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O caminho da promessa

Imagem de uma linda mulher usando um chapéu de palha, mochila amarela nas costas, embarcando em um trem com destino à Paris, em uma viagem de férias e busca pelo seu eu e redenção.
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Escrito por Caroline Fonda

Maria embarca em um trem em Paris, carregando dúvidas, arrependimentos e um bilhete que promete um reencontro. Distante de sua fé, ela relembra escolhas difíceis enquanto encontra conforto inesperado em um estranho que parece responder a seus dilemas. A viagem torna-se mais do que física: é um caminho de redenção e retorno espiritual.

Paris, 1997. O céu estava nublado, refletindo o humor de Maria enquanto ela subia no trem da estação Gare de Lyon. Não era apenas uma viagem; era um divisor de águas. Ela carregava consigo uma pequena mala e uma Bíblia desgastada, que sempre a acompanhava. Procurou seu assento com passos hesitantes, e ao se acomodar perto da janela, permitiu-se um breve suspiro. A cidade parecia tão agitada, mas para ela, o tempo parecia ter parado.

Colocou um sanduíche embrulhado em papel alumínio sobre a mesinha à sua frente e abriu a Bíblia em uma página marcada com uma pétala seca. Seus olhos pousaram em uma passagem de Salmos, mas as palavras pareciam distantes, como se fossem dirigidas a outra pessoa. Do lado de fora, o apito do trem anunciou a partida, e com o movimento dos vagões, Maria sentiu as lágrimas virem, silenciosas e teimosas.

Enquanto o trem ganhava velocidade, Maria revivia os últimos meses. Ela havia tomado decisões que a afastaram de sua fé e de tudo o que acreditava ser verdadeiro. O bilhete em seu bolso, escrito por alguém que há muito tempo ela não via, era, ao mesmo tempo, uma promessa de redenção e uma lembrança do peso de suas escolhas. “Se eu pudesse parar este trem… se pudesse voltar no tempo”, pensava. Mas não havia volta. Ou havia?

O vagão estava quase vazio. Um homem com um casaco de lã e olhar penetrante estava sentado do outro lado do corredor. Ele parecia estar lendo um livro, mas sua postura indicava que estava mais atento à Maria do que às páginas. Ela tentou ignorá-lo, mas havia algo estranho em sua presença — algo que era, ao mesmo tempo, inquietante e reconfortante.

No fundo do vagão, uma adolescente com fones de ouvido desenhava em um caderno. Cada um parecia perdido em seu próprio mundo, mas para Maria, o silêncio era ensurdecedor. Ela abriu o bilhete mais uma vez: “Já está a caminho? Não vejo a hora de te ver novamente. Lembre-se do que prometemos.” As palavras ecoaram em sua mente. Que promessa era essa? Uma dúvida a corroía: seria um reencontro ou um teste de fé?

Imagem de um pequeno vilarejo na França, rodeado por muito verde.
HaraldBiebel / Getty Images / Canva

Uma lembrança invadiu sua mente. Três anos atrás, em um pequeno vilarejo nos arredores de Lyon, ela havia feito um juramento: seguir a Deus e confiar em Seus caminhos, mesmo quando tudo parecesse incerto. Mas a vida aconteceu, e Maria se desviou. Agora, aquele bilhete, aquela viagem, pareciam ser um convite para voltar — não apenas para uma pessoa, mas para algo maior.

“Por que agora?”, ela murmurou para si mesma. O homem do casaco pareceu ouvir. Ele olhou diretamente para ela e, com uma voz firme, mas gentil, disse:

— Às vezes, o caminho mais difícil é o que leva à verdadeira paz.

Maria congelou. Ela não o conhecia, mas suas palavras soavam como uma resposta direta às perguntas que ela sequer ousava fazer em voz alta. Sentiu um arrepio percorrer seu corpo. O homem voltou ao seu livro, como se nada tivesse acontecido.

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Do lado de fora, o trem atravessava campos abertos e a paisagem parecia mudar com rapidez. Maria fechou os olhos por um instante e orou pela primeira vez em muito tempo: “Deus, se for para eu continuar, me mostre um sinal. Estou perdida.”

Quando abriu os olhos, notou algo diferente. Uma pequena cruz dourada pendurada no pescoço do homem do casaco brilhou brevemente com a luz do sol. Era simples, mas parecia carregar um significado profundo. Maria respirou fundo, sentindo um estranho conforto. Talvez aquela viagem fosse mais do que apenas uma ida a Paris. Talvez fosse um retorno.

Em breve, mais…

Sobre o autor

Caroline Fonda

Carol escreve desde que se entende por gente. Com um caderninho e lápis sempre à mão, traduz o que sente, pensa e vive em palavras, entrelaçando vulnerabilidade, criatividade e senso de humor. Apaixonada por explorar a etimologia e o significado profundo das palavras, suas histórias conectam leitores às suas próprias emoções, inspirando reflexões e despertando a coragem para serem autênticos.

A fé transformou sua escrita em uma missão: plantar sementes de cura e esperança, regando-as com honestidade e sensibilidade para que floresçam corações tocados por Cristo. Escritora e redatora, cursando pós-graduação em Storytelling e Escrita Criativa pela FAAP, Carol acredita que cada texto pode ser uma ponte entre o que somos e o que queremos ser, deixando marcas duradouras e inspirando vidas.