Nenhuma coisa boa torna seu possuidor feliz, a menos que sua mente esteja habituada com uma possível perda. Enquanto o homem for materialista, estará perpetuado a ser alguém não capacitado a assumir grandes responsabilidades. Muitos se perdem exatamente pela falta dessa consciência, se apegam facilmente a um tipo de vida, acham que são alguma coisa, e o simples fato de uma ameaça pode deixar o indivíduo materialista em um estado de extremo estresse ou com a tensão aflorada, de sorte que suas tomadas de decisão são todas baseadas na emoção, por temerem a perda, por detectarem uma ameaça. Se sentem possuidores de uma posição, de um cargo, uma vida de facilidades e etc. É triste ver pessoas assim, tão apegadas, vazias por dentro, e o repertório é quase sempre óbvio. Reflita você mesmo.
A mente sempre estará habituada com alguma coisa que está ligada e condicionada por um tipo de estrutura, isto é, com um estilo de comportamento diante da vida. O problema está na seguinte pergunta: como resolver dentro de si mesmo os conflitos criados pela mente viciosa e tagarela, mimada ao extremo? Pois bem, o possuidor teme por ser condicionado ao apego, ao medo da perda. Nenhuma coisa boa torna seu possuidor feliz? Como assim? Reflita você, pare um pouco e reflita com base na sua visão… Lembre-se sempre, você sempre terá o direito de defender suas convicções, porém, não descarte a possibilidade de se oferecer o direito em ver o mundo a partir de uma perspectiva que só se enxerga a partir da busca pelo conhecimento.
Repare que quando existe no homem uma envergadura de conhecimento literário, uma espiritualidade diferente da religiosidade, enfim, quando se encontram elencadas no mesmo homem as qualidades raras do desapego das coisas, nele não se encontram expectativas quanto ao medo da perda, pois ele não depende da coisa boa, quiçá de coisa alguma, mesmo porque para um homem sábio a felicidade na existência está fora do possuir, de sorte que as coisas boas são consequências e não um fim no sentido de esperar uma boa notícia ou coisas desta natureza. A mente deve ser treinada a se desapegar das expectativas, de sorte que não sobre nenhuma possibilidade de perda, pois quando não há o que se perder, não há expectativa ou possibilidades de perda, afinal, existe um hiato de envergadura entre o homem a caminho da perfeição e o homem comum; sabendo, porém, que o homem jamais chegará à “perfectus” perfeição, isto é, pronto por inteiro. Se a mente continuar condicionada ao apego, de tempo em tempo estará em confronto, pois penso que o homem inteligente cai de tempo em tempo em um buraco, buraco este no qual jamais o homem sábio cairia.
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Nada, contudo, se perde com menos desconforto do que aquilo de que, quando perdido, não se sente falta. Portanto, só se sente falta daquilo que se está condicionado a sentir. Quando, porém, não há apego, logo quando perdido não se sente falta. Existe um caminho longo a ser percorrido até se alcançar essa estrutura, pois em resumo e não em um fim último, a evolução da espiritualidade e da busca pelo conhecimento são infinitos e o treinamento para com o desapego do materialismo nos dá condições de viver uma vida leve e sem tempo para se perder com possibilidades de perda. Uma outra questão é a consciência desenvolvida no sentido de saber que tudo em nossas vidas é parte de um ciclo, onde tudo terá data de partida, seja por vontade nossa, por atitude nossa ou pelo simples fato do ciclo ter tido seu fim. Quando não há o que se perder, nada se perde dentro de nós, pois existe uma intacta paz, um silêncio, uma aceitação, enfim, neste nível de espiritualidade elencada ao conhecimento e ao desapego, a vida se torna um verdadeiro espetáculo aos nossos olhos, a vida se torna poética, romântica, experimental e, acima de tudo, livre de qualquer pertencimento vicioso.