E então é Natal! Todo ano, mais ou menos a partir do mês de outubro, já começamos a ver nas ruas luzinhas brilhantes penduradas em árvores e varandas, junto com bonecos de Papai Noel e pinheiros cheios de bolinhas. Para quem gosta das festividades natalinas, a chegada dessa época do ano e a enxurrada de decorações em vermelho e verde são motivo de inexplicáveis emoção e entusiasmo.
Direto ao ponto
Provavelmente, a atmosfera da comemoração do Natal é uma das mais tradicionais entre todas as outras… as decorações, os pratos, os símbolos e signos envolvidos com essa data se repetem incansavelmente em todos os anos. Mas você já parou para pensar no porquê disso? Por que o mundo inteiro comemora o Natal da mesma maneira, se cada cultura tem símbolos e costumes tão singulares e tão diferentes?
De onde vem a tradição natalina?
O dia 25 de dezembro é um dos mais importantes do calendário para o cristianismo, já que, como é de conhecimento público, é o dia do nascimento do Menino Jesus. Por isso, esse mês do ano sempre conta com o tradicional presépio, maquete que remonta ao episódio do nascimento dessa entidade, com imagens e representações sagradas da original noite natalina. Mas, fora isso, de onde vêm as tais árvores de Natal, com bolinhas coloridas, gorros, meias e outros elementos em verde e vermelho?
Se, alguma vez, você já viu algum brasileiro suando de calor sob uma fantasia de Papai Noel durante o quente verão do nosso país, então já pode imaginar que a resposta à pergunta acima não é o Brasil. Apesar de a data ser realmente popular e apresentar-se em outras versões em religiões distintas, a globalização do modelo de Natal que comemoramos (e que se comemora em outros lugares também, como África, Ásia etc.) é proveniente de culturas de países do Hemisfério Norte.
Não é à toa que toda a decoração natalina se ambienta num clima frio — os grossos suéteres bordados, as meias de lã nas quais se colocam os presentes, a decoração com neve, e por aí vai. No Hemisfério Norte, faz um congelante inverno durante o mês de dezembro. Se nós, aqui no Brasil, não temos neve nem mesmo durante o pico do mês de julho (com exceções raras, em algumas localidades da região Sul), por que decoramos nossas casas com artigos de frio no nosso bom verão?
A única explicação é o fato de estarmos subordinados, cultural e economicamente, à Europa e aos Estados Unidos. É o famoso imperialismo. É por isso, aliás, que a imagem que temos da comemoração do Natal em família está bastante ligada ao consumo de Coca-Cola — quem nunca se emocionou ao perceber a chegada do Natal com as lindas propagandas desse refrigerante na televisão?! E ele é um integrante fiel das nossas ceias, pois também já foi inserido na tradição dessa festa (e é, por muitos, considerado um símbolo do domínio dos EUA sobre as outras nações capitalistas).
Valorizando a cultura nacional
Diante disso, é interessante refletir sobre o fato de que adotar símbolos e tradições de outros países no feriado mais importante do ano é abrir mão da nossa própria identidade territorial. No lugar de exaltar itens que fazem referência ao modo de vida norte-americano e europeu, deveríamos celebrar a nossa cultura, com imagens e hábitos que dialoguem com a nossa realidade e que falem sobre nós.
Apesar do antigo costume, é possível pensar numa comemoração de Natal que não copie aquilo que os “gringos” fazem e nos impõem há décadas. O Brasil, que é tão rico socioculturalmente, sugere, em sua vegetação, clima, fauna e práticas, uma série de possibilidades para uma festa natalina que tenha mais a nossa cara.
Isso não significa que devamos aniquilar todas as figuras de Papai Noel que aparecerem em nossa frente, nem que tenhamos que jogar no lixo todas as bolinhas e enfeites da árvore de Natal. Mesmo assim, é importante que tomemos consciência de como é simbólico seguir à risca essa ideia globalizada de se comemorar um evento de tamanha importância e magnitude para a sociedade.
Dicas para uma decoração brasileira de Natal
Se você ficou animado com a ideia de um Natal mais brasileiro, que se encaixe e pertença à nossa realidade quente, colorida e tropical, então alimente a sua criatividade com as sugestões de decoração que vamos dar a seguir.
O importante é conseguir personalizar cada detalhe com aquilo que mais tem a ver com você e com o que você enxerga que fala sobre o nosso maravilhoso país. Confira!
1. Aposte em cores vivas e alegres
Em contraste com os tons frios que a tradição natalina tem como tema principal (azul, branco e verde, por exemplo), a ideia de um natal brasileiro liga-se muito mais às cores quentes, que representam o nosso clima de verão da época de dezembro. Por isso, seja qual for a decoração que você escolher para a sua casa, use e abuse de cores como amarelo, laranja e até mesmo o tradicional vermelho natalino.
2. Utilize-se de plantas, flores e frutas
Ao pensar em uma atmosfera tropical, a primeira coisa que vem à cabeça é um cenário cheio de plantas bem verdes e frutas e flores coloridas. Numa decoração de Natal à brasileira, então, esses itens, com certeza, não podem faltar. Nesse sentido, você pode tanto encher os vasos de plantas e flores com elementos típicos natalinos (como as próprias bolinhas e luzes que geralmente colocamos no tradicional pinheiro) quanto usar as flores e as frutas para decorar a própria árvore de Natal. Fazer lindos arranjos de guirlandas e mesas com esses itens naturais também é uma ótima opção.
3. Faça artesanatos
Existe coisa mais personalizada do que um artesanato?! Algo feito à mão por você mesmo não apenas imprime singularidade à sua decoração natalina, como também remonta ao “jeitinho brasileiro” de se fazer tudo. Crochês, fuxicos, mandalas de linha colorida e colagens de papel são a cara do Brasil e vão te trazer um Natal com muita cor e muita alegria, sem dúvida.
4. Opte por elementos do mar
Já que o Brasil tem grande parte de seus limites em contato com o mar, optar por uma atmosfera litorânea e marinha na sua festa de Natal faz muito sentido e pode trazer resultados incríveis. Conchas, estrelas-do-mar e até mesmo areia podem somar muito à sua decoração natalina. Basta comprar a ideia e experimentar esse modo inédito de passar a data.
5. Opte por elementos caipiras
Se uma decoração litorânea não é muito a sua cara, você pode preferir decorar a sua casa com um cenário que fale mais sobre o campo, referindo-se ao estilo de vida caipira, com elementos da roça e afins. Nessa opção, é possível que se aproveite muito daquilo que já usamos durante as festas juninas — destacam-se: os itens revestidos em tecido chita, as canecas de ágata, galhos e lenha. Unindo o melhor dos dois mundos, você pode se surpreender muito com esse tipo de decoração.
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Agora que você já refletiu sobre como é importante valorizarmos a cultura do nosso país, exaltando os nossos símbolos e agindo conforme nossa própria realidade, já pode experimentar a ideia de um novo modo de pensar e comemorar o tão esperado Natal. Lembre-se de que não é necessário ser radical e abdicar, da noite para o dia, de tudo aquilo que temos como tradição natalina. O importante é estar atento ao significado de tudo isso e, mais ainda, abrir-se para o novo. Divirta-se!