São 2:26 da manhã de uma quinta-feira. Esse ano, La Niña fez o inverno ser mais quente do que o normal. Gostei. Curto essa tal de La Niña… não posso dizer o mesmo sobre o irmão dela.
Esse ano tenho 47. E 7.9 de um hormônio cuja sigla não lembro, mas que mostra que eu entrei no climatério. A pré-menopausa. Possivelmente por isso estou acordada às 2:28 da manhã de uma quinta-feira.
Mudei nos últimos anos. Não estou indo para a academia, nem dançando com um grupo de amigas. Não gravo mais músicas no meu aplicativo de karaokê e meu cabelo está ruivo…. ruivo, não loiro como eu realmente gosto. Me vi com problemas de estômago, uma flacidez que nunca tive, mas ao que parece ainda lutando com os mesmos problemas no começo desse ano. Até o ponto em que eu mesma disse um grande chega, tenho quase 50 anos, não preciso mais disso…
Que liberdade. Essa sou eu. Livre, dançando aos 40, viajando sozinha aos 30, entrando numa segunda faculdade aos 20. Escrevendo meu primeiro livro aos 11. Nasci assim, livre, leve e solta.
Mas eu nasci assim e não o mundo ao meu redor. Como mulher, tenho “obrigações”. Filhos, uns 2… pelo menos um cachorrinho, então? Sucesso na carreira, ah pelo menos 10 mil seguidores no IG ou um bom cargo de CEO. Um marido, ou pelo menos uns dois divórcios? Não, nada? E agora? Quem sou eu?
No meu caso o cachorro, os (quase) dez mil seguidores… eita… mas e a dança aos 40? As aulas puxadas (é sério) de hidroginástica? Os muitos textos escritos, os livros que vieram depois dos 11 anos… as roupas mais curtas do que “pede” a idade, o suco verde (sem pepino, por favor, me dá azia). Um namorado que me ama, uma casa num lugar tão maneiro que eu faço tudo a pé e tenho 8 supermercados a até dois quarteirões de distância… mas e a dança? Mas e o sol entrando na janela? Mas e as músicas no karaokê?
É tão fácil se perder de si. Uma agenda cheia, um novo relacionamento. Os velhos problemas familiares, um sonho não realizado, e lá está você… se perguntando onde está a sua dançarina às 2:37 da manhã. Repensando seu guarda-roupas, o consultório que está trabalhando, a cor do cabelo…. ah, meu cabelo, minha vida.
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E, na maioria das vezes em que nos fazemos essa pergunta, voltamos ao início, à nossa essência. Voltamos ao ponto em que algumas coisas nem são tão importantes assim como nos fizeram crer. Que voltar a colocar as sapatilhas e cantar os hits da Shania Twain são sim mais importantes. Que voltar a comer a bomba de zabaione com um capuccino na Crystallo parece distante… e faz tanta falta. Sim, podemos (e devemos) mudar, e algumas dessas mudanças ficarão para sempre, como bloquear os relacionamentos abusivos do passado ou nunca mais querer um Android (sim, soou pedante). Mas alguns pontos são tão seus, tão meus, que não devem jamais ser abandonados. E, quando forem, vão cobrar o seu preço e te atormentar às 2:42 da manhã de uma quinta… e te fazer procurar a academia pela manhã. Será que eles ainda vão me dar aquele desconto?