O Brasil faz uso de agrotóxicos em suas produções, e todos nós estamos cientes disso. Embora não seja o maior usuário global de agrotóxicos – segundo classificação pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) de 2016, na qual aparece em 44º lugar, atrás de países europeus, como Bélgica, Portugal e Suíça, por exemplo –, ainda somos um país que compra muito agrotóxico, e um futuro totalmente livre de veneno nos pratos brasileiros parece ser um sonho distante. Ainda mais com as recentes autorizações de agrotóxicos, somando mais de 380 novos registros em 2019 (um dos mais altos índices da série histórica, iniciada em 2005).
Segundo pesquisa realizada em 2013, também pela FAO, o Brasil foi o campeão na compra de defensivos agrícolas, ultrapassando até mesmo países como EUA e China. Esse estudo se baseia em três diferentes perspectivas: números absolutos, área cultivada e volume de produção agrícola. Nestas duas últimas, o Brasil ocupou a 7ª e a 13ª posições, respectivamente, ficando atrás de países como Japão e Coreia do Sul, em ambas.
Buscando soluções
Os agrotóxicos são responsáveis por manter a “qualidade” dos alimentos por mais tempo, mas, em contrapartida, apresentam vários efeitos nocivos, e acabamos pagando com a nossa saúde. Não bastasse isso, seus efeitos sobre o meio ambiente também são prejudiciais, seja no manuseio, seja no seu descarte. Por essa razão, o ideal é sempre adotar estratégias para preservar a saúde humana e ambiental.
De olho em soluções que minimizem o impacto dos agrotóxicos nas nossas vidas, várias empresas e órgãos criaram iniciativas para controlar a poluição gerada por esses produtos, ou mesmo reduzir seu uso.
Listamos aqui algumas dessas iniciativas e suas ações nesse sentido. Se cada vez mais empresas, grupos, comunidades e pessoas compreenderem e adotarem essas medidas, será possível realizar o sonho de um futuro mais saudável em nossas mesas.
Programa de Agrotóxicos e Afins de Uso Agrícola
Lançado pelo Governo Estadual de São Paulo em dezembro de 2018, esse programa atua com a fiscalização de propriedades agrícolas. A fiscalização consiste em fazer o monitoramento do uso de agrotóxicos nas produções e assegurar os produtores em relação aos melhores produtos que devem ser usados.
Os produtores e empresas devem se registrar e cadastrar todos os alimentos produzidos, para receber as devidas orientações. É realizada fiscalização, focando os canais de distribuição, prestadores de serviço, além da qualidade e do uso correto e seguro dos produtos. Também é feita a fiscalização da destinação final das embalagens vazias.
Programa de Manejo Integrado de Pragas (MIP)
Esse programa foi criado como um conceito pela PROMIP (biofábrica brasileira que desenvolve produtos e serviços de controle biológico de pragas na agricultura), na década de 1960. Hoje em dia, ele é responsável por utilizar diversas técnicas para conter as pragas nas produções, já que são os principais motivadores do uso excessivo de agrotóxicos. Por meio de uma postura rentável e sustentável, o MIP procura reduzir a quantidade de agrotóxicos nas produções atuais.
Sendo assim, o Programa está sempre estudando as relações entre espécies plantadas, insetos invasores e seus predadores. Portanto, é de se imaginar que, apesar de “preservarem” os alimentos, os agrotóxicos também afetam os animais que se alimentam de insetos na região produtiva.
Já se sabe que a escolha das sementes mais fortes para o plantio é uma das formas de deixar os agrotóxicos de lado. Aliás, essas sementes são recomendadas por já terem desenvolvido mecanismos de defesa. Além disso, o método de barreiras no ambiente de produção pode evitar o surgimento de muitos insetos e, consequentemente, seus predadores.
O mais indicado pelo Programa de Manejo Integrado de Pragas é o uso em momentos do ano que sejam mais favoráveis à produção.
Programa Nacional para Redução do Uso de Agrotóxicos (PRONARA)
Criado em dezembro de 2013, o PRONARA foi criado como uma iniciativa da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Pnapo), do Governo Federal. Esse é um Ppograma que compreende que a Agroecologia só poderá funcionar bem quando os agrotóxicos forem extintos ou, pelo menos, drasticamente reduzidos. Seus objetivos incluem auxiliar os produtores com indicações de produtos que sejam menos agressivos à saúde, e trabalhar para retirar do mercado os agrotóxicos potentes e prejudiciais.
Além disso, o programa aborda assuntos que envolvem a economia para esses produtores, buscando formas de oferecer-lhes melhores condições, já que os agrotóxicos mais potentes, além de serem agressivos, são caros. Por isso, são
E claro, como um bom projeto, o programa busca trabalhar a conscientização social dos produtores. A ideia é sempre levar as diversas alternativas para o plantio e o monitoramento das produções, além de esclarecer as dúvidas dos os produtores e, claro, aprender com eles. Compreender quais são suas maiores dificuldades em relação às produções pode ser um dos caminhos mais indicados para conseguir mudar a situação.
Rede Mobilizadores – Oficina “Agrotóxicos: impactos e alternativas”
Essa oficina foi promovida pela Rede Mobilizadores – um projeto social de abrangência nacional. A Rede Mobilizadores foi criada pelo COEP – Rede Nacional de Mobilização Social. Dentro dessa rede, são oferecidos diversos cursos e oficinas (gratuitamente ou com preços mínimos), com o intuito de levar a conscientização cultural e social a todos.
A oficina “Agrotóxicos e Saúde” foi um dos programas realizados nos últimos anos, tendo como justificativa o consumo excessivo de agrotóxicos no país. O facilitador André Búrigo foi quem ministrou essa oficina aos participantes e realizou um minifórum sobre o assunto, no qual os participantes recebiam um certificado. A oficina consistiu em levar informação sobre o uso, a influência na alimentação e na saúde e influência no meio ambiente.
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A Rede Mobilizadores tem boas maneiras de levar os assuntos importantes à sociedade. Esse foi um miniprojeto social que deu certo, e a esperança é que haja outros. Ainda é muito difícil encontrar empresas e mobilizações de comunidades contra os agrotóxicos, mas a crescente busca por uma vida verdadeiramente mais saudável por parte das pessoas pode ser uma luz para novas e positivas mudanças nesse cenário.