressão cair no buraco significa, evidentemente, sofrimento.
Paralelamente, todos somos vistos e observados por aqueles que conosco convivem, principalmente as crianças, e por isso tornamo-nos também modelos e guias, respeitando as devidas proporções, o que nos remete à obrigação de produzir bons frutos através de nossos comportamentos para que possamos influenciar positivamente aos que nos rodeiam, principalmente os que possuem menor capacidade de discernimento, por qualquer motivo que seja.
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Percebe-se facilmente, por fim, que ao expressarmos ideias moralmente sadias, confirmadas por conduta moral correspondente, ajudamos a mudar a sociedade humana a partir de nós mesmos, o que nos transforma em agentes da mudança que esperamos dos outros.
Ao cristão, e mais ainda ao espírita, porque este tem, além das luzes do Evangelho, também os esclarecimentos dos Espíritos Superiores, sempre se pedirá que seja hoje melhor que ontem, e amanhã melhor que hoje, moralmente falando, é claro.
Pensemos nisso.