Convivendo

Mulher e Ciência

Mulher olhando em microscópio.
Foto: 123rf.
Escrito por Eu Sem Fronteiras

As mulheres participam da construção da ciência há muito tempo, mas poucos sabem disso. Alguns historiadores que tinham como interesse o estudo sobre a relação de gênero e ciência enfatizaram as realizações femininas como cientistas, as dificuldades enfrentadas por elas pelo simples fato de serem mulheres e as estratégias que eram obrigadas a implementar para que fosse possível a revisão e a publicação de seus trabalhos. As mulheres tiveram participação ativa no campo da medicina nas civilizações antigas e contribuíram para a protociência da alquimia.

Um fato curioso é que, durante a Idade Média, os conventos onde as mulheres ficavam e estudavam proviam oportunidades para que elas contribuíssem com pesquisas acadêmicas, mas quando as primeiras universidades surgiram, no século XI, as mulheres foram praticamente excluídas do ambiente universitário.

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Exceto na Itália, que na área médica foi mais liberal, o que fez com que Laura Bassi fosse a primeira mulher a ganhar uma cadeira universitária em um campo científico de estudos, as mulheres foram excluídas quase que inteiramente da educação científica no século XIX, mas ao mesmo tempo foram aos poucos sendo admitidas nas sociedades eruditas, e no final do mesmo século a ascensão proporcionou empregos para as cientistas!

Fotografia de Marie Curie.
Foto: Reprodução.

Você com certeza já deve ter ouvido falar de Marie Curie, uma química e física polonesa que foi a primeira mulher a receber um Nobel e a única a receber dois prêmios Nobel em diferentes áreas. Recebeu em 1903 o prêmio Nobel de Física e em 1911, o Nobel de Química.

O exemplo de Marie com certeza inspirou muitas mulheres a investirem e acreditarem na carreira científica, mas quando a inspiração se baseia em prêmios como estímulo, pode ser que haja um desânimo. Nos 90 anos seguintes à premiação de Marie, de um total de 320 premiações, apenas 16 prêmios Nobel foram atribuídos a mulheres.

Mas por que as mulheres enfrentam tantas dificuldades na ciência?

Podemos responder esta pergunta com duas palavras: assédio e desigualdade.

Moema de Castro, pesquisadora em relações de gênero, disse no ano de 2017 que as mulheres que decidem encarar a ciência enfrentam uma barreira invisível que as impede de alcançar cargos maiores. Afirma com certeza que por serem consideradas frágeis ou que por, de uma certa forma, terem historicamente a atribuição de afazeres domésticos e de cuidar primeiramente da família já faz com que o caminho delas se inicie com desigualdade quando comparado ao dos homens.

Você obviamente sabe que existem profissões, que, além da ciência, excluem automaticamente mulheres, como o ramo da tecnologia ou da engenharia, por exemplo. O fato é que o estereótipo criado e a imposição dos homens quando o assunto é mercado de trabalho agem como um “tetos de vidro” que não são vistos, mas existem e são sentidos na pele por cada mulher que se frustra ao ter a capacidade para ocupar um cargo mas ser descartada por causa de seu gênero.

Foto de Márcia Barbosa segurando prêmio.
Foto: Bertrand Rindoff Petroff/Getty Images

A física Márcia Barbosa, em 2018, relatou que alguns colegas de profissão a assediavam e usavam o fato de ela ser mulher como uma desvantagem: “Seu perfume me distraiu”, “essa saia curta é só por causa da decisão de departamento?”. O assédio em tom de brincadeira pode ter a capacidade de diminuir qualquer feito de uma grande mulher, o que é um grande absurdo.

Os homens diminuem as mulheres com termos pejorativos e muitos deles crescem achando que a mulher deve simplesmente servir e que não é apta a uma profissão (muitas vezes por medo de que elas sejam mais bem-sucedidas do que eles).

Como encorajar mulheres e provar que a ciência não é somente para homens?

Como já dito anteriormente, ser mulher é ter que enfrentar dificuldades no campo da ciência. A cultura masculina dessa área impõe que uma mulher tenha que ser praticamente como um homem, competitiva e com atitudes masculinas, o que foge de qualquer aceitação possível e de forma alguma faz com que sejam profissionais melhores.

A união e a persistência feminina podem mudar qualquer situação: a mulher tem poder! É possível mudar a imagem que os próprios cientistas possuem sobre eles mesmos e também a imagem que eles têm diante da sociedade. Não é o “ser homem” que faz alguém ser cientista, mas o quanto uma pessoa estuda e se dedica.

É normal que a insegurança seja um grande incômodo, pois raramente a voz feminina é ouvida com atenção. Antes de tudo é preciso acreditar que você, mulher, realmente é capaz de fazer tudo o que um homem cientista faz.

O que a mulher pode encontrar ao decidir seguir carreira na ciência e o que pode afastá-la?

Mulher segurando um livro.
Foto: 123rf.

Entre os anos de 2014 a 2018, foi comprovado que metade do total de pesquisadores é composto por mulheres, mas mesmo assim a sua distribuição dentro de grandes áreas é imensamente desigual. As oportunidades são primordialmente para homens: se há um homem e uma mulher concorrendo por uma única vaga de trabalho, tenha a certeza de que a probabilidade de que o homem seja contratado será de 70% em relação à mulher.

Nas universidades, a cultura das salas de aula, que são resultados da desigualdade existente no ramo escolhido, pode interferir, constranger e desanimar uma mulher. Mas a persistência e a força de vontade sempre comprovam que as mulheres podem criar e fazer coisas que mudam o mundo, assim como Marie Curie, que, além de ser premiada, assumiu o cargo do seu marido em um momento da vida.

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