Até que ponto o amor é saudável?
Muito ouvimos falar sobre vício em drogas, vício em açúcar, em internet e em tantas outras coisas. Mas e vício em amor? Até que ponto o amor é saudável para ser considerado positivo em nossas vidas? Em que momento ele se transforma em algo destrutivo e invasivo?
O amor é um sentimento que existe para nos completar. Seja um sentimento de mãe, de pai, de irmão, de amigo ou de namorado, o amor deve ser bom. Quando estamos infelizes e não conseguimos nos libertar em uma relação, seja ela qual for, o amor se torna tóxico.
Quem nunca teve uma amiga que reclamava que o namorado a fazia sofrer demais ou que tentava fazê-la ser uma pessoa totalmente diferente do que ela realmente era? Quem nunca ouviu alguém falar que fez determinada coisa apenas porque o namorado queria?
Afinal, por que viver um amor que não te faz bem?
O vício no amor é perigoso. O vício em um amor específico é mais perigoso ainda. Ser viciado em amor é apoiar-se na ideia de que tudo vai mudar, de que tudo será melhor no futuro e, por isso, vale a pena aguentar um período ruim. É apoiar-se na esperança de ser feliz amanhã, já que isso não acontece hoje.
Ser viciado em amor pode significar que você aceita qualquer tipo de situação apenas para continuar vivendo esse sentimento e esse determinado relacionamento. Você aceita ser humilhado, denegrido, maltratado. Você aceita viver triste, com medo e angustiado, para dizer o mínimo.
Isso não é amor. Aliás, está bem longe de ser!
O amor é pacífico, leve, feliz, radiante, terno, amigo, intuitivo, humano. O amor é algo que nos faz bem sempre. Mesmo nos momentos ruins, sabemos que vale a pena vivê-lo porque a maioria dos momentos são bons.
O amor deve ajudar, não atrapalhar. O amor precisa engrandecer, não diminuir. O amor deve fazer feliz, não desenvolver medo e receio. O amor traz paz, não terror.
Muitas vezes, esse sentimento nos faz confundir a obsessão do outro com amor intenso. Assim, o ciúme do parceiro se torna sinônimo de carinho. Os erros do outro? Nós relevamos e deixamos passar, porque, afinal de contas, não acontecerá de novo…
Será?
Acredite: em um tipo de relacionamento assim, em que você tenta ser o melhor que puder e o outro não se preocupa em te fazer feliz (se preocupa apenas em suprir as necessidades do próprio ego, da insegurança pessoal e do ciúme), nada dará certo.
Você pode passar meses (até anos) tentando fazer essa relação dar certo, mas continuará sofrendo e se desgastando ao longo de todo esse percurso. Por que insistir tanto em algo tão destrutivo?
Relacionamentos abusivos não se caracterizam apenas por agressões físicas, por exemplo. Um relacionamento é abusivo, também, quando você se doa e não recebe nada em troca; quando você se desgasta; quando as suas forças físicas, psicológicas, emocionais e mentais são sugadas a troco de nada.
E por que nos mantemos em algo assim? Pelo vício, pela dependência. Não se agarre à esperança de que tudo irá mudar, porque não vai. O amor deve ser leve desde o início. Você não precisa mudar quem é, não precisa mudar a sua vida. Quem te ama deve amar também o seu jeito de ser.
Quando se trata desse sentimento, não se pode bobear, porque ele atinge nossos pontos mais profundos e nos faz pensar e agir de forma que, às vezes, não nos reconhecemos. E se as mudanças não acontecem para melhor, vale a pena reconsiderar.
Também existem os casos em que as pessoas continuam em relacionamentos porque acreditam na ideia de que vão ajudar o parceiro a mudar, a melhorar, a deixar para trás essas atitudes ruins e a ser uma pessoa melhor. “Acho que nasci para ser o anjo da guarda dele. Acho que já nasci ligada a ele, porque nossa ligação é tão forte que não consigo me distanciar…”. Quem nunca ouviu alguém dizer coisas assim?!
Não, você não veio a este mundo só para cuidar de outra pessoa, principalmente quando ela só lhe faz mal. Temos missões na Terra? Sim, temos. Mas a principal é cuidar do próprio bem-estar. Você não é um anjo. Você é um ser humano. Você não deve se esquecer de você por causa de outro alguém. Nunca. Ouviu? Nunca!
Engraçado… O amor pode se tornar um vício? Pode. Então por que não nos viciamos no amor-próprio? Isso não significa ser egoísta, significa apenas se colocar em primeiro lugar frente a situações como as descritas neste texto.
Nada que causa vício pode nos fazer bem. Devemos dosar tudo, até mesmo o amor (que tal dividir esse sentimento em partes: deixe uma parte para o amor dos pais, outra para os amigos, uma para o namorado e a maior parte, a mais importante, fica com o amor-próprio).
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Devemos sempre refletir e pensar: está me fazendo bem? Por que estou mudando tanto? Por que aceito isso? Vale a pena? Sou feliz? O quanto isso é realmente importante para mim?
Não se esqueça de que ninguém irá colocá-la(o) em primeiro lugar na vida, a não ser você mesma(o).
Escrito por Giovanna Frugis da equipe Eu Sem Fronteiras.