Muitos religiosos que eu conheço se julgam próximos de Deus. Alguns, até, por viverem dentro da igreja, se acham melhores do que os outros. Outros, ainda, por conhecerem profundamente a Palavra de Deus, se acham salvos. Mas será mesmo que o crente está mais próximo de Deus do que aquele que não crê? É possível viver sem acreditar num ser superior? Qual é o melhor caminho para Deus?
Pensando sobre essas questões encontrei duas passagens bíblicas que confirmam o que eu já suspeitava: não basta ser crente para ser salvo e nem religioso para ser bom. Deus, na sua infinita misericórdia, é maior do que o nosso entendimento, do que a nossa lógica, o nosso raciocino. Fé, humildade, perdão, solidariedade e arrependimento são caminhos do bem, mas somente o amor é o verdadeiro caminho para se chegar ao coração de Deus.
É isso que lemos em Lucas (10:30-37): “Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E, de igual modo, também um levita, chegando àquele lugar e vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão. E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. E, partindo ao outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de mais gastares eu te pagarei, quando voltar. Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai e faze da mesma maneira”.
A nossa segunda passagem bíblica também é do Evangelho de São Lucas (23:39-43): “Um dos criminosos que ali estavam dependurados lançava-lhe insultos: “Você não é o Cristo? Salve-se a si mesmo e a nós!” Mas o outro criminoso o repreendeu, dizendo: “Você não teme a Deus, nem estando sob a mesma sentença? Nós estamos sendo punidos com justiça, porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem. Mas este homem não cometeu nenhum mal”. Então ele disse: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”. Jesus lhe respondeu: “Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso”.
Portanto, nenhuma forma de pensamento humano toca mais o coração de Deus do que o amor. Mas não é qualquer amor, é o amor pelo próximo, pelo necessitado… Assim, Deus é muito maior do que qualquer esquema mental, do que a nossa inteligência ou qualquer outra forma de doutrinamento, fórmula, oração. Por outro lado, lemos nessas duas passagens bíblicas, a do “Bom Samaritano” e a do “Bom Ladrão”, que o mais importante para Deus, e isso não importa se você é crente ou não, são nossas ações concretas em relação àquilo que amamos, que acreditamos.
Foi por isso que Dimas, o Bom Ladrão, reconheceu a sua culpa e pediu perdão de seus pecados para aí sim ser lembrado por Deus no paraíso, e por ter sido sincero foi atendido. Certamente esse ladrão, do qual fala o Evangelista, não tinha uma vida correta, não vivia na igreja em oração, mas foi a ele que Jesus disse: “Hoje você estará comigo no paraíso”. Fica claro, portanto, nessa passagem bíblica, que não basta “ser religioso” para ganhar a salvação. É preciso ter humildade, reconhecimento dos seus próprios erros e arrependimento sincero de todos os seus pecados.
Em segundo lugar, na passagem do Bom Samaritano, observamos que é preciso que o ser humano deixe de lado o seu egoísmo e vá ao encontro do outro, de quem mais precisa de nossa ajuda, os necessitados, os doentes, os pobres, os excluídos… É preciso, enfim, tomar consciência de que o caminho para Deus é o amor ao próximo, o respeito mútuo… Ninguém chega a Deus se não for por intermédio do amor, da acolhida, do auxílio, ao outro.
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Em suma, para fazer o bem o ser humano não precisa ser religioso, basta ter amor no coração. Assim como para se salvar, ganhar a vida eterna, não precisa ser crente, basta se arrepender dos seus pecados, evitar ser preconceituoso, ser solidário, acolhedor, honesto e justo. Deus ama sobretudo os justos.
Enfim, para ser salvo é preciso ter amor no coração. É isso que Deus pede de todos nós. Deus é amor, e somente o amor pode nos livrar da condenação eterna. Foi isso que Deus veio fazer na terra: amar. Deus amou tanto o ser humano que deu a sua vida por nós. Imitemos, pois, os ensinamentos do Mestre Jesus Cristo: amemo-nos uns aos outros assim como Ele nos amou!