O tradicional ou o construtivista?
Através do quadro comparativo tirado do livro “Música na Educação infantil”, de Teca Alencar de Brito (Ed. Peirópolis, 2003), que nos foi enviado, eu colocarei a minha opinião.
Na primeira comparação, atividades musicais que enfatizam a reprodução ou atividades musicais que integram reprodução, criação e reflexão, acredito muito mais na reprodução interativa, onde podemos criar conjuntamente e após esse processo de criação podermos apresentar algo e refletir sobre essa criação. Fazer com que as crianças participem de toda a criação e consigam acrescentar essa obra à sua percepção de vida.
Na segunda comparação, fazer e ouvir ou refletir para fazer, em minha opinião, com certeza o refletir vem primeiro e em seguida o fazer, porém eu mesma passei por uma experiência com esse fazer e ouvir, em uma das atividades, ao invés de ouvir e fazer, apenas fiz. Percebi então que não havia saído como o esperado. Achei melhor refletir sobre a proposta antes de fazê-la. Já na próxima execução da proposta, percebi que me atentei muito mais aos sons e resultado, resultado esse que me alegrou e que me fez entender o quão necessário é o refletir.
Na próxima comparação, canções de comando como forma de criar ou reforçar comportamentos ou invenção de canções como meio de expressão. Canções como “meu lanchinho, meu lanchinho”, causam na criança uma sensação de rotina, de saber o que acontecerá no próximo momento e essa ação é saudável, mas por que não criarmos com essas crianças um novo som, uma nova canção que as leve a isso? Uma criação onde eles possam refletir na letra, ritmo e inclusive na interpretação corporal. Com certeza toda essa reflexão e experimentação para um resultado coletivo será muito mais aproveitado por eles.
Na comparação de instrumentos de bandinha como único contato com instrumentos musicais ou contato com brinquedos sonoros, artesanais, industrializados, pedagógicos e de outras culturas. Sou construtivista! Usar os instrumentos da bandinha como forma de conhecimento de instrumentos? Impossível! Principalmente nos dias atuais de educação, onde as escolas não oferecem estrutura e materiais necessários para isso. Provavelmente, algum professor tradicionalista que perceba que em seu ateliê há um ou dois pares de triangulo, ou jogo de pratos, dois ou três chocalhos já ache essa quantidade suficiente para que os seus alunos conheçam os instrumentos musicais. Acredito muito mais na concepção desses instrumentos. Na concepção de ritmos vindos de materiais diversos como reciclados e sucata, materiais como plásticos, metais, tampas, grãos e muitos outros. Além da concepção desses instrumentos com formas que podem ser diferenciadas no quesito construção e até no quesito som, o que importa é o fazer, o vivenciar e principalmente o aproveitar sua criação. Como experiência pessoal, eu vejo os meus alunos olharem todos os dias os instrumentos do nosso ateliê, mas quando proponho para criarem um simples chocalho os olhos brilham e o sorriso surge, qual será o motivo desse brilho? Imagino ser a alegria em ter autonomia em sua criação, autonomia nas formas, cores, nas linhas e principalmente na execução de um instrumento próprio. Instrumento esse que ele poderá tocar e apreciar da maneira que quiser.
Seguindo com a comparação do quadro, temos ainda alguns quesitos importantes na minha visão como, por exemplo, o repertório musical de cada criança. De onde vem esse repertório, como ele é criado e alterado. Sem dúvida alguma, uma grande parte desses repertórios vem da mídia, é impossível em um mundo como o de hoje falar que não haverá interferência de mídia. Um mundo em que todos os conteúdos estão disponíveis com muito mais facilidade para todas as crianças, quero acreditar que a mídia assume uma boa parte desse repertório, porém não podemos esquecer na lembrança cultural que os pais e a família carregam e passam para os seus filhos. Um outro fator muito importante e que auxilia no repertório musical, é o habitat em que vivem. Uma criança que vive em comunidade, com casas muito próximas umas das outras e com grande diversidade cultural, acaba tendo seu repertório influenciado por esse local e cultura. Uma grande contribuição para esse repertório pode ser o trabalho em projetos coletivos e interdisciplinar, fazendo com que as crianças vivenciem esses repertórios em outras áreas da educação, como história, ciências e geografia. A partir daí conseguiremos incluir nesse repertório músicas e canções de todos os pedaços de nosso grande país, independente da cultura local e da mídia.
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Para finalizar, acredito que eu seja construtivista devido a maneira de atuar com os meus alunos e a minha visão de refletir sobre o que fazer. Não devemos nunca desistir e não acreditar na capacidade das crianças e sempre acreditar na reflexão e experimentação de tudo o que fazemos.
Referências:
BRITO, Teca Alencar. Música na Educação Infantil. São Paulo: Peirópolis, 2003.
MATEIRO, T. A música criativa nas escolas. In MATEIRO, T. ; ILARI, B. (org.) Pedagogias em Educação Musical. Curitiba: Ibpex. 2011. – Série Educação Musical – (p. 251).