Ao longo da história da humanidade, a capacidade de observar foi uma habilidade crucial. Nossos sentidos – tato, olfato, paladar, audição e visão – foram empregados para detectar e interpretar o mundo ao nosso redor.
O chamado repentino de animais ou o som de aves em fuga serviam como alerta de aproximação. Até mesmo os aromas exalados por viajantes permitiam que nossos antepassados identificassem indivíduos e até mesmo suas dietas.
À distância, análise de postura, movimento, vestimenta e acessórios como armas ou recipientes de água permitiam discernir entre amigos e inimigos. No entanto, questionamo-nos sobre nossa atenção à segurança pessoal e dos nossos entes queridos.
Observamos motoristas distraídos (imersos em conversas acaloradas) e abrimos nossas portas sem uma checagem prévia. Talvez, na busca por cortesia, tenhamos negligenciado a responsabilidade de sermos vigilantes para conosco e com os outros.
Sem julgamentos
Nunca é tarde para cultivar a arte da observação. Observar não significa julgar ou rotular como certo ou errado. Trata-se de absorver o ambiente ao redor, de estar ciente da situação e de compreender as mensagens verbais e não verbais dos outros.
Observar é não só ver, mas também interpretar, o que requer sensibilidade auditiva. Habilidades sólidas de observação nos capacitam a avaliar e confirmar os pensamentos, os sentimentos e as intenções dos outros. Serão amáveis, altruístas e empáticos?
Ou demonstram egoísmo, crueldade e indiferença? Identificar tais características precocemente nos resguarda, talvez até nos “salve”. Ser observador não implica em invadir ou causar desconforto. Um observador hábil compreende que intromissões excessivas podem influenciar o observado; assim, sutileza e propósito são aliados.
Avaliar o próprio conforto pode revelar nuances sobre as pessoas com as quais interagimos. Ao encontrar alguém novo, é válido questionar: “Essa pessoa me faz sentir à vontade o tempo todo?” Caso contrário, por quê?
Jamais devemos desconsiderar os indícios de que algo pode estar errado, independentemente do desejo de manter uma amizade. Nosso subconsciente trabalha incessantemente para nos proteger, e essa intuição tem sua razão. Entretanto é essencial estarmos abertos a observar e reconhecer nossos sentimentos.
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A importância da observação não diminuiu, mesmo em comparação com 10 mil anos atrás. A única discrepância é que, na atualidade, precisamos realizar essa prática com agilidade e eficácia, uma vez que podemos cruzar com 50 desconhecidos em um único dia, ao passo que nossos antecessores encontravam apenas alguns. Podemos aprimorar essa aptidão e até mesmo transmiti-la aos nossos filhos, porém, assim como em qualquer habilidade, isso requer dedicação.