No artigo anterior, falei sobre noções gerais das Artes Corporais Terapêuticas da MTC e que o conhecimento e aplicação de noções básicas dos fundamentos da MTC na prática dos exercícios garante um melhor efeito terapêutico dos mesmos.
Citei quais eram esses fundamentos da MTC e nesse artigo apresento a vocês, com um grande desejo que se tornem futuros praticantes, o primeiro deles:
Teoria de Yin/Yang
Trata-se de uma teoria básica da Medicina Tradicional Chinesa e deriva do conceito filosófico dialético dos antigos.
Yin/Yang são dois princípios (ou forças) fundamentais do universo que se opõem e se complementam um ao outro. Esse movimento incessante provoca todas as mutações no mundo (transformação do dia em noite e vice-versa, passagem das estações, ciclos da Lua, ciclos biológicos etc.).
Yin é o princípio feminino (não relacionado ao gênero sexual), passivo, denso, atrai para o centro, concentra (enche – a água sendo colocada num recipiente e que toma a forma desse), dá forma; o aspecto material das coisas.
Yang é o princípio masculino (também não relacionado ao gênero), ativo, leve, expande, afasta do centro, torna-se diáfano (a água evaporando do recipiente – esvazia – e que se expande e perde a forma); o aspecto funcional das coisas.
Como aplico isso na prática corporal?
Pense que para haver movimento o músculo tem que passar por dois momentos: contração e relaxamento.
Vamos praticar isso com um simples movimento. Em pé ou sentado, deixe o seu braço direito ao longo do corpo. Lentamente eleve sua mão até a altura do ombro. Fique nessa posição por 3 segundos. Retorne também lentamente à posição de início.
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Repita a sequência, mas agora “abrace” seu ombro direito com a mão esquerda.
Percebe que, conforme o braço sobe, o ombro fica mais volumoso e mais denso (usamos o termo cheio nas Artes Corporais Terapêuticas da MTC)? E que, quando ele desce, o ombro vai ficando menos volumoso e mais leve (usamos o termo vazio nas Artes Corporais Terapêuticas da MTC)?
A fase da contração, quando as fibras musculares deslizam e se aproximam umas das outras, ou seja, convergem para o centro, caracterizam a manifestação do Yin. Em consequência, o braço se move, se afasta do centro do corpo, o que é a manifestação do Yang.
Quando as fibras começam a relaxar, afastam-se do centro, no músculo ocorre a manifestação do Yang e, de forma oposta, o braço volta a sua posição original, próximo ao corpo.
As Artes Corporais Terapêuticas da MTC são um caminho para harmonizar o Yin e o Yang. Assim, o repouso e o movimento, a suavidade e a firmeza, a ação e não ação, e todos os demais opostos coexistem e se harmonizam, o nosso centro se estabiliza (no exemplo dado o centro é a articulação do ombro) e surge um eixo em torno do qual todas as coisas gravitam. Yin e Yang já não se desarmonizam, pelo contrário, se unem e se complementam.
Viram só quantas possibilidades de reflexão num único movimento?
No próximo artigo falarei sobre mais dois fundamentos, o Qi e Nei Jing.