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O complexo de vítima

Mulher apoia o rosto nas próprias mãos. Ela está cabisbaixa e inclinada para baixo.
fizkes / 123RF

Você já deve ter se deparado com indivíduos que se consideram vítimas perante toda e qualquer situação. Pessoas para quem a vida não dá certo. Se alguém foi traído, ela foi muito mais. Se o país está em crise, para ela a situação está muito mais difícil do que para o resto dos brasileiros. Se o amigo tem problemas familiares, com certeza, a família dela é a pior de que já se teve notícia.

Se existem problemas no trabalho, a culpa é do chefe ou de um colega que quer “se aparecer” dando ideias e criando novos projetos. Se o casamento não vai bem, certamente, é por causa da mulher que não o ajuda em nada. Se o relacionamento com os filhos não é saudável, é devido à incapacidade deles valorizarem todo o esforço que ela faz.

Na Psicologia, chamamos este fenômeno de VITIMISMO. Pessoas que vivenciam esta situação, geralmente, são dependentes emocionalmente, sentem-se incapazes de gerenciar a própria vida e não se responsabilizam pelos seus problemas. Invariavelmente, culpam o mundo pelas próprias dificuldades e descarregam sobre as pessoas mais próximas toda a responsabilidade pelo seu sofrimento.

É importante entender que o papel de vítima traz benefícios secundários. Isso quer dizer que, quando a pessoa se retira do protagonismo da sua vida, e culpabiliza os que estão a sua volta por suas dores, ela não precisa assumir a responsabilidade sobre suas dificuldades. Dessa forma, ela deixa de encarar suas fragilidades, evitando a dor que, naturalmente, faz parte deste processo. Além disso, pessoas assim sempre encontram aquelas que se desdobram para retirá-las desse sofrimento, acabam por tentar suprir tudo o que a vítima diz que precisa, mas sem sucesso.

Mulher sentada à janela enxuga as lágrimas com um lenço de papel. Seu semblante é triste.
Liza Summer / Pexels

São pessoas que se abastecem da compaixão dos outros. Portanto, mesmo que encontremos soluções práticas para ajudá-las, estas pessoas nunca estarão satisfeitas. Tornando-se satisfeitas, os benefícios secundários desaparecerão, justamente o que a vítima não deseja.

Mas, apesar dos ganhos que a vítima pode receber por se posicionar dessa forma, o sofrimento de estar nesse papel é imenso. Ela fica completamente vulnerável aos movimentos externos, pois depende inteiramente do que acontece ao seu redor. Sua energia é mínima; sente-se enfraquecida. O sentimento de tristeza e frustração é constante.

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É importante dizer que as pessoas que vivem o vitimismo, geralmente, não têm consciência de que se comportam dessa maneira. 

Elas acreditam, convictamente, que suas queixas e reclamações são legítimas e dignas da piedade alheia.

O processo de conscientização pode ser lento e doloroso. Mas é possível. Quando identificamos o vitimismo no outro, é importante não o alimentarmos com nossa compaixão e pena. Quando percebemos isso em nós, é necessário questionar os próprios sofrimentos e verificar o quanto dessa dor é justificado. Além disso, é essencial se perguntar: “Quanto dessa dor é responsabilidade minha?”. Em alguns casos, é necessário acompanhamento psicológico.

Enquanto a vítima continuar culpabilizando o mundo pelas suas dores, dificilmente conseguirá resolver seus problemas. Viverá aprisionada e infeliz. 

Sobre o autor

Ana Paula Amaral Fernandes

Psicóloga Clínica | Orientadora Profissional/Vocacional

Criança, Adolescente, Adulto e Casal
Palestras e Treinamentos

Apaixonada pela alma humana, estuda temas como autoconhecimento, relacionamentos e saúde emocional. Tem se dedicado ao atendimento psicológico em clínica particular, além realizar trabalhos na área educacional, palestras e treinamentos.

É formada em Psicologia e utiliza como base teórica a Abordagem Centrada na Pessoa. A visão integral e humanista da Abordagem contribui para um trabalho que vê a pessoa como um ser potente e em busca de realização.

Fez Especialização em Neuropsicologia e hoje é mestranda no Programa de Pós-graduação em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano.

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