Que recursos um bebê de 18 meses tem para compreender a dor e o sofrimento?
Ainda sem buscar o entendimento através de uma resposta técnica, o que nota-se é que o bebê sente dor, a dor física e orgânica provocada pela fome e que sugere ao bebê a falta de cuidado ou de amor. Ao mesmo tempo em que o desconforto orgânico da fome tem-se a dor psíquica, que significa o sofrimento, e com o sofrimento o reforço da possibilidade da morte.
A dor física provocada pela fome e o sofrimento psíquico provocado pela sensação de ausência de cuidados e amor, gera o medo da morte, do aniquilamento iminente desse indivíduo, ainda que o bebê seja inocente. O medo. O medo de não vingar, de ficar pelo caminho, o direito à vida que lhe é negado, a rejeição, o impedimento, a interdição inquestionável. Não bastasse a dor física da fome e o medo iminente da morte, que tomam todos poros sensoriais do bebê, percebe-se no mesmo ambiente do bebê: os 5 irmãos.
Esses, observam com o mesmo medo, o bebê chorando no berço. Ele percebe além dos irmãos, o pai fora do seu estado de consciência, situação produzida pelo uso de álcool e, por fim, percebe a mãe, muito triste e chorosa com a realidade da família, recém despejada e sem energia para buscar recursos materiais. A sensação de desamparo do bebê, física e psíquica, gerada a partir da falta de provisão básica de alimentação, funde-se agora à situação familiar e o bebê, notando o estado de sofrimento externo, julga como sua a responsabilidade por tanta dor e sofrimento produzido a todos da sua família.
Temos o que caracteriza o chamado Trauma de Berço. Mesmo assim, muitas famílias rompem com o sofrimento, as circunstâncias mudam, a energia é retomada e vence o amor e o trabalho. A família prospera e as crianças crescem. Mas as marcas do momento psíquico de sofrimento ficam registrado no inconsciente. De qualquer forma, tudo parece superado e permanecem apenas algumas lembranças dos adultos que são eternizadas em histórias de superação a serem contadas às crianças. Superação de um tempo de sofrimento que é compensado por felizes memórias dos dias atuais e tudo parece resolvido.
Porém, aquele conteúdo que gerou sofrimento no passado, ainda permanece ativo inconscientemente e influencia toda a vida atual do indivíduo adulto, podendo gerar consequências conflitiva nas suas escolhas, decisões, comportamentos e relacionamentos. Essas memórias emocionais do passado estão intactas no inconsciente, provocam o surgimento de várias defesas que se manifestam sutilmente no seu comportamento, em vários núcleos da sua vida, fazendo-o perder equilíbrio e com o tempo a saúde, devido ao uso de grande energia para manter aquele conteúdo emocional conflitivo fora do campo consciente.
Nota-se um comportamento centralizador, indivíduos “workaholic”, alta exigência de si e dos outros em níveis inalcançáveis, altos níveis de estresse, geração de outros aspectos e conflitos na vida de relações, como o aumento de expectativas e respectiva frustração, mágoas, culpas (RAMEN = Registro Automático de Memória Emocional Negativa), que podem trazer consequências e sofrimento para si e/ou para os outros.
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Trazendo agora a compreensão de uma abordagem técnica, muitos autores atribuem à manifestação do Transtorno de Pânico ou Síndrome do Pânico em indivíduos com essa predisposição, o conjunto somatório: RAMEN, sexualidade desajustada e o Trauma de Berço. A análise e compreensão da situação passada vivida em sofrimento, o amor e o perdão, aceitação da nova realidade e adoção de uma nova forma de pensar e agir, mais conscientes, podem levá-lo ao autoconhecimento e à descoberta da sua verdade. Nesse contexto, um importante mestre ensinou: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.