Convivendo

Musa das ilustrações: uma conversa com Vitória Frate

Escrito por Eu Sem Fronteiras

Ela já fez novelas, mas foi nas ilustrações que encontrou ternura, sossego e amor. Conversamos com Vitória Frate e ela nos falou do início da carreira de ilustradora, porque deixou de atuar e como encontra nas ilustrações uma nova forma de ver a vida. Confira a entrevista:

Eu sem Fronteiras: O seu trabalho como ilustradora ganhou reconhecimento (é quase impossível não se apaixonar). De onde vem a inspiração para ilustrar? Se inspirou em algum artista?
lustração por VItória Frate

Vitória Frate: A inspiração pode vir de todos os lugares. De um colorido que vejo na rua, de uma música que me toca, de um grande acontecimento e, sobretudo, da observação das pessoas que me cercam. Acompanho o trabalho de muitos artistas, mas não tenho nenhum que me inspire especificamente. Curto bastantes as linhas precisas e ácidas do Saul Steinberg. Da melancolia dos personagens do Yoshitomo Nara. E acompanho de perto o trabalho de uma dezena de ilustradores e artistas plásticos que me chamam atenção como a americana Julia Rottman e a brasileira Renata Lucas. 

ESF: Desde a viagem para Berlim, pelo que vi, você modificou bastante coisa na sua vida. Por que?

VF: Foi um ponto de transição. A viagem surgiu como uma pausa para pensar na vida. Estava pouco estimulada com a vida que estava levando, mas cheia de trabalho o que me fazia seguir em frente sem pensar. Percebi que só entenderia e curaria essa insatisfação me afastando um pouco e dando um tempo para a vida arejar. Foi o que fiz. Não conhecia Berlim, mas sabia que era uma cidade cheia de possibilidades. E para lá me joguei. 

ESF: Você tem contato com os compradores de suas artes?

VF: Tinha mais no início. Hoje fica um pouco mais difícil, até porque tenho alguns intermediários no processo, o contato já não é mais tão direto. Mas respondo todo mundo que entra em contato comigo pelo site. Também planejo começar a abrir meu novo ateliê, no Jardim Botânico, para visitas quinzenais a partir do meio do ano que vem. 

ESF: As ilustrações mexem com você? você aprende com elas?
Ilustração por Vitória Frate: Contornos da Falta
Ilustração por Vitória Frate: Contornos da Falta

VF: É um processo de retroalimentação. Principalmente as pinturas. O que mexe comigo vira arte, que como arte, mexe com meus sentidos. Aprendo com esse processo. Já as ilustrações são mais direcionadas, justamente por serem mais figurativas e comerciais. Aprendo com o processo de colocá-las no mundo. 

ESF: O que a vida tem lhe proporcionado de bom?

VF: A capacidade de aproveitar os pequenos momentos. Quanto mais o tempo passa, mais aprendo a aproveitar a vida e sua oscilações. Isso é fantástico. 

ESF: E sua relação com os gatos?

VF: Sempre tive animais. Quando criança, na casa dos meus pais, chegamos a ter sete gatos, dois cachorros e quatro tartarugas (sem contar os micos e pássaros que viviam soltos nas árvores do quintal). Quando fui morar sozinha definitivamente ganhei o Hashi de presente de natal da minha mãe. Ela estava em uma farmácia, dentro de um shopping em São Paulo, quando viu uma bolinha de pêlo fugindo de uma dezena de marmanjos ser capturada ao seu lado. O filhote foi devidamente devolvido à vitrine da Pet shop de onde tinha fugido, mas ela já tinha se apaixonado. Comprou o gato na hora, mas tinha cachorros em casa, então me deu de presente. Sorte a minha. Ele é um persa muito afetuoso. Agora mesmo, enquanto respondo esse e-mail, está deitado no meu colo. Além dele, também mora aqui o seu filho, Dexter, filhote de uma das muitas ninhadas do Hashi e da Eufrosina, a gatinha de um amigo querido. 

ESF: Recentemente vi uma reportagem que você e Pedro trocaram de apartamento (por um menor) para ter mais liberdade. Por quê?

VF: Morávamos em um apartamento lindo, mas que não era feito para o nosso estilo de vida. Tudo era difícil, longe, precisava de muita manutenção, as contas eram caríssimas. Trabalhávamos muito para bancar um estilo de vida que pouco usufruíamos.  Eu gosto da rua, do ambiente público. Prefiro um bom café perto de casa do que um escritório. A praia é uma piscina particular. Então decidimos diminuir. Nos mudamos de 350m² para 75m². Doamos noventa por cento de tudo o que tínhamos, móveis, roupas, livros, tudo. Hoje moramos em uma casa absolutamente funcional, onde cada cantinho é utilizado e não guardamos nada que não seja extremamente útil. Para você ter uma ideia nem geladeira temos mais. Temos um frigobar e um freezer pequenos que super dão conta do recado. A liberdade vem de não ter que gastar muito tempo se preocupando com casa. Se decidimos viajar, mudar de cidade ou de vida, a casa é só uma casa e não uma questão. 

ESF: Como foi a escolha de deixar um pouco de lado a carreira de atriz?

VF: Foi natural. Aos poucos fui ficando cada vez menos estimulada com a carreira e com a vida que levava. Isso me fez começar a correr atrás de novas possibilidades e novas portas foram se abrindo. Eu gosto das artes cênicas, mas estava me sentindo aprisionada. Encontrei de novo um ambiente fértil nas artes plásticas e me joguei. 

Para saber mais, visite: http://vitoriafrate.com.br

  • Entrevista concedida a Angélica Weise da Equipe Eu Sem Fronteiras.

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Fotos: Acervo Vitória Frate

Foto em destaque: Luiza Chataignier – Reprodução/FARM RIO

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