A frase “O comportamento humano é baseado em duas coisas: fugir da DOR e buscar o PRAZER” do filme “Império da Dor” ressoa profundamente na psicologia e na filosofia, refletindo um entendimento básico do que motiva nossas ações e decisões – o que chamamos em psicanálise de desejo. Essa dualidade entre dor e prazer pode ser vista como uma força motriz fundamental que molda o comportamento humano de diversas maneiras.
Sigmund Freud, o pai da psicanálise, formulou a teoria do princípio do prazer, que sugere que as pessoas buscam maximizar o prazer e minimizar a dor – mesmo porque somos seres fóbicos. Esse princípio pode ser observado em diversas situações cotidianas, desde a escolha de alimentos saborosos até a busca por relações afetivas e experiências satisfatórias.
Vale ressaltar que, nem sempre essa busca por prazer significa algo verdadeiramente positivo e bom para o sujeito. Tendo em vista que, a busca pelo prazer advém da busca por suprir os vazios existenciais – aquilo que se julga ter sido negligenciado na infância e adolescência.
Na teoria psicanalítica, Freud dividiu a psique humana em três componentes: o id, o ego e o superego. O id, o qual é a parte mais primitiva e instintiva da mente, opera inteiramente com base no princípio do prazer. Ele busca gratificação imediata de todas as necessidades, desejos e impulsos. O id não considera as consequências ou a realidade externa; sua única preocupação é evitar a dor e buscar prazer.
O ego, por outro lado, atua como o mediador entre o id e a realidade externa. Ele opera com base no princípio da realidade, buscando formas realistas e socialmente aceitáveis de satisfazer os desejos do id. O ego reconhece que a busca desenfreada por prazer pode resultar em dor e, portanto, tenta equilibrar os impulsos do id com as demandas do mundo real.
O superego, a parte moral da psique, internaliza os valores e normas da sociedade e dos pais. Ele impõe limites ao id e ao ego, muitas vezes causando sentimentos de culpa ou vergonha quando desejos impulsivos são contrariados. O superego pode, portanto, contribuir para a dor emocional, especialmente quando há um conflito entre os impulsos do id e as normas internalizadas.
Para lidar com a dor emocional e o conflito entre os componentes da psique, o ego emprega mecanismos de defesa, que são estratégias inconscientes usadas para proteger a mente de ansiedades e conflitos internos.
O processo terapêutico psicanalítico frequentemente envolve trazer à consciência memórias reprimidas e conflitos internos, permitindo que o indivíduo enfrente e trabalhe através dessas dores. Essa confrontação com a dor pode levar a uma maior autocompreensão e a um desenvolvimento pessoal mais profundo.
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Reconhecer a dinâmica entre o id, ego e superego, e como eles interagem para evitar a dor e buscar prazer, pode ajudar a desenvolver uma compreensão mais rica e equilibrada de si. Essa compreensão é essencial para viver uma vida mais consciente, onde se pode navegar de forma mais eficaz entre os impulsos do id e as demandas da realidade e do superego, promovendo um maior qualidade de vida e realização pessoal.