Tudo, absolutamente tudo, o que buscamos em nossas vidas tem como base a tentativa de garantir que as coisas aconteçam como planejamos. Talvez o maior pavor do ser humano seja a incapacidade de prever o amanhã.
É possível planejar, mas a execução que se ofusca no horizonte será sempre um mistério.
Tudo aquilo que foge ao nosso domínio nos amortece, tanto que qualquer desvio, por menor que seja, é capaz de nos desestabilizar completamente, conferindo um ar de preocupação de magnitude similar a uma catástrofe real, com vítimas, destruição e tudo o mais que a imaginação puder mensurar e catalogar como sofrimento.
Vivemos mesmo como se fôssemos donos da própria vida e do universo ao redor, o que em parte é verdade. Também vivenciamos momentos de intensa satisfação pessoal, mas a nossa vida nos pertence somente enquanto estamos vivos, ademais, onde se encontrará nossa consciência? Ou será que nossos aprendizados, todo o nosso desenvolvimento, se esvairão a sete palmos e fim de papo?
Não há tempo para tentar desatar tantos nós. Os dias saltam em nossas vidas nos lembrando que não há respostas para tantas perguntas e o mais assustador é que não há tempo.
Se conseguimos compreender isso, porque então precisamos garantir que sejamos senhores das nossas vontades, se sequer sabemos o dia do nosso juízo final? Como seria possível moldar toda uma existência, se mudamos a cada dia, a cada perda, a cada vitória? Ninguém, em toda a história da humanidade, foi capaz de seguir à risca o mapa que escreveu para si mesmo.
Cada pessoa que encontramos traz em si um mundo próprio, cheio de expectativas e esperanças, mas, entre idas e vindas, todo esse universo particular desmorona e se compõe outra vez e tantas vezes mais.
Com a impermanência da vida e a troca de ciclos, fica claro que o amanhã trará todo tipo de experiência e, por mais que se possa concretizar sonhos e metas, nem tudo estará ao nosso alcance o tempo todo.
Às vezes, é prudente saber “perder” e entregar de vez o desejo de controle como se a vida estivesse à nossa inteira disposição. Tantas vezes ela colabora, outras tantas não e é por isso que se torna cada vez mais compreensível que o único controle possível é o do próprio pensamento e nada mais.
Não há garantias e certezas que nos deem a merecida paz que tanto buscamos, seja no trabalho, nos relacionamentos, nas amizades ou nas finanças.
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A garantia estará na presença de nós mesmos e de nossa conduta perante os percalços do caminho, na capacidade de nunca nos abandonarmos e de sermos valentes, seguindo na companhia dos que nos merecem e querem bem, trilhando o caminho abstrato da vida, que se incumbe de provocar em nós a coragem para sermos aqueles que vão além das falsas garantias e transcendem a própria ignorância de cabeça erguida.