Outro dia fiquei refletindo sobre as dores e os sofrimentos do coração feminino e isso me levou a voltar no tempo e lembrar que até poucos anos atrás, a mulher jamais poderia se expor, tinha seu destino decidido pela família e depois pelo marido, não tinha direito de escolher seu próprio companheiro, de estudar, de viajar sozinha, de escolher sua profissão e de decidir se queria ou não se casar ou se queria ou não ter filhos.
Se voltarmos no tempo de nossas avós, bisavós e antes ainda, fico me perguntando quais eram as dores e os sofrimentos que cada coração feminino vivenciou e para onde foi toda aquela insatisfação, aqueles desejos e aquelas palavras que nunca foram ditas?
O meu trabalho com Constelações Familiares, muitas vezes, me fez olhar para o passado de muitas mulheres e reconhecer na vida de cada uma delas aquelas dores, que continuam presentes de geração em geração e ainda estão aqui para serem curadas, mas como fazer para curá-las?
Acredito que todas nós que encarnamos em um corpo feminino temos o Arquétipo do Feminino Ancestral em nossas veias, da mulher-loba, da natureza selvagem, da encantadora Gaya, sedutora, gestadora, mãe, filha, mulher e, ao mesmo tempo, carregamos também a dor de termos sido roubadas em nossa feminilidade selvagem e termos sido trancafiadas e restritas em uma vida social cheia de normas, regras, condutas e, principalmente, repleta de desrespeito.
Há algum tempo restava à mulher apenas o papel de esposa e mãe, e se uma ou outra jovem se aventurasse a viver um amor escondido, uma paixão revelada ou um desejo intenso, era banida do convívio dos seus, ora enclausurada em um convento, ora vivendo em casas ou prostíbulos.
Essa era a sina, ser esposa, madre ou prostituta, não havia alternativa. E creio que seja lá onde quer que você se enquadrasse, a rejeição, o desrespeito e a exclusão estavam sempre presentes.
Imagino que cada uma de nós carrega ainda muitas emoções escondidas, que hoje só parece nossa, mas que na verdade é de todas e esses sentires trazidos pelo tempo, nos torna vulneráveis ao amor, aos relacionamentos, à nossa estima, ao nosso verdadeiro valor, porque fazemos parte de uma história e de um TODO chamado “arquétipo do feminino” repleto de experiências tristes e dolorosas e não há como você fugir disso.
Talvez a Cura do Todo seja a Cura deste feminino em cada uma de nós, e esta parece ser uma de nossas tarefas neste novo ano. Sabemos que 2018, carrega o 18 da carta da lua no tarot, “um arquétipo claramente feminino” e que a redução do ano nos leva ao 2, ou seja, ao colo da Sacerdotisa com o seu livro de Cura e dos mistérios do inconsciente feminino.
Parece que a hora é agora, estamos sendo chamadas para Curar as traições sofridas, a inferioridade, o medo da rejeição, a dependência e a subserviência. Não mais esconder-se, renegar-se ou anular-se por alguém, por algo ou por uma situação.
Carregamos a dor das antepassadas e de toda uma história feminina de negação, mas também temos em nosso ventre a força da Mãe Terra para gerar o novo, transformar o mundo, alimentar os filhos do futuro, temos também o colo amoroso e acolhedor para os grandes homens se deitarem e, acima de tudo, temos o Orgulho de ser o princípio, o meio e o fim de tudo.
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Que neste ano de 2018 você que é menina, mulher e anciã, todas em Uma, se lembre de retomar o reino de seu próprio poder, assumindo seu cetro e sua coroa, para então conduzir sua vida com inteligência, beleza e afetividade e, acima de tudo, que você possa carregar com elegância o título de ser “Um Ser Feminino” regido por uma coração curado e chamado de Mulher.