Desde pequenina, ela buscava meninas que pareciam mais fortes e determinadas para transformar em seu ídolo.
Ela foi crescendo, se tornou mulher, e ainda não havia se visto, não acreditava em si, não se dava valor. Quanto mais se dava, mais se sentia rejeitada.
Sim, ela passou a idolatrar mulheres, porque as considerava melhores, mais inteligentes e por que tinham família. É mais confortável as nomeá-las como ídolos para garantir a sua “felicidade”.
Ao se manter atrás daquelas mulheres, a vida aparentava ficar mais fácil, era fuga, conveniência, era a oportunidade de se “sentir algo”, “alguém”.
Era a oportunidade de pertencer a um grupo, a uma pessoa, a uma ilusão.
Ao idolatrar, demonstrava um aspecto falso, inseguro, submisso, servil.
A idolatria a aprisionou, pois gerou uma necessidade grande de viver para o outro, para suprir as necessidades do outro, para ser o outro.
Vivia na ânsia de ser reconhecida, aprovada, amada. Como se o que ela dava, sem perceber, não era real, pois ainda não sabia que tudo o que fazia aos outros era para ser amada, não por amor.
Mas, como num sopro, depois de muitos anos, passou a buscar conhecimento através da terapia, que a fez criar sua própria identidade. Passou a perceber, dia após dia, que aquelas mulheres, cujo seu olhar inocente as enxergava “tão Deusas”, hoje, já não cabiam mais.
Não passavam de mulheres comuns, com qualidades e defeitos, com medos e inseguranças, com coragem e força, tudo assim, como ela podia enxergar, agora, em si.
Ela se tornou uma mulher grande, com valores reconhecidos por ela. Ela agora pertencia, pertencia a si, e tudo passou a fazer sentido.
As tais mulheres que idolatrava sequer fazem parte da vida agora, também já não cabe mais.
Porém, na vida dessa mulher, isso aconteceu de maneira branda, sem grandes danos, pois não chegou a um grau de obsessão. Não houve danos ao outro, pois era inofensiva. O sofrimento era todo gerado apenas para ela, pois o apego e a idealização geravam sofrimento.
Trouxe esta matéria hoje, pelo Dia da Mulher, para que se perceba e não se coloque abaixo de nada nem ninguém. Assim como minha paciente, vá atrás do autovalor, do autoamor, do autoconhecimento para libertar-se desta condição, e de qualquer outra que a aprisione, a diminua, fira a sua integridade como mulher.
Você é essa mulher forte, é inato!
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